quinta-feira, outubro 29, 2020

Thomas Ender, um pintor austríaco em Itaguaí e seus arredores



 1. Thomas Ender, retrato feito pelo pintor austríaco Johann Darnhauser, em 1834;

Em princípios do século XIX, Itaguaí fazia parte do Caminho entre o Rio de Janeiro e São Paulo, segundo reconstituição esboçada pelo historiador e cartógrafo Eduardo Canabrava Barreiros, para demonstrar o percurso feito pelo então Príncipe Regente Dom Pedro, antes e depois da proclamação da Independência do Brasil.

Naquela época os viajantes que saiam do Rio de Janeiro, passavam pela Fazenda Real de Santa Cruz, seguindo para Itaguaí, São João Marcos, Rio Claro, Bananal, Areias, Itagaçaba, Cachoeira, Lorena, Guaratingueta, Aparecida, Pindamonhagaba, Taubaté, São José dos Campos, Jacareí, Escada, Mogi das Cruzes, São Miguel, Penha, até alcançar São Paulo, de onde havia uma vertente por terra que fazia ligação com a cidade de Santos.

2. Cientistas da missão austríaca e a tropa atravessando a floresta da serra do Mar, aquarela de autoria de Thomas Ender, provavelmente feita logo após a passagem por Itaguaí, em dezembro de 1817;

Foi exatamente o percurso feito pelo pintor austríaco Thomas Ender, em dezembro de 1817.


3. Detalhe da aquarela descrita acima;


4. Detalhe do rancho de Itaguaí, onde os cientistas ficaram hospedados, mostrando uma canastra, poncho e chapéu de paulista;

Assim, pouco mais de seis meses antes de Itaguaí ter sido elevada à categoria de Vila, pelo recém aclamado Rei Dom João VI, a cidade recebia como hóspedes alguns dos integrantes da missão científica austríaca que acompanhava a princesa Leopoldina em sua viagem ao Brasil.


5. Bom Retiro, próximo a S. João Marcos;

Da comitiva, por interferência do rei da Baviera Maximiliano José I, também fizeram parte dois naturalistas bávaros’, Carl Friedrich Phillip Martius e Johann Baptist Spix, ambos médicos por formação, mas que tinham abraçado a história natural, com especialidade nos campos da zoologia e da botânica, respectivamente.

6. Fazenda de Hilário Nogueira, que era uma das maiores da Província (Estado do Rio) posteriormente foi submersa pela represa de Lajes;

Dá para imaginar o fascínio que a região de Itaguaí, São João Marcos, Rio Claro e arredores, com toda a sua biodiversidade, de fauna e flora, serras altaneiras, rios e riachos então límpidos e caudalosos, cascatas, cachoeiras e demais quedas d’água em sua mais esplendorosa magnificência, não deve ter causado aos viajantes europeus. Não apenas eles, também aqueles que passaram por Itaguaí antes e depois, como o francês Auguste de Saint’Hilaire, a inglesa Maria Graham, o belga Benjamin Mary e tantos outros.

7. Passagem do rio Piraí, em região próxima à chegada à Nossa Senhora da Piedade do Rio Claro;

Tudo isso, e mais a diversidade étnica, os costumes dos povos encontrados, as habitações bastante diferentes das residências europeias, a indumentária, os utensílios e equipamentos, a alimentação dos tropeiros e tudo mais que aguçava a curiosidade dos artistas e cientistas, que chegavam sofregamente ansiosos para coletar, registrar em suas pinturas e fazer anotações que seriam enviadas para os museus, universidades e academias do chamado Velho Mundo.

8. O rio Piraí com a ponte interrompida por uma enchente obrigando os naturalistas e cargas a passarem por vau;

Felizmente muito desse acervo foi preservado, e hoje podemos conhecer um pouco mais sobre Itaguaí do século XIX, graças ao legado deixado por tais viajantes.

Thomas Ender tinha apenas 25 anos quando conheceu Itaguaí, mas já era muito respeitado como pintor, aquarelista, desenhista e gravador, tanto que, já em 1824 é nomeado membro da Academia de Belas Artes de Viena.

9. Itaguaí vista do grande engenho de açúcar a 20 milhas do Rio, alcançado no dia 12 de dezembro de 1817. “Taguaí uma grande fábrica de açúcar, cujos arredores ostentam grande variedade de vegetação. Uma pequena igreja na colina domina o vale”, assim descreveram Spix e Martius (v. 1. P.117);

Em Itaguaí, o que chama preliminarmente a atenção do pintor austríaco é o grande engenho de açúcar, tanto que vai produzir um desenho com lápis aquarelado, destacando também na parte superior do desenho, a igreja de São Francisco Xavier de Itaguaí, construída no século XVIII sob orientação dos padres jesuítas.

10. Aquarela com panorama feito próximo a Itaguaí a 15 milhas do Rio de Janeiro, olhando para o oeste;

Cinco anos depois da passagem de Thomas Ender por Itaguaí, em agosto de 1823, também a professora e pintora inglesa Maria Graham, vai fazer um desenho do Engenho do Facão, ou Engenho de Nossa Senhora da Conceição, que era o nome oficial do mesmo, segundo escreveu o historiador Benedito Freitas.

Panoramas e paisagens, fazem parte da temática desenvolvida por Thomas Ender, fazendo justiça à sua formação pela Academia de Belas Artes de Viena, onde recebeu vários prêmios, inclusive o Grande Prêmio de Pintura, no ano em que viajou para o Brasil, 1817, na categoria paisagem, cujo quadro premiado foi adquirido pelo príncipe Metternich.

11. Mapa com o esboço do itinerário percorrido por Thomas Ender, do Rio de Janeiro a São Paulo, passando obrigatoriamente por Itaguaí;

Também em Itaguaí e seus arredores, Thomas Ender vai pintar algumas paisagens, conforme consta do livro “O Brasil de Thomas Ender 1817”, organizado por Gilberto Ferraz, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Um dos trabalhos mais elogiados do pintor austríaco recebeu o título em alemão de “Die Österreichischen Kammer Hern auf der Reise nach St. Paul”. Uma aquarela medindo 401 X 525 cm, que foi traduzido como “Estupendo instantâneo dos cientistas da missão austríaca e a tropa atravessando a floresta da serra do Mar, a caminho de São Paulo.”

Certamente, o registro mostra alguns dos personagens que passaram por Itaguaí, como os citados cientistas bávaros Spix e Martius, além do próprio Thomas Ender.

12. Detalhe do mapa mostrando o trecho entre o Rio de Janeiro e Areias, com passagem pela então Vila de São Francisco Xavier de Itaguaí;

Antes de chegar em São João Marcos, Thomas Ender fez um desenho em lápis aquarelado mostrando em detalhe um rancho localizado em Itaguaí, destacando uma canastra, poncho e chapéu de paulista.

