terça-feira, julho 23, 2024

História de Honório Gurgel: O bairro onde Anitta nasceu

Honório Gurgel é um bairro tranquilo e tipicamente residencial do Rio de Janeiro. Localizado na Zona Norte do município, possui cerca de 22 mil habitantes e 8 mil domicílios. Seu IDH é de 0,804 o que o deixa na posição de octogésimo oitavo lugar entre os 126 bairros.

Surgiu após a implantação da linha férrea na região, em 1892. A estação ferroviária surgiu em 1895, com o nome Muguengue - em alusão a um dos rios que corta a região, hoje chamado rio Sapopemba. Em 1905 teve seu nome alterado para Honório Gurgel, em homenagem ao prefeito do Rio de Janeiro na época, e também herdeiro das terras onde a estação foi instalada.

O bairro é vizinho de Rocha Miranda, Marechal Hermes, Bento Ribeiro, Coelho Neto, Guadalupe e Barros Filho.





Está localizado na Região próxima ao Engenho Boa Esperança que com a inauguração da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil (depois linha auxiliar), em 1892, passou a abrigar a Estação de Munguengue, inaugurada em 1 de novembro de 1895, de onde saía um ramal de 3 Km para Sapopemba (Deodoro). A estação teve a denominação alterada para Honório Gurgel em homenagem ao Tenente Honório Gurgel do Amaral, vereador, cujo pai possuía fazenda em Irajá. Em Honório Gurgel existiam engenhos, olarias e carvoarias, com caminhos dando acesso a Madureira, o principal deles era a Estrada Tavares Guerra (Conselheiro Galvão). Posteriormente, foi implantada a faixa da linha de transmissão elétrica da Light, antes ocupada por lavouras que deram espaço ao atual Parque Madureira.




Uma das mais antigas indústrias da região foi a Armco Staco, inaugurada em 1958.


Honório conta com um conjunto habitacional que foi inaugurado em 1945, pelo Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários durante o governo do presidente Getúlio Vargas.

Junto com toda a modernização da Linha Auxiliar, a estação ferroviária também ganhou novas plataformas e um novo mezanino no final da década de 1970. A antiga passagem de nível ligando a Rua Américo Rocha com a Estrada João Paulo foi fechada e um projeto de viaduto ligando a Rua Américo Rocha com a Rua Ururaí chegou a ser aprovado. Mas nunca saiu do papel, deixando os moradores do bairro dependentes da Avenida Brasil, em Barros Filho, ou do Viaduto da Avenida dos Italianos, em Rocha Miranda.

Uma das principais medidas que foram tomadas pelos moradores em 2017. Foi a construção de cancelas em muitas ruas do bairro, visando a redução do número de assaltos que já ocorriam na região.

O bairro em si possui 3 favelas, são elas: Favela da Mundial, Proença Rosa, e Favela da Palmeirinha. E fica próximo de algumas outras, como Morro do Jorge Turco, Favela da Barreirinha, Morro do Faz Quem Quer, em Rocha Miranda, Favela do Muquiço em Guadalupe, Favela de Acari e Complexo da Pedreira e Chapadão, em Costa Barros.




Em 2016, com mais uma extenção do Parque Madureira, foi inaugurado o Parque Honório Gurgel, estendendo-o de Rocha Miranda até Guadalupe, o que levou um pouco mais de qualidade de vida e uma opção de lazer e esporte para os moradores de Honório. No entanto, como a população carioca se auto destrói, hoje infelizmente, o conselho é evitar essa parte do Parque Madureira que passa por Honório Gurgel, devido a assaltos constantes nessa região.

Crianças com uniforme escolar caminham na castigada Rua Cajatúba, no ano de 1969.


Assim era a Rua Liberato Barroso, em Honório Gurgel, no ano de 1959.

Panorâmica aérea de 1958, mostrando parte do Rio Acari, que divide os bairros de Barros Filho e Honório, e toda ocupação já desordenada as suas margens.

Próximo a região chamada de Parque São Luís, foi inaugurada em 2012 a Vila Olímpica Felix Mieli Venerando e Clínica da Família Aderson Fernandes.



Em 2012 foi inaugurado na Praça Othon Almeida conhecida como Praça do 362, um busto em homenagem a Honório Gurgel. O trabalho artístico foi da escultora Christina Motta.

