segunda-feira, agosto 04, 2025

Beato Francisco de Paula Victor (1827-1905). Três Pontas, Minas Gerais

Fotografia do Beato Francisco de Paula Victor (1827-1905) com uma família da região de Três Pontas, Minas Gerais, Final do Século XIX.

Acervo do Arquivo Municipal da Prefeitura de Três Pontas

O Beato Paula Victor foi um Padre Mineiro de 1851 a 1905. É conhecido no Brasil como o "Apóstolo da Caridade" por seu tratamento caritativo aos pobres. É o primeiro ex-escravo brasileiro que se tornou padre a ser considerado para canonização. Nascido em Campanha; Minas Gerais, no ano de 1827 filho de mãe escrava Lourença Justiniana de Jesus e pai desconhecido. 

Sua madrinha era dona de sua mãe, Marianna Santa Barbara Ferreira, que era conhecida por tratar seus escravos com dignidade. Sob a tutela de sua madrinha, Victor aprendeu a ler e a escrever, além de aprender a língua francesa e as nuances do piano. Victor foi aprendiz de um alfaiate, mas seu único desejo era se tornar um sacerdote. Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana, visitou Campanha em 1848. Victor, então procurou dom Viçoso e disse que tinha o desejo de ser padre. Com a ajuda do Bispo, entrou para o seminário de Mariana, onde foi aceito em 05 de junho de 1849. No entanto, sofreu muita discriminação de seus colegas seminaristas, sendo tratado como um escravo.

Um seminarista reconheceu mais tarde seus méritos: "Victor foi paciente, sempre paciente" enquanto outro escreveu que "Victor sempre teve esperança". Foi por causa de sua natureza humilde, bem como sua pura determinação para se tornar um padre que ele conseguiu ganhar a simpatia de todos. Foi ordenado padre em 1851, porém grande parte da população não aceitava que um ex-escravo negro pudesse ser um padre e por isso se recusaram a receber o Santíssimo Sacramento dele. Com a intervenção de Dom Antônio Ferreira Viçoso, sempre seu protetor, foi enviado para servir como vigário da paróquia em Três Pontas, onde serviria até sua morte, infelizmente Victor foi recebido no início com confusão e raiva pela elite proprietária de escravos da cidade. 

Nas missas que celebrava, ele foi submetido pelos paroquianos brancos a piadas ofensivas e outras humilhações lançadas contra ele.

Nas missas que celebrava, ele foi submetido pelos paroquianos brancos a piadas ofensivas e outras humilhações lançadas contra ele. Apesar disso, ele foi resoluto em cumprir seus deveres como pároco, sua humildade e a paciência, levaram padre Victor não somente a ser aceito mas até mesmo “idolatrado” pelos seus paroquianos. Ele foi pároco de Três Pontas por mais de cinquenta anos, ou seja, até a sua morte em 23 de setembro de 1905.

Uma de suas iniciativas foi o estabelecimento do Colégio da Sagrada Família. Estava aberto a todas as crianças, independentemente de raça, e classe social, e ali ensinava música, a língua francesa e catecismo. Também ajudou a construir a Paróquia Nossa Senhora D'Ajuda de Três Pontas. O beato Victor Morreu em 1905 após um derrame, causando comoção na população da região. Em 2012 ganhou o título de Venerável da Igreja Católica, e em 2015 teve a sua beatificação autorizada pelo Vaticano. 

Fonte: Enciclopédia brasileira da diáspora africana.

Repostado do @brasil_imperial

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