Outras explosões logo se fizeram sentir, gerando mais comoção popular e aumentando o desespero de todos. Perguntavam entre si... Seria uma nova guerra? Uma revolução? Um acidente nuclear? Ou mesmo o fim dos tempos? Somente no dia seguinte, quando os jornais do Estado noticiaram, é que todos iriam saber. O paiol ou Depósito Central de Armamento e Munição do Exército, localizado na serra do Gericinó, Bairro de Deodoro, havia explodido. Para que todos tenham ideia do tamanho do estrago, o complexo de Deodoro, o maior da América Latina, era formado por dez paióis e 60 depósitos de armamento bélico, com uma quantidade de armas e munições suficientes para mandar todos os bairros do Rio de Janeiro pelos ares. Foi quase isso o que ocorreu.
Contam que sepulturas foram arrasadas no cemitério de Ricardo de Albuquerque, que ficava ao lado do paiol, e restos mortais dos defuntos apareceram boiando na Praia de Ramos, distante muitos quilômetros do local, tal a dimensão do explosivo acontecimento.
O desfortúnio foi de tal forma grandioso, marcante, inesquecível para qualquer carioca que testemunhou aquela distante madrugada do ano de 1958, que permanece como o evento mais barulhento e luminoso de uma cidade naturalmente explosiva, ao ponto de, tanto eu quanto o meu irmão Rogerio Melo, ainda crianças, até hoje, lembrarmos claramente daquele catastrófico dia.
Quem mais do grupo ainda se lembra daquele evento?
Texto de Romario Melo
Histórias de Bangu - A Memória de um bairro. (Grupo no Facebook)
7 comentários:
Quando ocorreu as explosões eu tinha 7 anos, e morava bem próximo ao centro de Campo Grande. Me lembro dos meus Pais comentando sobre famílias com crianças chegando em Campo Grande com a roupa do corpo e segurando alguns pertences. Mais eu não cheguei a ver essas famílias, mais me lembro do ocorrido. Na época só se comentava sobre a "Explosão de Deodoro". É a primeira vez que vejo alguém comentar esse fato.
Valeu 👍.
Eu não sabia obrigada pela informação
Meu avô contava, que na época do ocorrido, ele andou da Taquara até Deodoro por cima dos morros para buscar notícias do meu tio ,que era recruta de um daqueles quartéis na época. Graças a Deus a notícia foi boa.
Eu estava lá! Nesse ano tinha eu 14 anos, morava na rua Vitor, em Marechal Hermes.Quando fui acordado por minha mãe desesperada dizendo que o paiol de Deodoro estava pegando fogo! Não sabia o que era paiol nem tão pouco que existia um em Deodoro, bairro vizinho! A essas alturas entre uma e duas horas da madrugada as ruas estavam cheias de pessoas, muitas de pijamas e camisolas. Éramos na época entre pai e mãe, sete pessoas que instruídos por pessoas do exército saímos a pé em direção à Bento Ribeiro,subúrbio vizinho, porém não seria o destino final pois as explosões acontecia como em batalhas de gurras, torpedos voavam sem direção pelo céu, e clarões a todo momento fazendo a noite virar dia, o exército nos instruia a nós deitar no chão a cada assovio de uma nova bomba que explodia , minha mãe tinha dificuldades para se deitar, e levantar meu pai carregava minha irmã mais nova ! Dessa forma fomos parar em Cascadura na Avenida Ernani Cardoso em uma sala do Curso Soeiro onde meu pai trabalhou por algum tempo ! Não me me lembro quanto tempo ficamos por ali até que a situação se normalizase pois dias depois diziam que poderia voltar a explodir ! Mas não aconteceu !
Morava em Nilópolis nessa época e lembro bem das explosões e multidões correndo desesperadas, sem saber o que estava acontecendo.
Dias depois, outra explosão durante o dia causou mais correria. Eram as munições que continuavam explodindo.
Eu estava lá. Inesquecível. Morava nos apartamentos da Fundação, em Guadalupe. Polêmicas a parte, é hoje um fato histórico, que certamente mereceria ser contado no cinema. E seria bom fazer enquanto ainda existem testemunhas oculares para dizer o que aconteceu.
Nessa época, meus avós paternos moravam na Vila Militar. Ele contava que foi horrível.
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