Na foto o ponto final do conhecido ônibus 362, que faz o percurso de Honório Gurgel até a região chamada Castelo, na Rua Santa Luzia, próximo a Santa Casa de Misericórdia.

Honório Guergel conta com uma escola de samba, a Unidos da Vila Santa Tereza, na esquina da Rua Ururaí com a Rua Liberato Barroso.

Esquina com rua Américo Rocha, na Rua Jurubaíba ocorre a tradicional Feira de Honório Gurgel todos os sábados.

Honório Gurgel conta com algumas igrejas, como a Paróquia Santa Luzia, Capela Nossa Senhora das Graças e Paróquia Santa Teresa de Jesus.

Entre algumas de suas principais ruas está a Rua Ururaí, que liga a estação de Honório até a Avenida dos Italianos e a Estrada João Paulo.

Anitta, que morou ali durante toda a sua infância e juventude. Mencionou o nome do bairro na música "Girl From Rio", lançada em 2021. Além disso, o bairro também foi retratado no livro A vida e o sonho - Memórias afetivas sobre o bairro Honório Gurgel, escrito por Zuleika Sant’Anna.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=87Dg0Wk-U9w

quarta-feira, julho 17, 2024

Comunidade do Aço recebe primeiras unidades do programa Morar Carioca

A comunidade do Aço, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, recebeu, no dia 30 de junho, as primeiras unidades do conjunto habitacional do programa Morar Carioca. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito Eduardo Paes (PSD) participaram da inauguração de três dos 44 blocos previstos no projeto e entregaram 16 apartamentos a famílias da região.

O programa prevê a construção de 704 unidades residenciais, beneficiando cerca de quatro mil pessoas. Divididos em 44 prédios com quatro andares e quatro apartamentos por pavimento - totalizando 16 unidades por bloco - as moradias têm 50m² e contam com dois quartos, sala, cozinha, área de serviço e varanda. Todas as 16 unidades inauguradas neste domingo foram entregues mobiliadas aos novos moradores.

As obras do Morar Carioca do Aço começaram em maio de 2023 e ainda não estão 100% concluídas. Segundo a Prefeitura do Rio, outros dois blocos serão finalizados nas próximas semanas. A expectativa é que 18 prédios sejam entregues até o final do ano e que todas as unidades sejam finalizadas até 2026.

Os investimentos na região foram de aproximadamente R$ 243 milhões, sendo R$ 198 milhões do município e R$ 45 milhões do Governo Federal, realizado através de um empréstimo já assinado pela Prefeitura do Rio com o Banco do Brasil. A obra é de responsabilidade da Empresa Municipal de Urbanização, a Rio-Urbe.

"Tenho grande prazer em entregar uma casa. Por isso, estou aqui. Temos de acabar com o preconceito de que pessoas mais pobres gostam de coisas ruins, de qualidade inferior. O Eduardo está sempre pedindo dinheiro. E digo: quem quer dinheiro do governo federal não tem de fazer discurso, tem de apresentar projeto. E ele vem sempre com um projeto e a gente sabe que cada real aplicado no Rio é em favor do povo trabalhador da cidade", afirmou Lula que participou da cerimônia de inauguração ao lado da primeira-dama, Janja Lula da Silva.

O evento também contou com a presença da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. Junto de Lula, Paes entregou as chaves e os documentos das novas moradias as famílias.

O primeiro casal a ser contemplado pelo programa foi Carmelita e Demerval Gomes de Souza. Eles são moradores da comunidade há 50 anos.

"Estou muito feliz de morar numa casa que tem tudo: fogão, geladeira, cama, sofá, armário, televisão. Nunca pensei que fosse morar numa casa assim. A antiga era no tijolo, com o teto muito baixo e muito quente. Agora, tem até varanda", comemorou Carmelina.

O programa Morar Carioca do Aço inclui, ainda, a construção de uma área de lazer de 28 mil metros quadrados. Nela, terão praças, parques infantis, quadras, pista de skate, palco, academia carioca, áreas de convivência, jardins, entre outros equipamentos.

