quarta-feira, julho 17, 2024

Comunidade do Aço recebe primeiras unidades do programa Morar Carioca

A comunidade do Aço, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, recebeu, no dia 30 de junho, as primeiras unidades do conjunto habitacional do programa Morar Carioca. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito Eduardo Paes (PSD) participaram da inauguração de três dos 44 blocos previstos no projeto e entregaram 16 apartamentos a famílias da região.

O programa prevê a construção de 704 unidades residenciais, beneficiando cerca de quatro mil pessoas. Divididos em 44 prédios com quatro andares e quatro apartamentos por pavimento - totalizando 16 unidades por bloco - as moradias têm 50m² e contam com dois quartos, sala, cozinha, área de serviço e varanda. Todas as 16 unidades inauguradas neste domingo foram entregues mobiliadas aos novos moradores.

As obras do Morar Carioca do Aço começaram em maio de 2023 e ainda não estão 100% concluídas. Segundo a Prefeitura do Rio, outros dois blocos serão finalizados nas próximas semanas. A expectativa é que 18 prédios sejam entregues até o final do ano e que todas as unidades sejam finalizadas até 2026.

Os investimentos na região foram de aproximadamente R$ 243 milhões, sendo R$ 198 milhões do município e R$ 45 milhões do Governo Federal, realizado através de um empréstimo já assinado pela Prefeitura do Rio com o Banco do Brasil. A obra é de responsabilidade da Empresa Municipal de Urbanização, a Rio-Urbe.

"Tenho grande prazer em entregar uma casa. Por isso, estou aqui. Temos de acabar com o preconceito de que pessoas mais pobres gostam de coisas ruins, de qualidade inferior. O Eduardo está sempre pedindo dinheiro. E digo: quem quer dinheiro do governo federal não tem de fazer discurso, tem de apresentar projeto. E ele vem sempre com um projeto e a gente sabe que cada real aplicado no Rio é em favor do povo trabalhador da cidade", afirmou Lula que participou da cerimônia de inauguração ao lado da primeira-dama, Janja Lula da Silva.

O evento também contou com a presença da presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. Junto de Lula, Paes entregou as chaves e os documentos das novas moradias as famílias.

O primeiro casal a ser contemplado pelo programa foi Carmelita e Demerval Gomes de Souza. Eles são moradores da comunidade há 50 anos.

"Estou muito feliz de morar numa casa que tem tudo: fogão, geladeira, cama, sofá, armário, televisão. Nunca pensei que fosse morar numa casa assim. A antiga era no tijolo, com o teto muito baixo e muito quente. Agora, tem até varanda", comemorou Carmelina.

O programa Morar Carioca do Aço inclui, ainda, a construção de uma área de lazer de 28 mil metros quadrados. Nela, terão praças, parques infantis, quadras, pista de skate, palco, academia carioca, áreas de convivência, jardins, entre outros equipamentos.

De acordo com a Prefeitura do Rio, também estão sendo feitas melhorias no entorno do conjunto habitacional. A Rua São Gomário será reurbanizada ao longo de 1,1 mil metros - até o encontro com a Avenida Cesário de Melo - e cerca de 70 mil m² de vias serão pavimentadas. O projeto prevê a construção de uma ciclovia de 2,2 quilômetros e 720 novos pontos de iluminação pública.

A Comunidade do Aço surgiu há mais de 50 anos, após uma tempestade que atingiu o Rio, em 1967. Para abrigar as vítimas do temporal, foi construído um conjunto habitacional chamado Vila Paciência.

Com o passar dos anos, o número de famílias foi aumentando. Vivendo em situações precárias, elas eram acomodadas em casas provisórias, apelidadas de casas-vagões, que acabou dando o nome de Favela do Aço ao local.

"Fui pela primeira vez aos vagões em 2020 e o meu primeiro sentimento foi de muita vergonha. Aí, decidi que se voltasse a prefeitura, essa ia ser a primeira obra do meu governo. E aqui estou, três anos e meio depois, entregando as primeiras unidades mobiliadas. A medida que as famílias vão saindo dos vagões, vamos demolindo a favela e construindo novas unidades", disse Eduardo Paes.

Programa Morar Carioca

O Morar Carioca é um programa de urbanização de comunidades da Prefeitura do Rio, que tem como objetivo integrar essas áreas ao restante da cidade, garantindo serviços essenciais como habitação, infraestrutura urbana, conectividade viária, iluminação pública, coleta de lixo, lazer e paisagismo.

