segunda-feira, dezembro 30, 2024

Caminhos do Tempo (Crônica criada e escrita por José Luiz Ricchetti)


“Há um silêncio que chega com os anos, e ele não é feito apenas da ausência de ruídos, mas da transição suave entre o que éramos e o que nos tornamos. Aos 60, você começa a sentir a sutileza do distanciamento. A sala que antes pulsava com suas ideias agora parece cheia de vozes que não pedem mais sua opinião. Não é uma rejeição, é o ritmo da vida. É quando aprendemos que nossa contribuição não está no presente imediato, mas nos rastros que deixamos nos corações e mentes ao longo do caminho.

Aos 65, você percebe que o mundo corporativo, outrora tão vital, é um fluxo incessante. Ele segue, indiferente ao que você fez ou deixou de fazer. Não é uma derrota, é a libertação. Esse é o momento de olhar para si mesmo, despir-se do ego e vestir a serenidade. Não se trata mais de provar, mas de ensinar, de compartilhar, de ser mentor. A verdadeira realização não é a que se exibe, mas a que inspira.

Aos 70, a sociedade parece lhe esquecer, mas será mesmo? Talvez seja apenas um convite para reavaliar o que realmente importa. Os jovens não o reconhecerão pelo que você foi, e isso é uma bênção disfarçada: você pode agora ser apenas quem você é. Sem máscaras, sem títulos, apenas a essência. Os velhos amigos, aqueles que não perguntam “quem você era”, mas “como você está”, tornam-se joias preciosas, diamantes que brilham no crepúsculo da vida. 

E então, aos 80 ou 90, é a família que, na sua correria, se afasta um pouco mais. Mas é aí que a sabedoria nos abraça com força. Entendemos que amor não é posse; é liberdade. Seus filhos, seus netos, seguem suas vidas, como você seguiu a sua. A distância física não diminui o afeto, mas ensina que o amor verdadeiro é generoso, não exigente.

Quando a Terra finalmente chamar por você, não há motivo para medo. É a última dança de um ciclo natural, o encerramento de um capítulo escrito com suor, lágrimas, risos e memórias. Mas o que fica, o que realmente nunca será eliminado, são as marcas que deixamos nas almas que tocamos.

Portanto, enquanto há fôlego, energia, enquanto o coração bate firme, viva intensamente. Abrace os encontros, ria alto, desfrute os prazeres simples e complexos da vida. Cultive suas amizades como quem cuida de um jardim. Porque, no final, o que resta não são as conquistas, nem os títulos, nem os aplausos. O que resta são os laços, os momentos partilhados, a luz que espalhamos.

Seja luz, seja presença, e você será eterno.

Dedico a todos que entendem que o tempo não apaga, mas apenas transforma.”

José Luiz Ricchetti – 11/12/24.

Uma pequena biografia sobre o autor:

José Luiz Ricchetti é brasileiro, nascido em São Manuel, uma pequena cidade do interior paulista, aos 8 de outubro de 1952. É casado, tem três filhos, e uma neta.

Formado em engenharia mecânica, com pós-graduação pela FGV de SP, em Administração de Empresas e Comércio Exterior e MBA em Gestão de TI e Telecom pelo INATEL-UCAM - RJ.

Profissionalmente atuou por mais de 40 anos, em uma carreira sólida como executivo de grandes empresas brasileiras e multinacionais no Brasil e no exterior. Posteriormente fundou suas próprias empresas, com escritórios nos Estados Unidos, Portugal e Peru.

Residiu no exterior por vários anos e realizou inúmeras viagens pelo mundo, onde teve a oportunidade de entrar em contato com as várias culturas, nos três continentes, América, Europa e Ásia.

Retornou ao Brasil em 2003 e fixou residência em São Paulo. Em 2017 se mudou para a cidade de São Carlos, onde encerrou sua carreira de executivo para se dedicar a escrever crônicas, contos e livros.

Suas crônicas, contos e livros são de uma linguagem simples, clara e objetiva e abordam normalmente fatos do cotidiano, que se entrelaçam com presente, passado e futuro.O autor tem uma facilidade incrível de trafegar tanto pela ficção, como pelo romance e pela espiritualidade, com textos carregados de positivismo e bom humor.

Pesquisa feita e colocada aqui pelo administrador do Saiba História.

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