segunda-feira, outubro 26, 2020

Tabaco e Ouro Contrabandeado de Minas: Holandeses e Ingleses no Tráfico de Escravos no Brasil do Século XVIII

 

Comércio de tabaco entre Holandeses e portuguêses na costa da África. Pintura Holandesa de 1678.

O envolvimento da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais no Brasil não acabou após o fim do Brasil Holandês em 1654.

Atraídos com a descoberta do Ouro das Minas Gerais na década de 1690, navios holandeses e ingleses chegavam com frequência nos portos da Bahia em segredo para vender escravos africanos em troca de ouro contrabandeado, ignorando as leis da coroa portuguesa contra tal comércio. Em 1717, o Vice Rei do Brasil, Marquês de Angeja enviou carta ao Rei de Portugal o alertando que 4 navios holandeses foram apreendidos no porto de Salvador tentando vender escravos africanos em troca do ouro brasileiro.

Um escravo do Forte Elmina com um amuleto de ouro da Companhia das Índias Ocidentais. Ouro era uma das principais moedas do comércio de escravos na costa Ocidental da África. Pintura de Daniel Vertangen, 1660.

Em 1712 os diretores da Nova Companhia das Índias Ocidentais concordaram sobre a importância de manter o comércio de escravos no território brasileiro em segredo, proibindo qualquer tipo de publicidade ou discussão do assunto na imprensa para não provocar qualquer desconfiança da coroa portuguesa.

Um comerciante da Companhia das Índias Ocidentais em 1760.

Boa parte do comércio entre portugueses e outros europeus na costa africana envolvia a venda de tabaco e ouro do Brasil. Somente em 1719, os holandeses do Forte de Elmina na atual Gana, venderam 1600 escravos para os portugueses em troca de ouro contrabandeado e tabaco. De acordo com Henk den Heijer, metade do ouro comercializado pela Companhia das Índias Ocidentais no Século XVIII tinha origem brasileira.

Mapa Holandês da Costa Brasileira e Africana de 1695.

Assim como os holandeses, os ingleses tinham contato com comerciantes da Bahia que permitiam a entrada de seus navios para vender escravos. Em 1706 Oliver Bradley, um mercador da Royal African Company, fez um acordo secreto com comerciantes baianos que garantiram a segurança se seus navios. Dois anos depois porém, Bradley foi preso pelas autoridades locais e mandado de volta para Inglaterra.

Cidade de Salvador, Bahia. Principal centro de comércio de contrabando de Ouro no Século XVIII.

A Cidade de Salvador era o principal ponto do comércio ilegal de ouro no Brasil. Em 1703 o Governador Geral Rodrigo da Costa admitiu a dificuldade em combater esse contrabando que era fomentado por vários fatores, como a corrupção e incompetência das autoridades locais, a coordenação descentralizada das Minas de Ouro e a dificuldade em manter um controle fiscal eficiente em um território tão grande.


O Forte Elmina sob o domínio Holandês em 1649.


Comércio de Tabaco no Brasil e de Escravos na África. Pintura do Século XVIII.

Em 1745 o viajante inglês William Smith Suveyor observou que a maioria do ouro comercializado em Uidá no Benim era proveniente do Brasil, e que o Rei Agajá do Daomé favorecia o comércio com os portugueses, pois gostava de colecionar placas de ouro e prata do Brasil. 

Fonte: The Legacy of Dutch Brazil. Editado por Michiel van Groesen.

Originalmente postado em A Terra de Santa Cruz

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

3 comentários:

Carlos Brasiliano disse...

Parabéns pelo post! Foi na Bahia onde chegaram o maior número de escravos africanos no Brasil.

Adinalzir disse...

Valeu Carlos Brasiliano!
Fico muito feliz com a sua visita e comentário. Grande abraço!

Construindo História Hoje disse...

Boa noite, além de um excelente texto, ilustrado de forma impecável
Saudações!