Aliás, como anotei no início do texto, a indumentária diferente de tudo o que o europeu conhecia, servia como modelo para a produção de diversas aquarelas e desenhos, provavelmente para demonstrar na academia, as características dos costumes dos brasileiros.

Em São João Marcos, Piraí e Bananal, o pintor austríaco vai persistir na mesma temática, produzindo uma série de aquarelas e desenhos com vistas panorâmicas, detalhes de ranchos e de aldeias e paisagens, de um modo geral.

13. Spix e Martius acompanhado de um tropeiro, no caminho em direção à Itaguaí.

Thomas Ender prossegue na sua viagem em companhia de Spix e Martius até São Paulo, convindo lembrar que mesmo não tendo, como o pintor francês Jean-Baptiste Debret, organizado nenhum álbum ou publicado qualquer livro, o austríaco deixou bem mais do que 700 desenhos e aquarelas, em sua permanência de apenas dez meses no Brasil, tendo passado também pela Fazenda da Mandioca e Serra da Estrela e, é claro, a Cidade do Rio de Janeiro, onde dá destaque à sociedade escravista da época, retratando também as igrejas, edifícios públicos e seus arrabaldes.

Ender morreu com 82 anos, em 1875, sendo sepultado em Viena, na Áustria, onde nascera e, para quem observa com detalhe as suas paisagens de Itaguaí e arredores, pode notar a cuidadosa preocupação dele com as perspectivas e planos e observação cuidadosa da vegetação, conforme consta da biografia e análise publicadas na Enciclopédia Cultural Itaú.

Por Sinvaldo do Nascimento Souza, professor

Imagens anexas (todas reproduzidas do livro “O Brasil de Thomas Ender 1817”, organizado pelo historiador e iconógrafo Gilberto Ferres, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, edição de 1976, da Fundação João Moreira Salles):

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

segunda-feira, outubro 26, 2020

Tabaco e Ouro Contrabandeado de Minas: Holandeses e Ingleses no Tráfico de Escravos no Brasil do Século XVIII

 

Comércio de tabaco entre Holandeses e portuguêses na costa da África. Pintura Holandesa de 1678.

O envolvimento da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais no Brasil não acabou após o fim do Brasil Holandês em 1654.

Atraídos com a descoberta do Ouro das Minas Gerais na década de 1690, navios holandeses e ingleses chegavam com frequência nos portos da Bahia em segredo para vender escravos africanos em troca de ouro contrabandeado, ignorando as leis da coroa portuguesa contra tal comércio. Em 1717, o Vice Rei do Brasil, Marquês de Angeja enviou carta ao Rei de Portugal o alertando que 4 navios holandeses foram apreendidos no porto de Salvador tentando vender escravos africanos em troca do ouro brasileiro.

Um escravo do Forte Elmina com um amuleto de ouro da Companhia das Índias Ocidentais. Ouro era uma das principais moedas do comércio de escravos na costa Ocidental da África. Pintura de Daniel Vertangen, 1660.

Em 1712 os diretores da Nova Companhia das Índias Ocidentais concordaram sobre a importância de manter o comércio de escravos no território brasileiro em segredo, proibindo qualquer tipo de publicidade ou discussão do assunto na imprensa para não provocar qualquer desconfiança da coroa portuguesa.

Um comerciante da Companhia das Índias Ocidentais em 1760.

Boa parte do comércio entre portugueses e outros europeus na costa africana envolvia a venda de tabaco e ouro do Brasil. Somente em 1719, os holandeses do Forte de Elmina na atual Gana, venderam 1600 escravos para os portugueses em troca de ouro contrabandeado e tabaco. De acordo com Henk den Heijer, metade do ouro comercializado pela Companhia das Índias Ocidentais no Século XVIII tinha origem brasileira.

Mapa Holandês da Costa Brasileira e Africana de 1695.

Assim como os holandeses, os ingleses tinham contato com comerciantes da Bahia que permitiam a entrada de seus navios para vender escravos. Em 1706 Oliver Bradley, um mercador da Royal African Company, fez um acordo secreto com comerciantes baianos que garantiram a segurança se seus navios. Dois anos depois porém, Bradley foi preso pelas autoridades locais e mandado de volta para Inglaterra.

Cidade de Salvador, Bahia. Principal centro de comércio de contrabando de Ouro no Século XVIII.

A Cidade de Salvador era o principal ponto do comércio ilegal de ouro no Brasil. Em 1703 o Governador Geral Rodrigo da Costa admitiu a dificuldade em combater esse contrabando que era fomentado por vários fatores, como a corrupção e incompetência das autoridades locais, a coordenação descentralizada das Minas de Ouro e a dificuldade em manter um controle fiscal eficiente em um território tão grande.


O Forte Elmina sob o domínio Holandês em 1649.


Comércio de Tabaco no Brasil e de Escravos na África. Pintura do Século XVIII.

Em 1745 o viajante inglês William Smith Suveyor observou que a maioria do ouro comercializado em Uidá no Benim era proveniente do Brasil, e que o Rei Agajá do Daomé favorecia o comércio com os portugueses, pois gostava de colecionar placas de ouro e prata do Brasil. 

Fonte: The Legacy of Dutch Brazil. Editado por Michiel van Groesen.

Originalmente postado em A Terra de Santa Cruz

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

sexta-feira, outubro 23, 2020

Mulheres que fizeram e fazem diferença na História de Santa Cruz


Isabel do Brasil

O bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, tem inúmeras ruas que prestam homenagens às mulheres famosas. Há também várias escolas com a designação que nos remetem à história do Brasil, do Rio de Janeiro e também ao nosso bairro.

Há, por exemplo, uma Escola Municipal Princesa Isabel e uma Avenida Isabel, obviamente celebrando a memória da Princesa, filha de Pedro Segundo com dona Tereza Cristina, que, como Regente, assinou a Lei Áurea.

Outros nomes e designações, nem sempre são reconhecidos de imediato, sendo preciso fazer algum tipo de pesquisa para ficarmos sabem de quem se trata.

É o caso de Haydea Vianna Fiúza de Castro, que designa uma escola localizada na entrada da Favela do Aço, entre os bairros de Paciência e de Santa Cruz.

Quando nos referimos às designações de escolas, quase sempre são nomes de professoras, sendo que quase todas deram aula em Santa Cruz ou nos bairros vizinhos.

