sábado, outubro 03, 2020

Os Santos Mártires do Rio Grande do Norte



Um dos eventos mais infames da ocupação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais no Brasil foram os massacres de Cunhaú e Uruaçu em 1645 no Rio Grande do Norte, quando soldados holandeses liderados por Jacob Rabbi, junto com índios Janduis e Potiguares, invadiram uma igreja fecharam as portas e investiram contra os colonos matando a todos inclusive o pároco, Padre André de Soveral.

Jacob Rabbi era um judeu alemão, originário de Waldeck, que veio para o Brasil com o conde Maurício de Nassau, em 23 de janeiro 1637. Casado com uma indígena Janduí, de nome Domingas, tinha boas relações com esses nativos com quem viveu durante quatro anos. Serviu de intérprete junto aos índios aliados dos Holandeses. No comando de guerreiros Janduís e Potiguares, Rabbi realizou vários saques e chacinas em engenhos nas capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco.

Os assaltos lhe renderam gado, roupas, joias e outros bens levando-o a acumular uma pequena fortuna. Três meses depois de atacar Cunhaú, outro morticínio ocorreu em Uruaçu onde foram mortas 80 pessoas a mando de Jacob Rabii, em 3 de outubro de 1645. Os mataram ferozmente, arrancaram suas línguas para não proferirem orações católicas, braços e pernas foram decepados, crianças foram partidas ao meio, e grande parte dos corpos foi degolada. As atrocidades cometidas por Jacob Rabii tiveram fim em menos de um ano.

Ele foi assassinado a tiros e golpes de espada na noite de 4 de abril de 1646. Os 150 mortos de Cunhaú e Uruaçu foram reconhecidos como mártires da Igreja Católica por decreto assinado em 21 de dezembro de 1998 pelo papa João Paulo II.

Os mártires são lembrados em duas datas, no dia 16 de julho em Canguaretama, e dia 3 de outubro em São Gonçalo do Amarante. Esta última data é lembrada a caráter estadual: pela lei Nº 8.913/2006, que declara a data feriado estadual. Os Santos Mártires foram canonizados pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017, na Praça de São Pedro, Vaticano.

São lugares de romarias e peregrinações a Capela dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante; o Santuário dos Mártires, no bairro Nossa Senhora de Nazaré em Natal, e a capela de Nossa Senhora das Candeias, no antigo engenho de Cunhaú. 

Fonte: Subsídios para o estudo da história do Rio Grande do Norte.

Originalmente postado na página A Terra de Santa Cruz

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

3 comentários:

3 disse...

São partes violentas da nossa História que na maioria das vezes romantiza a ocupação Holandesa no Brasil assim como na Independência, muitos sequer sabem dos grandes sacrifícios nas batalhas contra as tropas de Portugal, dentre as mais sangrentas a batalha do Genipapo que garantiu as futuras gerações esse Brasil Continental que temos hoje

Adinalzir disse...

Realmente a história do nosso país é recheada de muitos episódios violentos e pouco conhecidos. Agradeço pelo seu comentário!

Unknown disse...

Os Humanos e suas Atrocidades... A facilidade de acesso a episódios históricos tão deploráveis como esse, deveria levar o homem moderno à reflexão quanto às muitas ações egoístas e gananciosas que tomamos hoje... Parabéns por trazer fatos como esse à lembrança