Veio a ser uma das figuras mais ricas, conhecidas e respeitadas no Brasil ao longo do século XIX, nas Freguesias de Sacra Família do Tinguá, Vassouras e Paraíba do Sul, Rio Claro.
Nascido no Rio de Janeiro em 1768 (ou em Portugal, segundo alguns autores, em 1772), era filho de Fernando Dias Paes Leme (Fidalgo da Casa Imperial, Alcaide-Mor da Bahia, Comendador da Ordem de Cristo e Guarda-Mor das Minas) e de D. Francisca Peregrina de Souza e Mello Cerqueira Corrêa, de origem portuguesa. Pedro Dias vinha a ser bisneto de Garcia Rodrigues Paes, o destemido bandeirante que abriu o Caminho Novo de Minas ligando Vila Rica ao Rio de Janeiro.
Pedro Dias Paes Leme, o primeiro filho do casal Fernando/Francisca, veio a ser uma das figuras mais ricas, conhecidas e respeitadas no Brasil ao longo do século XIX, em especial na área do Sul Fluminense circunscrita pelas Freguesias de Sacra Família do Tinguá, Vassouras e Paraíba do Sul, estendendo ainda sua influência para a atual região do Município de Rio Claro.
Titulado marquês de São João Marcos, foi também agraciado com as honrarias de Gentil-Homem da Imperial Câmara Brasileira, Reposteiro-Mor do Império, Grande do Império, Chefe da 4ª Guarda Geral das Minas, 3º Senhor do Morgado de Belém e 4º Senhor da Vila de São João Marcos. Ostentava também as Comendas de Grande do Império por Portugal e Cavaleiro da Real Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de Portugal.
O Morgado de Pedro Dias Paes Leme englobava uma vastíssima sesmaria que possuía duas léguas e meia de testada por duas de fundo, alcançando a atual área de Sacra Família do Tinguá, descendo para a baixada que compreende o atual distrito miguelense de Conrado e o logradouro vizinho de Paes Leme, atravessando terras de Japeri e Paracambi para atingir o Município de Rio Claro, em cujo território nasceu o belo distrito de São João Marcos, onde estava mergulhado nas águas da represa da Light, hoje ressurgiu com a baixa das águas da represa e constitui um sítio arqueológico de enorme importância histórica, restaurado pela Light.
Como se pode depreender, Pedro Dias Paes Leme exerceu um papel preponderante na colonização de quase toda a baixada hoje pertencente a Miguel Pereira, tanto que, em finais do século passado, uma parada da ferrovia foi denominada Paes Leme em homenagem à família. Por outro lado, a estação ferroviária e a cidade que conhecemos como Japeri nasceram nas terras formadoras de sua famosa e rica fazenda chamada Belém.
O marquês, entretanto, não limitava sua vida apenas às atividades de administração de suas propriedades, aqui se considerando ainda as terras herdadas em Paraíba do Sul. Sendo um Gentil-Homem do Império, participou com desenvoltura dos movimentos políticos que agitavam os últimos anos do 1º Reinado, convivendo assim com as figuras políticas mais expressivas da época.
O marquês casou-se pela primeira vez com D. Rita Ricardina de Souza Coutinho da Cunha Porto, tendo com elas os seguintes filhos:
1. FERNANDO DIAS PAES
Nascido em 17 de dezembro de 1811, no Rio de Janeiro.
2. IGNÁCIO DIAS PAES LEME
Nascido em 26 de janeiro de 1816, no Rio de Janeiro.
3. BALBINA PAES LEME
Nascida no Rio de Janeiro.
4. ANA RICARDINA PAES LEME
Nascida no Rio de Janeiro, faleceu em 1895 sem deixar filhos.
Enviuvando, o marquês esposou a cunhada Mariana Carolina de Souza Coutinho da Cunha Porto, Dama Honorária da Imperatriz. Ela e a falecida irmã eram filhas de José Alves da Cunha Porto e de D. Mariana Perpétua de Azevedo Coutinho, todos naturais de Minas Gerais. Com a segunda esposa, Pedro gerou mais 6 filhos, a saber:
5. RITA RICARDINA PAES LEME
Nascida no Rio de Janeiro em data ignorada.
6. DR. PEDRO DIAS PAES LEME
Nascido em 13 de junho de 1822 na cidade do Rio de Janeiro.
7. DR. FRANCISCO DE ASSIS PAES LEME
Nascido no Rio de Janeiro, formou-se em Medicina, falecendo solteiro e sem geração.
8. DR. PEDRO LEME BETIM
Nasceu no Rio de Janeiro. Também médico, morreu solteiro e sem filhos.
9. DR. ANTÔNIO DIAS PAES LEME
Nascido no Rio de Janeiro. Bacharel em Direito.
10. DR. LUIZ LEME BETIM
Nascido no Rio de Janeiro.
Digno de registro é o fato de que o sobrenome Leme, por várias gerações, somente sobreviveu entre as mulheres da família. No século XVIII, seu uso foi restabelecido pelos homens, sempre antecedido pelo Dias Paes (das estirpes mais antigas) ou então simplesmente Paes (de uso bem mais recente), razão pela qual o célebre Fernão Dias Paes e o filho Garcia jamais assinavam Leme, muito embora, na lápide de Fernão, em São Paulo, tenha sido gravado esse famoso sobrenome.
O Marquês faleceu no Rio de Janeiro aos 100 anos, no dia 15 de dezembro de 1868.
BRASÃO DE ARMAS: Em campo de ouro cinco melros negros, sem pés nem bicos, postos em sautor (vide a imagem acima).
TIMBRE: uma aspa de ouro e no meio um melro do escudo, com Carta de Brasão passada por Alvará de 1471 para a estirpe Leme e confirmada em 20 de dezembro de 1750.
Texto do Historiador Sebastião Deister.
FONTE: https://www.jornalregional.rio/jornalregional2/
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