Adalgiza Nery

Meralina de Castro, Sílvia de Araújo Toledo, Clara Lúcia de Souza, Dione Freitas Felisberto de Carvalho, Maria Santiago, Leila Mehl Menezes de Matos, Lourdes de Lima Rocha, Flávia dos Santos Soares, Zulmira Telles da Costa, Adalgiza Nery, Sonia Mota Molisani, Zélia Carolina da Silva Pinho, Maria de Jesus Oliveira, Eulália Rodrigues de Oliveira Vieira, Emilinha Borba, Vera Lúcia Chaves da Costa, Marlene da Silva Cardoso, Tia Dolores, Daniela Perez, Djanira Maria Ramos, Marcolina, Leuza Marins Novaes, Irinéa dos Santos Paiva, Míriam Pires, Meriluce de Oliveira Müller, Larissa dos Santos Atanazio, Maria Luiza Jobim de Queiroz, Carmen Fraga de Araújo. Rosele Nicolau Jorge Coutinho, Raquel Kelly Lanera, Elisabeth Papera, Rosa Maria Alves de Oliveira, Renée Biscaia Raposo, Inaiá Wanderley Carmo, Solange Inácia de Sá de Lacerda, Kátia Miranda Santos, Maria Rosangela Oliveira “Tia Negrinha”, Lilia Chaves da Costa, Thamiris de Andrade da Silva Santos, Maria Mesquita de Siqueira, Narcisa Amália, Leocádia Torres, Bertha Lutz, Ana Neri, Deborah Mendes de Moraes, Emma D’Ávila de Camillis, Maria Helena Sampaio Marques, Elisa Joaquina Daltro Peixoto, Myrthes Wenzel, Tatiana Chagas Memória, Josepha Ferreira da Costa, Samira Pires Ribeiro e Luiza Maria Moreira do Nascimento, foram os nomes que localizei na cartela com a lista de todas as escolas da 10ª Coordenadoria Regional de Educação que abrange os bairros de Santa Cruz, Paciência, Sepetiba, Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba, Ilha de Guaratiba, Jesuítas, Areia Branca, etc.

Bertha Lutz

Das mais de cinquenta escolas acima listadas, é possível ver que nem todas foram professoras e também que nem todos os nomes indicam personalidades que tiveram algum tipo de relação específica com a nossa região. É o caso, por exemplo, da Emilinha Borba, cantora famosa; Ana Neri, enfermeira voluntária e heroína na Guerra do Paraguai e Bertha Lutz, bióloga, política e ativista feminina.

O mesmo ocorre com os nomes de ruas e outros logradouros públicos. Há designações bastante evidentes, como a citada Avenida Isabel, ruas Tereza Cristina e Dona Januária, nomes que prestam homenagem às personagens da nossa realeza, e outros quase desconhecidos, como as ruas Auristela, Fernanda e Avenida Carmen, atual Avenida Engenheiro Gastão Rangel.

Mas há também nomes com forte relação histórica que, infelizmente, não são conhecidos devidamente, faltando maior disseminação e visibilidade. Citamos, por exemplo, as ruas Marquesa Ferreira e Professora Amélia Pinto das Chagas.

Dona Marquesa Ferreira foi casada com o primeiro ouvidor-mor do Rio de Janeiro, Cristóvão Monteiro, português que requereu à doação das terras de Santa Cruz, alegando ter participado e ajudado Estácio de Sá na expulsão dos franceses da cidade. Marquesa aqui é nome próprio e não título de nobreza, sendo ela, já viúva, quem de fato fez a doação das terras para os padres da Companhia de Jesus, os Jesuítas.

Quanto à professora Amélia Pinto das Chagas, além de se destacar como educadora, jornalista e palestrante, foi uma ativista feminina de grande atuação em Santa Cruz e em todo o Rio de Janeiro, defendendo vigorosamente os direitos da mulher, na década de 1930, inclusive participando de todos os movimentos que clamavam pelo direito do voto feminino.

Amélia Pinto das Chagas deu aulas e foi diretora de várias escolas localizadas em Santa Cruz e na então chamada região do Triângulo Carioca, que compreendia também os bairros de Campo Grande e Guaratiba. Fundou e dirigiu jornais e museus escolares e escreveu em vários periódicos e revistas que circularam no antigo Distrito Federal, inclusive sobre futebol, considerando que naquela época, não era muito comum ver uma mulher fazendo comentários esportivos.

Um nome que não é citado, por absoluta falta de visibilidade histórica é da “Riúna”, uma variante do adjetivo “reiuno”, que significa, “o que é fornecido pelo estado, especialmente pelo exército, para uso dos soldados.”.

As “Riúnas” ou “Reiúnas” eram mulheres escravizadas, que trabalhavam nas piores condições de insalubridade, porque eram responsáveis pela limpeza das valas que circundavam os canais de irrigação.

Era um tipo de trabalho muito estafante, porque elas precisavam entrar no meio das valas para retirar o acúmulo de vegetação que provocava o assoreamento dos canais e dos rios, o que, consequentemente, causava enchentes, trazendo a mortandade do gado e destruição das plantações, com graves prejuízos econômicos para os administradores da Fazenda Real e Imperial de Santa Cruz, além da possibilidade de disseminação de doenças como a varíola e a malária entre a população local.

Era, portanto, um trabalho rústico importantíssimo, de certa forma simples, mas muito cansativo, que os homens não queriam fazer, porque ninguém dava o valor merecido. Muitas pessoas evitavam manter contato e até fugiam das Riúnas, porque, em geral, elas saiam das valas irreconhecíveis pela sujeira da lama que se acumulava nos seus corpos.

No meu ponto de vista, de todas as mulheres que aparecem citadas como personagens importantes na História de Santa Cruz, foram as Riúnas, sem qualquer sombra de dúvida, as grandes heroínas anônimas, que ficaram relegadas à posteridade, sem jamais terem recebido qualquer tipo de homenagem.

Salve! Salve! Nossos aplausos e homenagens às Riúnas de Santa Cruz, pois foram elas que marcaram a diferença na História, com seu trabalho extenuante, de grande relevância para a população local e pelos gestos simples de altivez, de nobreza e de dignidade.

Por Sinvaldo do Nascimento Souza, professor.

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

segunda-feira, outubro 19, 2020

Torre de Transmissão de TV da Serra do Mendanha, Campo Grande, RJ

 

Foto da Torre de Transmissão de TV. A 744 metros de altitude. Autor desconhecido. Ano 2015.

Dá para ir a pé, de carro ou de bicicleta. A subida começa no Largo do Mendanha. São 8410 metros subindo; 1400 metros de asfalto com subida forte entre 900 metros e 1400m metros. Aí tem início a parte de terra dos 1400 até 8410m. O melhor é sempre descer devagar; principalmente no início da descida devido ao risco de queda e também de lesões. Em dias ensolarados dá para visualizar uma das melhores vistas do Rio.

Lá estão localizadas as antenas das emissoras de televisão e rádio que geram sinais para a zona oeste do Rio de Janeiro. A primeira torre instalada na Serra do Mendanha, foi a de Furnas no final dos anos 1960. As outras antenas foram instaladas no local, na década de 1980. 

Também estão instaladas no alto da Serra do Mendanha um conjunto de antenas transmissoras de rádios comerciais (Rádio e TV). Além de uma antena repetidora de radioamador operando na faixa de 2m em 146,890 MHZ.

Imagens retiradas do Google.

Texto e pesquisa de Adinalzir Pereira Lamego

domingo, outubro 18, 2020

A tortura e as atrocidades de Cristóvão Colombo

 

O reinado de terror de Cristóvão Colombo é um dos capítulos mais sombrios da nossa história.

