No Brasil, o costume de malhar o Judas veio com os portugueses e se propagou até hoje graças à irreverência e ao espírito ritualístico e brincante do povo brasileiro que têm mais vivos e pulsantes os elementos ancestrais, as raízes que identificam a cultura nacional em sua formação mais significativa.
A malhação do Judas é, por natureza, um espetáculo que encerra características do teatro antigo, dos grandes autos populares. É uma comédia travestida dos elementos cartáticos da tragédia, conforme a teoria aristotélica, “a piedade e o terror”.
A Malhação de Judas simboliza a morte de Judas Iscariotes, o apóstolo que entregou a localização de Jesus aos romanos por 30 moedas de prata. No dia seguinte à crucificação, Judas foi encontrado morto, enforcado em uma árvore (sic). Como Judas foi considerado um traidor na tradição católica, muitas pessoas queriam a desforra.
Na tradição popular, a Malhação de Judas consiste em construir um boneco do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos ou jornal., e surrá-lo pelas ruas de um bairro e atear fogo a ele ou enforcá-lo.
No Brasil, era comum enfeitar o boneco com máscaras ou placas com o nome de políticos, técnicos de futebol ou personalidades que seriam “canceladas” pelo povo.
Nos últimos anos, essa tradição foi perdendo força em cidades maiores. Hoje ocorre com mais frequência em pequenas bairros e cidades do interior.
Texto e Fotos: @historias_cariocas
4 comentários:
Parabéns pelo texto! Bem interessante esse registro do Debret nas terras brasileiras já nos primeiros meses de nossa Independência. Mas, sinceramente, essa é uma tradição cuja continuidade não apoio pois instiga vingança, violência e, indiretamente, até preconceito contra um povo por lembrar um pogrom sendo o nome do apóstolo traidor o mesmo de Judá, o filho de Jacó de cuja tribo israelita os judeus, incluindo o rei Davi e o próprio Jesus, descendiam. Penso que toda cultura está em permanente movimento de modo que a evolução nos faz mudar. Por isso, por mais que uns me chamem de mimimizento, acho uma maravilha que, por exemplo, os passeios de charrete em Petrópolis e em Paquetá sejam substituídos por veículos automotores em velocidade reduzida. Um abraço e feliz Páscoa
Prezado Rodrigo
Também achei bem interessante o texto. Ainda mais pelo registro de Debret. No mais penso exatamente igual a você. Acho que toda cultura tem que evoluir. Um abraço e uma Feliz Páscoa para você também!
Quando criança nos anos 60, 70, achava legal Porém já adulto e ligado com a vida real e os estudos. etc) Passei a não cultivar o hábito. Apesar da informação textual ser uma cenário de nossa memória e história social. O Conteúdo ainda que elucidativo agrega aos desavisados um revanchismo e uma medieval aumento ao preconceito contra os judeus. Bastaria algumas linhas não para negar o óbvio mas apenas minimizar o peso de uma prática que não se justifica mais !
Meu caro LOTT BSB
Também concordo com você. Faltou evolução nesse contexto cultural.
Um abraço e uma Páscoa iluminada!
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