quarta-feira, dezembro 29, 2021

Rio 450 anos - Bairros do Rio - Santa Cruz


Localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro o Bairro de Santa Cruz, cuja importância histórica se confunde com a colonização do Brasil, foi assim descrito por Escragnolle Doria, na Revista da Semana nº 19, de 22 de abril de 1933:

A FAZENDA DE SANTA CRUZ

Terra de Santa Cruz, por mercê de D. Manoel I, começou a chamar-se Brasil inteiro na alva do seculo XVI.  Justo pois no paiz, catholico desde o berço, se tenha conservado o nome. Eil-o bem perto de nós, no Rio de Janeiro, em Santa Cruz, nos confins de capital quasi sem fim, embora descurada nas partes mais remotas onde a herva e os impostos crescem á vontade.

Em Santa Cruz, até á expulsão pombalina, fixaram-se jesuitas, e padres da Companhia jamais se estabeleceram em sítios feios  ou improductivos.  Julgavam talvez suprasummo do senso esthetico a contemplação das obras do Creador, também praticamente aproveitadas, porque Deus promette ajuda a quem ajuda.

Da passagem jesuitica por Santa Cruz vestígio ficou, na já bem copiada e transcripta inscripção latina do anteparo da ponte de cantaria lançada sobre o murmúrio das aguas do Guandú, folhas seccas derivando pela corrente.    

A carta régia de 16 de outubro de 1761,  confiscando-a, incorporou a fazenda jesuíta de Santa Cruz aos bens da corôa, prodiga á custa dos subditos. Noutros regimens é a mesma cousa.

Propriedade régia encontrou-a o imperio do Brasil, tornando-se a fazenda habitação de passagem do Principe Regente, de D. Pedro I e D. Pedro II, da transmigração, rota batida em 1808, á queda do alçapão da monarchia em 1889, quite de remorsos quanto á honra nacional.

Da fazenda de Santa Cruz, em Janeiro de 1850, sahia enterro de pompa, levando a jazigo o tenro corpinho de D. Pedro Affonso, último filho de D. Pedro II sem successores varões.


Não foram muitos os bens da corôa no Brasil, entre elles a fazenda de Santa Cruz.  Apesar de remodelações, não perdeu de todo o caracter de habitação da Companhia que elegeu Jesus para exemplo e protecção, alumiando-lhe Christo a experiencia dolorosa dos homens.

Em 1848, em Pernambuco, alta e accesa a luta politica e bellica entre praieiros e guabirús, o coronel de engenharia Pedro de Alcantara Bellegarde e discipulos seus pacificamente levantavam desenhada pelo tenente Gamo Lobo, a "Planta Corographica de Huma Parte da Providência do Rio de Janeiro na qual se incerre a Imperial Fazenda de Santa Cruz".

Era o trabalho de Bellegarde calçado na primitiva medição dos jesuítas em 1729 e remedição de 1783, e em medição annulada  em 1827.


Extensa a fazenda em 1848.  Entrada geral para a Côrte ia ter no portão da Corôa, logo após o qual o largo de Palácio. Ao fundo d'este erguia-se o paço imperial em cujo centro pompeava igreja velha. Outra nova ficava do lado direito do largo de Palácio olhando para a igreja velha e para o palácio, ambos em especie de recordação do passo-convento de Mafra erguido pelo fidelissimo orgulho de D. João V.

Nada no palácio de Santa Cruz lembrava a riqueza, embóra muitas vezes de máu gosto, da construcção de Mafra na qual entrou tanto o Brasil por ouro e madeiras.

Tudo era singelo, mesmo pobre ás vezes no paço de Santa Cruz, como sempre foram as habitações régias ou imperiaes   no Brasil onde dynastias jamais fizeram gala de haveres, nem desedificaram pelo orgulho.  Numerosas eram, porém, as dependencias da fazenda: casa do superintendente, caso do escrivão, do vigário, hospedaria, botica, repartição do telegrapho, quartel, casa do cirurgião, edifício do theatro, perto de outro desagradável, a prisão, pois ninguem quer ser encarcerado até para comer doce.


Quem quisesse vagear pela fazenda de Santa Cruz nella poderia topar muito recanto curioso, engenhos de arroz, café e mandioca, duas hortas uma atrás de outra, a primeira de acesso por extensa rua onde o vento punha a vergar babuaes num como que gemer de vagas oceanicas.

Ao lado da primeira horta estendia-se vasta plantação de amoreiras, das brancas cuja folhas servem de alimento ao bombyce que, produzindo fio fino e brilhante, tanto veste de seda formosuras femininas, castas ou impuras.

Terra não falta no Brasil.  Na fazenda de Santa Cruz, ainda dando para a rua do bambual, existia terceira horta ao fundo da qual se estendiam capinzaes a perder de vista para satisfação do gado e d'elle engorda.  Todas as mencionadas hortas demoravam do lado esquerdo da fazenda;  no direito outras hortas, outras plantações de capim havia, bem como novo renque de amoreiras, por entre as quaes serpeavam atalhos.

Um pouco da agricultura, muito de pecuária podiam ser observadas na imperial fazenda de Santa Cruz...

Espetáculo curioso, em Santa Cruz como alhures, o soltar ou recolher do gado, o bovino sahido dos estabulos, o equino das cavallariças, o ovino dos apriscos ou dos redís, o suino da, para elle, deliciosa lama dos chiqueiros, porcos bácoros de passo lento.

A imperial fazenda de Santa Cruz estava encravada no curato  do mesmo nome, parte das freguesias suburbanas do Município Neutro, ora Districto Federal. Continha a pouco mais de meio seculo duzentos e setenta e quatro mil habitantes, e tinha população escolar primária superior a quarenta mil alumnos dos seis aos quinze annos...

Leia todo o texto escrito acima. No link abaixo: 

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=025909_03&PagFis=7395

Conheça um pouco mais sobre Santa Cruz e os jesuítas na Revista da semana de 26/10/1940 

http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=025909_04&PagFis=2164

Pesquisa feita no link abaixo: 

https://www.bn.gov.br/es/node/602

5 comentários:

Marcos Valério disse...

Muito bacana o texto e fotos excelentes. Já compartilhei.

Adinalzir disse...

Valeu Marcos Valério!
Muito obrigado!

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