O pintor Jean Baptiste Debret, que chegou ao Brasil com a Missão Artística Francesa de 1816, também ficou escandalizado com a falta de boas maneiras dos ricos durante as refeições: O dono da casa come com os cotovelos fincados na mesa; a mulher, com o prato sobre os joelhos, sentada na sua marquesa, à moda asiática; e as crianças, deitadas ou de cócoras nas esteiras, lambuzam-se à vontade com a pasta de comida nas mãos. Se for mais abastado, o negociante acrescenta à refeição lombo de peixe assado ou peixe cozido na água com um raminho de salsa, um quarto de cebola e três ou quatro tomates. Mas, para torná-lo mais apetitoso, mergulha cada bocado no molho picante. Completam a refeição bananas e laranjas. Bebe-se água unicamente. As mulheres e crianças não usam colheres nem garfos; comem todos com os dedos.
Fonte: 1808, de Laurentino Gomes. (1° edição)
Imagem: 'Um jantar brasileiro', de Jean-Baptiste Debret, 1827. (Wikipedia Commons)
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
2 comentários:
Realmente é de espantar esses hábitos ainda nos tempos coloniais. Mas fato é que os costumes de comer com talheres parecem ter vindo da Côrte de D. João e que, aos poucos, foi crescendo entre os brasileiros no decorrer dos séculos XIX e XX. Comer com as mãos ainda é costume em comunidades rurais distantes . Por outro lado, tratam-se de costumes que refletem os tempos em que a produção do que se come estava ligada às mãos de quem produz. E, no começo do século XIX, o Rio ainda não estava tão distante do meio rural. A roça estava bem pertinho da cidade...
Prezado Rodrigo Phanardzis
Realmente esses eram hábitos considerados selvagens para muitos brasileiros. Mas que lentamente foram se modernizando e ainda permanecem em muitos lugares do Brasil.
Muito obrigado pelo comentário interessante e contribuitivo neste blog.
Forte abraço!
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