De acordo com a Prefeitura do Rio, também estão sendo feitas melhorias no entorno do conjunto habitacional. A Rua São Gomário será reurbanizada ao longo de 1,1 mil metros - até o encontro com a Avenida Cesário de Melo - e cerca de 70 mil m² de vias serão pavimentadas. O projeto prevê a construção de uma ciclovia de 2,2 quilômetros e 720 novos pontos de iluminação pública.

A Comunidade do Aço surgiu há mais de 50 anos, após uma tempestade que atingiu o Rio, em 1967. Para abrigar as vítimas do temporal, foi construído um conjunto habitacional chamado Vila Paciência.

Com o passar dos anos, o número de famílias foi aumentando. Vivendo em situações precárias, elas eram acomodadas em casas provisórias, apelidadas de casas-vagões, que acabou dando o nome de Favela do Aço ao local.

"Fui pela primeira vez aos vagões em 2020 e o meu primeiro sentimento foi de muita vergonha. Aí, decidi que se voltasse a prefeitura, essa ia ser a primeira obra do meu governo. E aqui estou, três anos e meio depois, entregando as primeiras unidades mobiliadas. A medida que as famílias vão saindo dos vagões, vamos demolindo a favela e construindo novas unidades", disse Eduardo Paes.

Programa Morar Carioca

O Morar Carioca é um programa de urbanização de comunidades da Prefeitura do Rio, que tem como objetivo integrar essas áreas ao restante da cidade, garantindo serviços essenciais como habitação, infraestrutura urbana, conectividade viária, iluminação pública, coleta de lixo, lazer e paisagismo.

De acordo com a prefeitura, o programa prevê intervenções em 22 comunidades, beneficiando mais de 20 mil moradias. O investimento total é de R$ 500 milhões, sendo R$ 450 milhões para obras de urbanização integrada e R$ 50 milhões para ações de regularização fundiária.

Além da Comunidade do Aço, o Morar Carioca já chegou ao morro Chapéu Mangueira, no Leme, Zona Sul da cidade; em Costa Barros, no Parque Nova Cidade (Acari), na Vila Cruzeiro e Cariri, na Zona Norte; além de diversos bairros da Zona Oeste como o Condomínio das Garças e Caminho Feliz, em Bangu; Santa Maura, em Jacarepaguá; Parque Nobre, no Camorim; Além do Largo do Corrêa, Murundu, Parque Real e Pousada dos Cavalheiros.

Texto de Reginaldo Pimenta

Conheça a história da Favela que deu origem a Comunidade do Aço em Santa Cruz:

Em 1951 as terras da antiga Fazenda da Pedra foram compradas pelo Estado do espólio de Amélia Correia Teixeira. Na década de 60 o espólio de Frank Dodd entrou em litígio com o Estado pela posse da terras e perdeu. Esse foi o local escolhido para a construção do conjunto habitacional Vila Paciência.

Foi construído no final da década de 60, pela Secretaria de Serviços Sociais para residência dos flagelados da chuva de fevereiro de 1967 que assolou a cidade. Primeiramente as famílias eram alojadas na Fundação Leão XIII, na Fazenda Modelo e depois transferidas para o conjunto habitacional. No início foram cerca de 61 famílias transferidas.

Ocupando uma área de nove mil metros quadrados dividido em dez blocos de 40 casas cada um, num total de 400 residências, o conjunto foi construído nas terras da antiga Fazenda da Pedra como um núcleo residencial que funcionava como uma “casa de triagem” para futuras moradias.

As casas foram construídas em alvenaria, com quarto e sala conjugados, cozinha, banheiro , tanque e caberia 6 pessoas . A não construção de esgotos ,falta de água e luz sempre estiveram presentes na vida dos moradores que receberam as casas em forma de aluguel e pagariam uma mensalidade no valor de 10% do salário mínimo.

No início de 70 uma nova leva de remoções trouxe mais famílias para Vila Paciência, mais famílias foram realocadas no Conjunto Habitacional Provisório conhecido como o CHP7 em “casa vagão” . Vem dessa data o nome pelo qual Vila Paciência ficou conhecida como “Favela do Aço” , pelo formato da casas provisórias e o que era um processo de triagem e provisório se transformou em algo definitivo.

Como a maioria das remoções que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, a mudança para a Vila Paciência não foi bem aceita pelos moradores pela falta de estrutura e planejamento. A queixa era falta de médicos, condução e comércio, além de não haver espaço para a mobília, que ficava metade dentro de casa e outra metade do lado de fora.

