sábado, dezembro 21, 2024

O livro Propaganda do Brasil de Maurício de Nassau

O Livro “História dos Feitos Recentemente Praticados Durante Oito Anos no Brasil e Noutras Partes sob o Governo de Wesel, Tenente-General de Cavalaria das Províncias-Unidas sob o Príncipe de Orange” do Teólogo e Polímata Holandês Gaspar Barléu (1647) foi encomendada por Maurício de Nassau que desejava que o autor fizesse um relato que enaltecesse seus feitos como governador do Brasil Holandês, sediado na Capital de Pernambuco, entre 1637 a 1643.

Nassau colocou à disposição de Barleu as narrativas e desenhos elaborados durante a fase holandesa, o que nos levou à formulação da hipótese de que ele teria se baseado nessas fontes para escrever seu livro.



A tradução em português acabou por tornar-se um documento importante sobre os costumes e obras empreendidas durante o período holandês no Brasil, servindo assim de substrato para se ter uma aproximação do período estudado.


É sobre esta obra: Feitos recentemente praticados durante os oito anos no Brasil de Barleu que este trabalho será baseado, tendo como assunto o estudo da narração do mesmo a respeito dos estudos feitos na época holandesa no Brasil, pelos naturalistas que acompanhavam Maurício de Nassau, durante a fase comumente chamada de Brasil Holandês, entre os anos de 1637 e 1644. Focarei, mais precisamente, os estudos de Jorge Margrave e Guilherme Piso que, atualmente, constituem-se como importante referência sobre a fauna e flora do Brasil colônia da parte ocupada pelos holandeses.

Segundo o Guia de informações sobre o Brasil holandês, essa obra de Barleu é tida como um dos livros, esteticamente falando, mais bem elaborados e produzidos sobre o Brasil colônia, contendo grande número de mapas e ilustrações da região, retratando o que foi feito no Brasil, assim como em outros lugares, como no Chile e na África.

Sabe-se, através do exposto no Guia de informações para a história do Brasil holandês, que: “Um dos exemplares das cópias foi presenteado a D.João IV, pelo embaixador de Portugal, Francisco de Souza Coutinho, na Holanda, na época do seu lançamento em 1647. O exemplar pertencente à Biblioteca Real veio para o Brasil em 1808.

1 - Na obra de Barleu existem idealizações feitas sobre a administração de Nassau, o que já era esperado, pois o livro foi escrito para enaltecê-lo, como acontece no seguinte caso: “Deu sem dúvida, o Conde notável e raro exemplo de justiça e de eqüidade sobre os bárbaros, cumulando-os com todo o gênero de benefícios e decretando para seus trabalhos digna paga para os seus serviços”. Na obra de Gaspar Barleu, há a descrição do contexto histórico que originou a formação dos Países Baixos, seu papel no comércio de açúcar, assim como as relações destes com a Espanha e suas políticas de retaliação comercial aos holandeses durante o século XVI, que os levou a se decidirem pela ocupação da Bahia e Pernambuco no século XVII.

As questões religiosas a respeito do convívio entre holandeses protestantes, brasileiros católicos e judeus são descritas por Barleu, que menciona certa liberdade que Nassau adotou durante a sua administração, dando aos judeus a licença de descansarem do serviço de guarda aos sábados e dando liberdade aos católicos de praticarem a sua religião.

Como se observa em trabalhos escritos no século XX, nem sempre essa liberdade era de fato gozada. O exemplo a seguir trata das atitudes dos holandeses para com os católicos e judeus em relação às procissões católicas: [...] “Em alguns lugares onde os brasileiros se sentiam em maior número, continuaram a levar às ruas suas imagens. Em várias ocasiões estas procissões acabaram com muita gente surrada e algumas mortes” [...] Há no livro de Gaspar Barleu referências aos feitos de Nassau com menções ao palácio de Friburgo e as riquezas naturais encontrada em seu perímetro:

“Além dos palácios, também foi construído um horto que foi feito no Palácio de Virijburg, onde foram plantadas 252 laranjeiras, além de 600 que reunidas serviam de cerca; 80 pés de limões doces, 80 romãzeiras e 66 figueiras e árvores da terra; mamoeiros, jenipapeiros, mangabeiras, cajueiros, ubaias, palmeiras, pitangueiras, bananeiras; um zoobotânico com grande números de animais e aves vindos de quase todo o Brasil e África”. Há momentos no livro de Gaspar Barleu em que há grandes enaltecimentos aos feitos de Maurício de Nassau.

Autor da Pesquisa:

@brasilis_regnum A Terra de Santa Cruz

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