sábado, maio 13, 2023

O Fotógrafo Alemão que retratou a Escravidão do Brasil Império


No dia 27 de maio de 1866, aos 39 anos de idade, desembarcou no Porto do Recife o fotografo alemão Alberto Henschel, passageiro do patacho hamburguês Catherine Jane. Em 18 de junho, anúncio no Diario de Pernambuco comunicou que ele primeiro se instalou no ateliê de Júlio dos Santos Pereira, na Rua do Imperador, número 38.

Empresário de sucesso no ramo recente da fotografia, com estúdios também em Salvador e São Paulo, Alberto Henschel não se limitou apenas fazer retratos da nobreza, dos comerciantes e de quem possuía dinheiro para ser imortalizado em uma chapa.

Ele também registrou os negros, livres ou escravos, em um período ainda anterior à Lei Áurea. Na coleção das imagens feitas em estúdio, no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro, vê-se pessoas com sua dignidade preservada, no mesmo padrão dos cartes-de-visite da elite

Pouco sabemos sobre a história de Henschel antes de sua chegada no Brasil em 1866. A antropóloga cultural alemã Margrit Prussat, escreveu brevemente sobre Henschel em sua obra Fotografien der afrikanischen Diaspora in Brasilien 1860 –1920 onde revela que o fotógrafo, era de origem judaica e que possuía 4 irmãos, todos eram filhos de empresários do ramo da litografia.

Produzidas nas décadas de 1860 e 1870, suas fotografias mostram pessoas que ainda esperariam quase 20 anos até que a escravidão fosse oficialmente extinta no Brasil. Não há indicações de nomes e funções (a não ser o “matuto”, que deveria ser um vaqueiro).

Já em 1877, o estúdio do fotógrafo transferiu-se para o número 52 da Rua Nova (então Rua do Barão da Vitória). Alberto Henschel mudou-se depois para Corte, no Rio de Janeiro, fazendo fotos da família real e paisagens da capital e arredores.

O alemão deixou para a história um registro diferente da escravidão. O olhar de um estrangeiro que se tornou um brasileiro. Faleceu em 30 de junho de 1882 e foi enterrado no setor judaico do Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro.

Fonte: brazil_imperial

2 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Além do seu valor de ter Alberto Henschel colocado o negro na fotografia brasileira do século XIX, ele registrou belas imagens do Rio de Janeiro da época imperial, durante o Segundo Reinado. Seu legado é de grande importância para a cidade e para o país!

Anônimo disse...

Belo trabalho.