Uma das ruas mais antigas do conjunto é a rua São Gomário, que no início se chamava Estrada Massapé, um caminho de terra que dava acesso a Vila Paciência.

A escola mais próxima era no Curral Falso, o que era um transtorno para os moradores, por falta de vaga e condução. Com isso muitas crianças ficavam fora do banco escolar. A primeira escola do conjunto, a Escola Haydéa Vianna Fiuza de Castro foi inaugurada em março de 77, mas só começou a funcionar em junho do mesmo ano. Em 2013 foi considerada a melhor escola pública da cidade.

Hoje são 10 mil residências que compõe o conjunto , conhecido como Favela do Aço desde o final de 70 , a favela não possui caixa d’água particular e depende de um único reservatório, cujo abastecimento é irregular. As condições sanitárias são praticamente as mesmas desde o final de 60 , o saneamento básico é irrisório, apesar das visitas de autoridades ao local, nunca houve uma mudança de qualidade de vida para os moradores.

No início dos ano 2000 foi inaugurado um centro para cursos e oficinas para a juventude no local.

Parece que nada mudou em Vila Paciência e na falta de políticas públicas a população pode contar com algumas iniciativas da sociedade civil como @plataformacasa , @acolevante e @pepucdevilapaciencia que atuam no conjunto.

Texto de Deca Serejo.

Fontes de Consulta: 

https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2024/06/6873732-comunidade-do-aco-recebe-primeiras-unidades-do-programa-morar-carioca.html

https://riodecoracaotour.com.br/a-favela-do-aco-em-santa-cruz-rj/

segunda-feira, julho 15, 2024

Francisco Alves Siqueira. O seu Chiquinho de Barra de Guaratiba


No dia 13 de julho de 2024 o Seu Chiquinho se foi. Tendo recentemente completado 100 anos de vida. Mas a sua passagem foi linda, com grandes momentos, grandes amigos, e também com muita história para contar.

Eu tive a honra de conhecê-lo na década de 1980, durante as reuniões do Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, quando a sede ainda era na Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Para mim, Seu Chiquinho foi sem dúvida, um dos escritores mais apaixonados que eu ja conheci pela terra onde viveu.

Chiquinho, como era carinhosamente conhecido por todos, era apicultor, artesão, historiador, escritor e poeta. Teve sete livros publicados: três da história da região de Guaratiba, um de literatura infantil, duas obras biográficas e também um romance. 

Participou de cinco livros de Antologias com poesias e contos; do Agendas Literárias-Guarazão Editorial e deu várias palestras em escolas. 

Foi membro da Academia RJ de Letras e Artes; do Circuito Literário Conversa com Verso; do Grupo Frade de Caminhada Ecológica de Guaratiba; do Grupo Vida Feliz. Foi colunista do Jornal Guarazão (crônicas e contos) e teve várias participações no Concurso Talentos da Maturidade com contos e músicas realizado pelo Banco Real. 

Recebeu quatro moções da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pela edição do “Livro Barra de Guaratiba, Sua Vida, Seu Povo, Seu Passado”; 03 reportagens no Jornal “O Globo” Zona Oeste; teve a colocação do seu nome na Sala de Leitura Francisco Alves Siqueira, na Escola Municipal Floripes Algladas Lucas, em Guaratiba, e também no Esquina Cultural. 

Foi Celebridade da Zona Oeste 2003/2004 pela Sociedade Musical 10 de Maio em Campo Grande, tendo recebido vários diplomas e certificados de participação em eventos culturais.

Tenho certeza que seu caminho continuará a ser lindo no outro plano. Deixo aqui meus sentimentos a todos os seus amigos e familiares.

Veja no vídeo abaixo a participação dele no Programa Expedição Rio da TV Globo que foi ao ar no dia 18/05/2024. Onde Seu Chiquinho deu um show de lucidez relembrando muitas memórias da Barra de Guaratiba, terra que ele tanto amou.

Acesse também o link abaixo e conheça os livros editados pelo historiador Francisco Alves Siqueira.  

https://franciscoalvessiqueira.blogspot.com/?m=0

Texto escrito e postado aqui pelo administrador deste blog.