De acordo com a prefeitura, o programa prevê intervenções em 22 comunidades, beneficiando mais de 20 mil moradias. O investimento total é de R$ 500 milhões, sendo R$ 450 milhões para obras de urbanização integrada e R$ 50 milhões para ações de regularização fundiária.

Além da Comunidade do Aço, o Morar Carioca já chegou ao morro Chapéu Mangueira, no Leme, Zona Sul da cidade; em Costa Barros, no Parque Nova Cidade (Acari), na Vila Cruzeiro e Cariri, na Zona Norte; além de diversos bairros da Zona Oeste como o Condomínio das Garças e Caminho Feliz, em Bangu; Santa Maura, em Jacarepaguá; Parque Nobre, no Camorim; Além do Largo do Corrêa, Murundu, Parque Real e Pousada dos Cavalheiros.

Texto de Reginaldo Pimenta

Conheça a história da Favela que deu origem a Comunidade do Aço em Santa Cruz:

Em 1951 as terras da antiga Fazenda da Pedra foram compradas pelo Estado do espólio de Amélia Correia Teixeira. Na década de 60 o espólio de Frank Dodd entrou em litígio com o Estado pela posse da terras e perdeu. Esse foi o local escolhido para a construção do conjunto habitacional Vila Paciência.

Foi construído no final da década de 60, pela Secretaria de Serviços Sociais para residência dos flagelados da chuva de fevereiro de 1967 que assolou a cidade. Primeiramente as famílias eram alojadas na Fundação Leão XIII, na Fazenda Modelo e depois transferidas para o conjunto habitacional. No início foram cerca de 61 famílias transferidas.

Ocupando uma área de nove mil metros quadrados dividido em dez blocos de 40 casas cada um, num total de 400 residências, o conjunto foi construído nas terras da antiga Fazenda da Pedra como um núcleo residencial que funcionava como uma “casa de triagem” para futuras moradias.

As casas foram construídas em alvenaria, com quarto e sala conjugados, cozinha, banheiro , tanque e caberia 6 pessoas . A não construção de esgotos ,falta de água e luz sempre estiveram presentes na vida dos moradores que receberam as casas em forma de aluguel e pagariam uma mensalidade no valor de 10% do salário mínimo.

No início de 70 uma nova leva de remoções trouxe mais famílias para Vila Paciência, mais famílias foram realocadas no Conjunto Habitacional Provisório conhecido como o CHP7 em “casa vagão” . Vem dessa data o nome pelo qual Vila Paciência ficou conhecida como “Favela do Aço” , pelo formato da casas provisórias e o que era um processo de triagem e provisório se transformou em algo definitivo.

Como a maioria das remoções que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro, a mudança para a Vila Paciência não foi bem aceita pelos moradores pela falta de estrutura e planejamento. A queixa era falta de médicos, condução e comércio, além de não haver espaço para a mobília, que ficava metade dentro de casa e outra metade do lado de fora.

Uma das ruas mais antigas do conjunto é a rua São Gomário, que no início se chamava Estrada Massapé, um caminho de terra que dava acesso a Vila Paciência.

A escola mais próxima era no Curral Falso, o que era um transtorno para os moradores, por falta de vaga e condução. Com isso muitas crianças ficavam fora do banco escolar. A primeira escola do conjunto, a Escola Haydéa Vianna Fiuza de Castro foi inaugurada em março de 77, mas só começou a funcionar em junho do mesmo ano. Em 2013 foi considerada a melhor escola pública da cidade.

Hoje são 10 mil residências que compõe o conjunto , conhecido como Favela do Aço desde o final de 70 , a favela não possui caixa d’água particular e depende de um único reservatório, cujo abastecimento é irregular. As condições sanitárias são praticamente as mesmas desde o final de 60 , o saneamento básico é irrisório, apesar das visitas de autoridades ao local, nunca houve uma mudança de qualidade de vida para os moradores.

No início dos ano 2000 foi inaugurado um centro para cursos e oficinas para a juventude no local.

Parece que nada mudou em Vila Paciência e na falta de políticas públicas a população pode contar com algumas iniciativas da sociedade civil como @plataformacasa , @acolevante e @pepucdevilapaciencia que atuam no conjunto.

Texto de Deca Serejo.

Fontes de Consulta: 

https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2024/06/6873732-comunidade-do-aco-recebe-primeiras-unidades-do-programa-morar-carioca.html

https://riodecoracaotour.com.br/a-favela-do-aco-em-santa-cruz-rj/

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2 comentários:

Antonio Neto disse...

Sempre é muito bom conhecer essas histórias!

Adinalzir disse...

Muito bom saber que você gostou.
Valeu Antonio Neto!