Surpreendentemente, Colombo supervisionou a venda de meninas nativas para escravidão sexual.

As meninas de 9 a 10 anos eram as mais desejadas por seus homens. Em 1500, Colombo casualmente escreveu sobre isso em seu diário. Ele disse:

"Cem castelos são tão fáceis de conseguir para uma mulher quanto para uma fazenda, e isso é muito geral e há muitos contrabandistas procurando meninas; agora há demanda por crianças de nove a dez anos."

Ele forçou esses pacíficos nativos a trabalhar em suas minas de ouro até morrerem de exaustão. Se um trabalhador "indiano" não entregasse sua cota inteira de ouro em pó antes do prazo de Colombo, os soldados cortavam suas mãos e as amarravam em volta do pescoço para enviar uma mensagem. A escravidão era tão insuportável para esse povo doce e gentil da ilha que, a certa altura, uma centena deles cometeu suicídio em massa. A lei católica proibia a escravidão de cristãos, mas Colombo resolveu esse problema. Ele simplesmente se recusou a batizar os nativos de Hispaniola.

Em sua segunda viagem ao Novo Mundo, Colombo trouxe canhões e cães de ataque. Se um nativo resistisse à escravidão, ele cortaria um nariz ou uma orelha. Se os escravos tentassem escapar, Colombo os queimava vivos.

Outras vezes, ele enviava cães de ataque para caçá-los, e os cães arrancavam os braços e as pernas dos nativos que gritavam enquanto ainda estavam vivos. Se os espanhóis ficassem sem carne para alimentar os cães, os bebês Arawak seriam mortos para comer.

Os atos de crueldade de Colombo foram tão indescritíveis e tão lendários - mesmo em sua época - que o governador Francisco De Bobadilla prendeu Colombo e seus dois irmãos, prendeu-os em correntes e os enviou à Espanha para responder por seus crimes contra os Arawaks. . Mas o rei e a rainha da Espanha, com seu tesouro cheio de ouro, perdoaram Colombo e o libertaram.

Um dos homens de Colombo, Bartolomé De Las Casas, ficou tão mortificado pelas atrocidades brutais de Colombo contra os nativos que parou de trabalhar para Colombo e se tornou padre católico. Ele descreveu como os espanhóis sob o comando de Colombo cortaram as pernas de crianças que fugiam deles para testar a nitidez de suas lâminas. De acordo com De Las Casas, os homens apostavam em quem, com um único golpe de espada, poderia cortar uma pessoa ao meio.

Diz que os homens de Colombo encheram as pessoas com sabão fervente. Em um único dia, De Las Casas foi uma testemunha ocular de quando soldados espanhóis desmembraram, decapitaram ou estupraram 3.000 nativos. "Essas desumanidades e barbáries foram cometidas aos meus olhos como nenhuma idade pode ser comparada", escreveu De Las Casas. "Meus olhos viram esses atos tão estranhos à natureza humana que agora tremo enquanto escrevo."

De Las Casas passou o resto de sua vida tentando proteger os nativos indefesos. Mas depois de um tempo, não havia mais nativos para proteger. Os especialistas geralmente concordam que antes de 1492, a população da ilha de Hispaniola provavelmente ultrapassava os 3 milhões de habitantes. Vinte anos após a chegada da Espanha, foi reduzido para apenas 60.000. Em 50 anos, nem um único habitante nativo original foi encontrado.

Em 1516, o historiador espanhol Pedro Mártir escreveu:

"Um navio sem bússola, mapa ou guia, mas apenas seguindo o rastro dos índios mortos que haviam sido atirados dos navios onde poderiam encontrar o caminho das Bahamas para Hispaniola."

Cristóvão Colombo ganhava a maior parte de sua renda com a escravidão, observou De Las Casas. Na verdade, Colombo foi o primeiro comerciante de escravos nas Américas. Quando os escravos nativos morreram, foram substituídos por escravos negros. O filho de Colombo se tornou o primeiro negociante de escravos africano em 1505.

Fontes de consulta:

Comércio de escravos - Assassinos em massa - Cólon Central Irlandês - Livro de Todorov, A Conquista da América. Trechos de Bartolome de las Casas.

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

sábado, outubro 17, 2020

Soldados Judeus Sefarditas e Asquenazes na Invasão Holandesa de Pernambuco

 

Soldado da Companhia das Índias Ocidentais. Pintura de Adriaen Van Nieulandt (1625-1630)

"Os fatos sobre a conquista holandesa são conhecidos e os historiadores são unânimes em afirmar o quanto os cristãos novos portugueses estavam ansiosos para que o estabelecimento dos holandeses fosse bem sucedido, pois desse modo poderiam voltar a sua verdade de fé, o judaísmo. O principal espião dos holandeses no Brasil era o senhor de engenho João Brabantino, cristão novo que residia em Pernambuco desde 1618 ou 1620, e que forneceu informações valiosas aos invasores que ocuparam a vila de Olinda em fevereiro de 1630.


Mapa da Invasão Holandesa de Pernambuco em 1630.

Segundo o cronista Duarte de Albuquerque Coelho, o Judeu Antonio Dias Paparrobalos, serviu de guia central para as tropas que desembarcaram. A expedição militar organizada em 1629, composta de mercenários de várias nacionalidades, incluía uma unidade composta em sua maioria por judeus portugueses, chamada na época de "Companhia dos Judeus". Sua existência é confirmada pelo historiador Hermann Kellenbenz que descobriu nos documentos da Inquisição espanhola em Madri, uma lista de 41 nomes de judeus serfaditas e 20 asquenazes da Alemanha que se alistaram como soldados da frota do almirante Hendrick Lonck que tomou Pernambuco em 1630. A lista foi relatada pelo Capitão português Estevan de Ares de Fonseca, um cristão novo de Coimbra que se converteu ao judaísmo em Amsterdão. Capturado pelos espanhóis nas guerras contra os protestantes nos países baixos, Fonseca confessou aos inquisidores a participação ativa de judeus portugueses no exército da república holandesa e na invasão do Brasil.


Rabino de Recife Isaac Aboab da Fonseca.

Entre os soldados judeus que mais se destacaram no Brasil Holandês foi o Capitão Moisés Navarro, que veio a Pernambuco como soldado naval, e em 1635 se tornou um senhor de engenho, comerciante de açúcar e tabaco, se tornando um dos homens mais ricos do Brasil Holandês. Foi Moisés Navarro que serviu de intérprete para Sigismund von Schkopp com os portugueses, após a derrota na Batalha dos Guararapes em 1649, e convenceu o comandante Francisco Barreto de Menezes a permitir os holandeses enterrarem seus mortos em Guararapes. Após o fim do Brasil Holandês em 1654, Navarro e seus irmãos Aaron e Jacob se mudaram para a Ilha de Barbados.


João Maurício de Nassau, visto como o principal Protetor dos Judeus do Brasil Holandês.

