Era véspera de feriado e tinha Fla-Flu no Maracanã, mas a Travessa de Botafogo ficou pequena para a multidão que prestigiou o lançamento de “Arquitetura da destruição – Um diário da era Bolsonaro, do palanque à condenação”, novo livro de Bernardo Mello Franco, que compila colunas publicadas no Globo.
Antes dos autógrafos, Bernardo e o cientista político Celso Rocha de Barros apontaram ações e omissões que “empurraram o país até a beira do abismo”.
Os dois contaram como o léxico foi transformado, incorporando palavras como “motociata”, “mimimi”, “imbrochável”, “olavismo”, “negacionismo”, “globalismo”.
O deputado federal Chico Alencar, que conviveu com Bolsonaro desde que era vereador, brincou que merecia adicional de insalubridade por escutar tantas agressões (ao bom senso, à democracia, à civilidade etc) durante décadas. Ele lembrou que o próprio Bolsonaro conhecia suas limitações, a ponto de ter dito, já eleito: “Como é que eu vou governar essa merda?”.
Um político de baixo clero, acostumado à roubalheira miúda, que iria expandir o crime em escala nacional.
O livro, lançado pela editora Autêntica, mostra como, eleito pelo voto, ele passou a corroer a democracia por dentro. Militarizou o governo, tentou sufocar imprensa e oposição, atacou a cultura e as universidades, afrontou a ciência, mostrou desdém pelas famílias enlutadas, incitou seus radicais contra o Congresso e o judiciário.
Sobre a tentativa de golpe, eles citaram Eugênio Bucci: “Foi por um triz.” Ou seja, bateu na trave.
As colunas explicitam como o projeto do golpe estava claro desde sempre. Não viu quem não quis, mostra Bernardo.


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