Segundo relatos de Johan Nieuhof, muitos Judeus de Recife preferiram morrer em combate contra a insurreição pernambucana a serem forçados a se converter ao catolicismo novamente. Em 1655 Frei Manoel Calado relatou que dois soldados judeus capturados em Recife, Jacques Franco, e Isaac Navarro foram rebatizados a fé católica a acabaram ficando no Brasil mesmo após o fim da presença holandesa". 

Fonte: Judeus no Brasil: Estudos e Notas. Por Thana Mara de Souza.

Originalmente postado em A Terra de Santa Cruz

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

quinta-feira, outubro 15, 2020

Antonieta de Barros, a parlamentar negra pioneira que criou o dia do professor

 

Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921.

Em 1922, a normalista fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente. O curso foi dirigido por ela até sua morte e fechado em 1964. Professora de Português e Literatura, Antonieta exerceu o magistério durante toda a sua vida, inclusive em cargos de direção. Foi professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e 1951, assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou.Antonieta de Barros notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Eleita em 1934 pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na assembléia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.

Com o fim do regime ditatorial, ela se candidatou pelo Partido Social Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como suplente. Na ocasião, continuou lutando pela valorização do magistério: exigiu concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugeriu formas de escolhas de diretoras e defendeu a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos carentes.

Além da militância política, Antonieta participou ativamente da vida cultural de seu estado. Fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927. Neste período, por meio de suas crônicas, ela veiculava suas idéias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito racial. Dirigiu também a revista quinzenal Vida Ilhoa, em 1930, e escreveu vários artigos para jornais locais. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, ela escreveria o livro Farrapos de Idéias, em 1937.

Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e escritora. Como tal, destacou-se, entre outros aspectos, pela coragem de expressar suas idéias dentro de um contexto histórico que não permitia às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa e por meio dele opinar sobre as mais diversas questões; e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a educação da população mais carente.

Antonieta faleceu no dia 18 de março de 1952.

Originalmente postado em antigoacordacultura

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

Dona Armanda, a Escola e o Mate com Angu



A história da Escola Proletária Meriti começa em 1921, com a chegada da professora Armanda Álvaro Alberto  a estação de trem Meriti, então 8° Distrito de Nova Iguaçu e mais tarde o município de Duque Caxias. Local pobre, rural e que estava sendo devastado pela malária. Armanda moradora de Copacabana, família rica, vinha da cidade de Angra dos Reis, onde já tinha implantado nas sombras de pés de bambu, sala de aula ao ar livre para cerca de 50 crianças e adolescentes, filhos de pescadores. Suas aulas eram baseadas na realidade das crianças. Tratava sobre a geografia do local, agricultura, arte, artesanato.

A Escola Proletária Meriti foi a primeira do Brasil e da América Latina que serviu a pioneira e conhecida: merenda escolar. No cardápio: angu e mate. Fubá e erva mate eram alimentos doados com frequência pelos comerciantes da região, então essa combinação sempre estava na alimentação dos alunos. A expressão “mate com angu” foi dada em tom pejorativo e de forma jocosa pelo delegado Filinto Muller. Era ele quem monitorava a professora no período da Ditadura Vargas. Perseguida, teve que  retirar a palavra “proletária” por acharem vinculada ao comunismo e o espaço passou a chamar-se: Escola Regional Meriti. Dona Armanda era acusada por exemplo de transformar a escola em um restaurante, mas argumentava: “dá para aprender com fome? E com fome, dá para viver?”

A escola foi a primeira do país a ter o método da pedagoga italiana Maria Montessori aplicado. O Método Montessori, transformou o espaço de aula em um ambiente de canto, teatro, arte e natureza, fora das amarras e educação mecânica comuns da época. No “Mate com Angu” as crianças não recebiam notas, não eram aprovados ou reprovados, tampouco se usava as carteiras, lousas. As aulas eram realizadas a céu aberto, onde as crianças aprendiam até o cultivo de hortas e como criar o bicho-da-seda e abelhas.

Foi também a primeira escola do país com horário integral, um museu com peças do Jardim Botânico e Museu Nacional, a caixa escolar que consistia em prestação de assistência em saúde aos alunos e suas famílias, cursos de corte e costura, puericultura, carpintaria, cozinha, higiene infantil e o inédito Círculo de Mães, onde a comunidade era convidada para debater o dia a dia da escola. Também foi no anexo da unidade que criou a primeira biblioteca pública de Duque de Caxias com um clube de leitura.

Dona Armanda, escreve em seus princípios, como monstra documento de abril de 1925 que a escola deve ser um local de: saúde, alegria, trabalho e solidariedade. Em 1927, participa da I Conferência Nacional de Educação, em Curitiba. Nesse encontro, a Escola Regional de Meriti recebeu um especial voto de aplauso do conselho diretor da Associação Brasileira de Educação.

Em 1928, é realizada a sonhada inauguração da sede definitiva – carinhosamente chamada por Dona Armanda de “Nossa Casa” – com projeto assinado por Lúcio Costa. A repercussão do trabalho era tamanha que a escola foi homenageada no jornal “Correio da Manhã” por Carlos Drummond de Andrade e recebeu um piano doado por Villa-Lobos e um “kodascópio” por Roquete Pinto, onde passam a ser reproduzidos semanalmente filmes do Instituto Nacional do Cinema Educativo. 

Armanda também tinha militância pelos direitos das mulheres – foi uma das três mulheres que assinaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, ao lado de Noemy M. da Silveira e Cecília Meirelles que defendia uma educação pública, gratuita, laica e direcionada às necessidades de todos. Ao lado de Edgar Sussekind (seu esposo) e Francisco Venâncio Filho fazia parte da Liga Anticlerical e defenderam no conselho diretor da Associação Brasileira de Educação, uma postura  apolítica e laica. Em maio de 1935, foi uma das criadoras ao lado de Eugênia Álvaro Moreyra e, depois, a primeira presidente da União Feminina do Brasil (UFB), movimento político filiado à Aliança Nacional Libertadora (ANL). Quando se casou com o professor Sussekind, recusou-se adotar o nome do marido, por defender a posição dos movimentos feministas.

Em outubro de 1936, foi presa como suspeita de ligação com o Partido Comunista do Brasil e de participação na Intentona Comunista de 1935. Permaneceu na Casa de Detenção do Rio de Janeiroaté junho de 1937, dividindo a famosa “cela 4” com Olga Benário Prestes e Maria Werneck de Castro, local onde também passou Nise da Silveira. Durante a prisão, Armanda escrevia aos alunos e recebia cartas e cadernos dos mesmos. Em seu depoimento, Armanda negou que a UFB tivesse mantido qualquer ligação com o então Partido Comunista do Brasil (PCB). Julgada, foi absolvida, afastando-se das atividades políticas para se dedicar exclusivamente à sua obra pedagógica.

Armanda morreu aos 81 anos em 1974 e a escola foi doada para o Instituto Central do Povo. Atualmente é mantida em parceria com a prefeitura de Duque de Caxias e tem o nome de Escola Municipal Drº Álvaro Alberto, a pedido de Armanda em homenagem ao pai. Hoje, graças a intensa mobilização da sociedade civil e organizada, o prédio da escola foi tombado como Patrimônio Histórico da cidade, após  ameaças de construção de um shopping ao redor. Intenção essa que ainda mantém vigilância em defesa do espaço que mantém a história e o legado de Dona Armanda vivos.

A historiografia de Armanda vem sendo merecidamente resgatada. Em 2010, sua ex-aluna e professora Dalva Lazaroni, lançou o livro “Mate com Angu – A História de Armanda Álvaro Alberto” e em 2017 foi lançado o documentário “Armanda” dirigido por Liliane Leroux e Rodrigo Dutra. Já a história do delegado que tentou diminuir a iniciativa de alimentar os alunos pobres, foi esquecida junto com sua mediocridade.

Por Marroni Alves

Cidadão da Baixada. Filho, neto e bisneto de pernambucanos, é caxiense, portelense, tricolor, professor de História e Jornalista. É pesquisador na área da pessoa com deficiência, voluntário do Lions Clube Xérem e no Pré-Vestibular Comunitário da Educafro.

Originalmente postado no diáriodoRio

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

quarta-feira, outubro 14, 2020

A instalação de antenas de transmissão no alto do Morro do Sumaré, no Maciço da Tijuca, RJ

 

Esta imagem mostra profissionais da extinta TV-Rio planejando o trabalho de instalação de antenas de transmissão no alto do Morro do Sumaré, no Maciço da Tijuca, no Rio de Janeiro. A fotografia foi publicada no jornal Correio da Manhã em 3 de julho de 1955 em uma reportagem sobre as transmissões experimentais da nova emissora de televisão da cidade.

A matéria destaca as vantagens da instalação da antena no Sumaré. Situado a mais de 700 metros acima do nível do mar e podendo ser visto de quase todas as partes da cidade, o alto do morro é um ponto privilegiado para instalação de antenas de telecomunicações. Hoje, 18 torres de rádio e TV transmitem seus sinais a partir do local.

Nas últimas décadas, houve um grande desenvolvimento dos dispositivos televisivos.  Vivemos em um momento em que os avanços tecnológicos possibilitaram a implantação da TV digital e quando cada vez mais pessoas usam a TV para acessar a internet. Além disso, aparelhos de televisão estão presentes em cerca de 96% dos domicílios brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2018.

Mas, no ano de 1955, essa realidade era ainda muito distante. Assim, é curioso ler a reportagem do jornal Correio da Manhã sobre a entrada em operação da TV-Rio. Segundo a matéria, o início das transmissões da nova emissora era algo “auspicioso para os que possuem receptor de televisão” (Correio da Manhã, edição 19101, 3 de julho de 1955, 1° Caderno, p. 9).

Na imagem, profissionais instalam antenas de transmissão no Morro do Sumaré, Rio de Janeiro, 1955. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã. BR_RJANRIO_PH_0_FOT_00907_032

Originalmente postado no Arquivo Nacional Brasil @instagram

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terça-feira, outubro 13, 2020

O culto a Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora Aparecida

 

O culto a Nossa Senhora da Conceição nasceu nos primórdios da nacionalidade portuguesa e da História do Brasil.

"Após a Restauração da Independência de Portugal em 1640, com D. João IV, se verifica um grande impulso na devoção à Senhora da Conceição, por todo o país.

Somente em 1646 é que o Rei D. João IV decidiu consagrar o país a Nossa Senhora da Conceição. Desde a eleição da Padroeira, os Reis de Portugal nunca mais colocaram a coroa na cabeça, pois ela pertence à Nossa Senhora da Conceição.

Além de Rainha, Nossa Senhora da Conceição é também a Padroeira de Portugal e do Brasil desde 1646.

No Brasil essa devoção foi difundida pelos franciscanos, de norte a sul. São muitos os exemplares de Nossa Senhora da Conceição remanescentes do período da Coroa portuguesa encontráveis tanto em igrejas quanto em museus das terras brasileiras.

Um caso singular é o da imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição "Aparecida". Na verdade, trata-se de um exemplar em barro cozido de uma Nossa Senhora da Conceição ( que recebeu o codinome de “Aparecida”) que, em 1717, teria sido localizada em duas partes (cabeça e corpo) pelos pescadores João Alves, Domingos Martins Garcia e Felipe Pedroso, durante suas atividades de pesca no Rio Paraíba do Sul. 

Fonte: Nossa Senhora da Conceição "Aparecida": Notas, Fontes e Estudos de Iconografia, Simbólica e História Sagrada. Por Loryel Rocha.

Compartilhado de A Terra de Santa Cruz

Veja também: Um "milagre" de Nossa Senhora Aparecida em Campo Grande

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segunda-feira, outubro 12, 2020

Cais do Valongo: o que foi na história do Brasil?



Local onde um dia foi o Cais do Valongo. Foto: Arquivo pessoal da autora, 2017.

Durante os mais de três séculos de escravidão no Brasil, 4 milhões de africanos escravizados aqui chegaram. Na cidade do Rio de Janeiro, o Cais do Valongo é um local de memória que remete a um dos mais graves crimes contra a humanidade, a escravidão no Brasil.

Esse é o primeiro texto da série sobre a história negra no Rio de Janeiro. Pretendemos, a partir desses conteúdos, trazer a história de contribuição da população negra na formação e desenvolvimento econômico, social e cultural do Brasil.

O Que foi o Cais do Valongo?

O Cais do Valongo foi o local por onde desembarcaram milhares de africanos escravizados entre o final do século XVIII e o início do século XIX. A região do Valongo foi inicialmente, ocupada para receber os africanos escravizados que antes chegavam pela Praça XV, e eram negociados na Rua Direita – hoje Rua Primeiro de Março, no centro do Rio.

A cidade estava crescendo no século XVIII, e a região do Valongo era uma região afastada do centro da cidade. As autoridades resolveram mudar o desembarque para esse local, pois era necessário o afastamento do que era considerado como os problemas que o tráfico de escravizados trazia (as doenças, a mortalidade e também o incômodo da elite portuguesa em relação a presença dos africanos que ali chegavam).  Por conta disso, o Marquês do Lavradio, em 1779, estabeleceu uma nova legislação, transferindo o mercado de africanos escravizados para o Cais do Valongo.

Após a chegada da Família Real Portuguesa, junto à corte em 1808, a região do Valongo passou a ser muito frequentada por pessoas que queriam comprar escravos, pois nesse período a população duplicou.

Complexo do Valongo

É importante lembrar que o Cais do Valongo não foi só um porto negreiro. Era também local onde os escravos se recuperavam fisicamente para posteriormente serem vendidos como mão de obra nos mercados. Ele era denominado de complexo porque não incluia somente o Cais de Desembarque, mas também:

– O Lazareto: Hospital de quarentena para  recuperação dos recém chegados doentes; 

– Casas de Engorda: Local onde eram alimentados para engordarem e serem vendidos,

– Armazéns de venda: Local onde eram vendidos,

– Cemitérios dos Pretos Novos: Fossas comuns onde eram jogados os africanos que chegavam sem vida após a desgastante rota marítima ao Brasil. Não tinham direito a cerimônia.

Segundo a historiadora Hebe Mattos, o complexo do Valongo era também um espaço de quarentena de aprendizado da língua, do trabalho, uma espécie de socialização para a nova vida que teriam ( TEIXEIRA,2015, p. 9)

Segundo o historiador Claudio Honorato, “à partir do século XVIII, o Rio de Janeiro, tornou-se o maior importador de mão de obra africana das Américas e grande centro distribuidor para todo o Brasil”. (Honorato, 2008). Porém o porto funcionava como uma conexão não só para o interior do Brasil, mas também para outros portos da América do Sul, como Montevidéu e Buenos Aires.

Pelo Valongo desembarcaram cerca de um milhão de africanos na cidade do Rio de Janeiro, sendo este, o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas e o segundo maior porto de origem dos navios negreiros depois do porto de Liverpool (Inglaterra).

Segundo o antropólogo Milton Guran, durante o século XIX, toda a economia do Império estava relacionada ao tráfico negreiro e a utilização de sua mão de obra. Esse fato levou o Brasil a ser o último país do ocidente a abolir a escravatura (Teixeira, 2015).

O Cais do Valongo ao longo da história

Ao longo dos séculos, o Cais passou por dois momentos de apagamento dessa memória:

Em 1843, foi reconstruído o Cais da Imperatriz. “O Antigo Cais do Valongo foi alargado e embelezado para receber a futura imperatriz Teresa Cristina que chegava para casar com D. Pedro II” (Soares, 2014).

Em 1911, com as reformas urbanísticas do prefeito Pereira Passos, foi aterrado de vez da lembrança da história da cidade, dando lugar a Praça do Comércio.

Redescobrindo o Cais do Valongo

Após um século de encobrimento da história, o Cais do Valongo foi “redescoberto” em 2011, durante as escavações feitas para a reforma urbana da zona portuária. Segundo Milton Duran, suas ruínas são os únicos vestígios materiais da chegada dos africanos no país.

O Cais do Valongo recebeu o título de Patrimônio Mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 2017. 

Considerado o maior sítio de memória da Diáspora Africana fora da África, representa para o Brasil parte da história da colonização portuguesa e um local de memória para  relembrar e refletir sobre a violência contra a humanidade representada pela escravidão, fortalecendo as responsabilidades históricas do Estado brasileiro. (IPHAN, 20, p.115)

O Cais do Valongo é um símbolo material da memória da escravidão africana e das heranças culturais delas decorrentes. Reconhecê-lo como patrimônio da humanidade é conferir esse direito a população afrodescendente do Brasil, e por extensão, de todas as Américas, dentro do entendimento de reparação por séculos de escravidão e segregação racial (IPHAN, 20, p,115).

Para a Unesco, o Cais do Valongo é considerado um sítio arqueológico de memória sensível, pois remete a memória de dor e sofrimento na história dos antepassados dos afrodescendentes que representa mais da metade da população brasileira. Mas é também o reconhecimento da contribuição dos africanos e seus descendentes a formação e desenvolvimento econômico, social e cultural do Brasil.

Saiba mais: um pouco mais da “pequena Africa” no Rio.

E você, conhecia essa parte da história do Rio?

Publicado em 09 de setembro de 2020.

Por Thaís Rosa Pinheiro.

Mestra em Memória Social (UNIRIO) e CEO da Conectando Territórios, agência de turismo que alia turismo e educação e conecta pessoas a história, memória e cultura afrobrasileira e de comunidades tradicionais brasileiras como quilombolas e comunidades urbanas. 

Referências: 

HONORATO, Claudio de Paula. Valongo: O mercado de escravos no Rio de Janeiro- 1758-1831, UFF, 2008.

Rodas dos saberes do Cais do Valongo/ Carlo Alexandre Teixeira (org). Délcio Teobaldo (edição). Niterói, RJ: Kabula Artes e Projetos, 2015.

Porto de Memórias: Pequena África. Carlos Eugênio Líbano Soares, Biz Cultural. Rio de Janeiro, 2014.

IPHAN portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1605/

Originalmente postado no site politize

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domingo, outubro 11, 2020

Os índios aliados dos Bandeirantes

 

A base do exército das expedições dos Bandeirantes e suas entradas pelo Sul e Centro Oeste do Brasil era o índio Tupi. Grandes Caciques como Ibitiruçú, Maracanã, João Queimada de Albuquerque e Paulo Joaquim José Ferreira, guiavam os bandeirantes na sua procura por ouro no sertão e no pareamento de índios inimigos. Os combates contra os “Tapuios” envolveram um grande contingente de índios aldeados, inclusive antigos “Tapuios” como os índios Aimoré, que estavam aliados a soldados e a bandeirantes paulistas como Raposo Tavares e Anhanguera.

Na guerra do Orobó, os índios Payayá já aldeados, localizados então no norte da Bahia e atualmente extintos, foram requisitados pelos portugueses para combater os “Tapuios” e outros índios seus inimigos, os Topin, hoje extintos. Tais expedições deviam fazer guerra aos “Tapuios” “desbaratando-os e degolando-os por todos os meios e indústrias que no ardil militar forem possíveis”

Bandeirantes como Manuel Preto, que em 1628 trazia em suas quatro companhias mais de 2.000 índios Tupi de São Paulo, preavam tanto índios não-aldeados quanto milhares de índios Guarani após atacarem as missões jesuíticas. No Século XVII, Portugal, perdida a esperança do oriente e tendo o Brasil por seu melhor patrimonio soube consolidar a expansão dos Bandeirantes paulistas e cimentar-lhes os "descobertos", numa base Diplomática que construiu durante cem anos.

O mapa histórico do Brasil retrata essa particularidade: comparemos a carta quinhentista da costa, limitada pelo meridiano de Tordesilhas, com a carta do país, em 1640, que nesse formidável avanço para o oeste e para o sul (" ... por os moradores não poderem viver sem o sertão ... ") entrará resumida a arrancada paulista.

Graças á penetração dos caçadores de guaranis ("sertanistas", chamavam-lhes os missionários) perdeu a Espanha, em Santa Catarina, as missões jesuíticas do Uruguai, que chegaram a limitar-se pelo Paranapanema, o Mato Grosso pela linha do Guaporé; e foi em virtude dessa ocupação que, em 1750, Alexandre de Gusmão estabeleceu o critério do " uti possidetis" para os tratados de limites na América. 

Fonte: História da Civilização Brasileira de Pedro Calmon. A Presença Indígena na Formação do Brasil. Por João Pacheco de Oliveira / Ilustração: Bandeirantes de Anhanguera. De Ivan Wasth Rodrigues.

Originalmente postado na página A Terra de Santa Cruz

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Famílias de índios do Brasil numa ilustração de Nishikawa Joken - 1720



Baseado em relatos de jesuítas e católicos japoneses e chineses que haviam sido expulsos do Japão décadas antes, Nishikawa descreveu a Geografia e a História do Brasil sob a ótica dos Japoneses: 

“O Brasil é um País quente que fica na porção leste da América do Sul. Lá existe o Maior Rio do Oceano Atlântico, o Amazonas. Anteriormente os Brasileiros eram um povo sem moral, consideravam matar, comer e assar pessoas, mas agora que pessoas de Portugal e outros países atlânticos vem com frequência para comercializar, eles aprenderam aos poucos a moral, e dizem que eles não comem mais pessoas.”

Para Nishikawa a transformação dos índios do Brasil em civilizados não viria da conversão ao cristianismo, (que no Japão era proibido de ser mencionado em livros) mas do contato comercial com os europeus.

Originalmente postado na página A Terra de Santa Cruz

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quarta-feira, outubro 07, 2020

Livro destaca a importância do subúrbio e mostra riqueza de histórias a serem contadas



Rafael Mattoso, um dos organizadores do livro "Diálogos Suburbanos". Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.

Já parou para pensar de onde vieram os nomes de bairros como Todos os Santos, Água Santa e Encantado? Curiosidades como essas sobre a história dos subúrbios cariocas e passagens divertidas sobre a região estão no livro "Diálogos suburbanos" (editora Mórula), conta o professor e historiador Rafael Mattoso, um dos organizadores da obra. Com textos de geógrafos, historiadores e cientistas sobre a formação de bairros como Irajá, Olaria, Penha e Bonsucesso e muitas imagens antigas, o leitor faz uma viagem ao passado.

- Os escravos fugidos ocupavam a base dos morros da região (de Irajá), que eram de difícil acesso. E os bairros ao redor tem os nomes ligados a isso: era lá onde os escravos podiam cultuar "todos os santos", com "água santa", considerado um "líquido encantado". Além disso, essa água passava na divisa entre Engenho de Dentro e Piedade, por onde é hoje a rua Dois de Fevereiro. Piedade, por exemplo, foi o primeiro bairro a ter luz elétrica e abastecimento regular de gás. Era uma região muito valorizada - conta Mattoso.

O professor estudou a transição entre o Império, quando toda a administração das freguesias e dos engenhos era feita pela igreja católica, e a República, quando foi criada a Lei Orgânica Municipal, que determina as novas circunscrições dos bairros como os conhecemos atualmente.

- A Igreja de Nossa Senhora da Apresentação é uma edificação de 1613, uma das mais antigas do Brasil, e está ligada diretamente à origem do subúrbio, Foi a partir dela, que ficava na freguesia rural de Irajá, de 1644, que surgiram as subdivisões, como as de Inhaúma, de 1743, e do Engenho Novo, décadas depois - conta o historiador, morador do Engenho Novo, que organiza encontros mensais com estudiosos da região e já planeja uma segunda edição do livro.

Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, em Irajá: importância histórica Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.

Segundo ele, muitas histórias e pontos históricos do subúrbio são pouco conhecidos dos cariocas. Ele cita o Capão do Bispo, imóvel colonial que foi moradia do primeiro bispo do Brasil, dom José Joaquim Justiniano Mascarenhas de Castelo Branco, até o início do século XIX. 

Casa do primeiro bispo do Brasil, em Del Castilho Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.

Do imóvel na atual Avenida Dom Helder Câmara, partiram as primeiras mudas de café em direção ao Vale do Paraíba e à Floresta da Tijuca.

Historicamente, a palavra subúrbio não tem nenhuma carga depreciativa. Os subúrbios eram os limites da cidade, as ligações entre os espaços rurais e as áreas que estavam se urbanizando. E essas áreas vão mudando e se deslocando conforme a ocupação do espaço. No entanto, no Rio de Janeiro, se estabeleceu uma área específica para se chamar de subúrbio: terras que pertenciam à aristocracia e que foram loteadas e vendidas para grupos mais humildes. Isso acabou estigmatizando a região - explica Mattoso.

Mattoso já prepara uma segunda edição do livro com dez novos autores Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.

Por Diego Amorim

diego.amorim@infoglobo.com.br

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sábado, outubro 03, 2020

Os Santos Mártires do Rio Grande do Norte



Um dos eventos mais infames da ocupação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais no Brasil foram os massacres de Cunhaú e Uruaçu em 1645 no Rio Grande do Norte, quando soldados holandeses liderados por Jacob Rabbi, junto com índios Janduis e Potiguares, invadiram uma igreja fecharam as portas e investiram contra os colonos matando a todos inclusive o pároco, Padre André de Soveral.

Jacob Rabbi era um judeu alemão, originário de Waldeck, que veio para o Brasil com o conde Maurício de Nassau, em 23 de janeiro 1637. Casado com uma indígena Janduí, de nome Domingas, tinha boas relações com esses nativos com quem viveu durante quatro anos. Serviu de intérprete junto aos índios aliados dos Holandeses. No comando de guerreiros Janduís e Potiguares, Rabbi realizou vários saques e chacinas em engenhos nas capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco.

Os assaltos lhe renderam gado, roupas, joias e outros bens levando-o a acumular uma pequena fortuna. Três meses depois de atacar Cunhaú, outro morticínio ocorreu em Uruaçu onde foram mortas 80 pessoas a mando de Jacob Rabii, em 3 de outubro de 1645. Os mataram ferozmente, arrancaram suas línguas para não proferirem orações católicas, braços e pernas foram decepados, crianças foram partidas ao meio, e grande parte dos corpos foi degolada. As atrocidades cometidas por Jacob Rabii tiveram fim em menos de um ano.

Ele foi assassinado a tiros e golpes de espada na noite de 4 de abril de 1646. Os 150 mortos de Cunhaú e Uruaçu foram reconhecidos como mártires da Igreja Católica por decreto assinado em 21 de dezembro de 1998 pelo papa João Paulo II.

Os mártires são lembrados em duas datas, no dia 16 de julho em Canguaretama, e dia 3 de outubro em São Gonçalo do Amarante. Esta última data é lembrada a caráter estadual: pela lei Nº 8.913/2006, que declara a data feriado estadual. Os Santos Mártires foram canonizados pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017, na Praça de São Pedro, Vaticano.

São lugares de romarias e peregrinações a Capela dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante; o Santuário dos Mártires, no bairro Nossa Senhora de Nazaré em Natal, e a capela de Nossa Senhora das Candeias, no antigo engenho de Cunhaú. 

Fonte: Subsídios para o estudo da história do Rio Grande do Norte.

Originalmente postado na página A Terra de Santa Cruz

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