A RICA HISTÓRIA DE SANTA CRUZ
André Luis Mansur
Foi lá pelo início dos anos 2000, quando comecei a fazer minhas pesquisas para o livro “O Velho Oeste Carioca”, que conheci o maior centro de pesquisas históricas da Zona Oeste do Rio de Janeiro, o Noph, Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, bairro que abriga um importante patrimônio da História do Brasil em monumentos tombados ou protegidos pela Apac (Área de Proteção do Ambiente Cultural). Fundado em 3 de agosto de 1983, o Noph funcionou, no início, em salas na matriz de Nossa Senhora da Conceição, no centro do bairro, mas já há muitos anos está no Centro Cultural Antônio Nicolau Jorge, dentro do imponente Palacete Princesa Isabel.
O palacete foi a sede do Matadouro de Santa Cruz, inaugurado em 30 de dezembro de 1881, com a presença do imperador D. Pedro II. Depois teria outras funções, como o Colégio Princesa Isabel, e sofreria um incêndio em 1985, quando perdeu parte da estrutura original e muitos documentos. Após uma longa reforma, ele abriga a biblioteca do Noph, a biblioteca de Santa Cruz, exposições permanentes, aulas de música e vários espaços para eventos. O principal objetivo do Noph, que é uma associação civil sem fins lucrativos, como está em seus estatutos, é estimular a pesquisa sobre a História de Santa Cruz e da zona oeste do Rio, além de promover eventos culturais em seu espaço.
No Palacete funciona também o Ecomuseu de Santa Cruz, vinculado ao Noph e surgido na década de 90. Nomeado Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro, seu objetivo, como de todo Ecomuseu, é estimular a comunidade a desenvolver o território que habita, valorizando o seu patrimônio. O Noph mantém uma publicação, o jornal O Quarteirão, que já teve mais de 120 edições e é distribuído no palacete.
O nome quarteirão se refere ao espaço do bairro que abriga alguns dos seus principais monumentos históricos, como o palacete, o próprio matadouro e sua estação de trem (ambos em situação precária), o Hangar do Zeppelin, único do mundo ainda de pé e que abrigava os dirigíveis na década de 30, o marco 11, um dos marcos imperiais, de 1826, e também o Quartel Vilagrán Cabrita, de Engenharia Militar, antiga sede da Fazenda dos Jesuítas, que seria adaptada para se transformar no palácio de verão de D. João e, mais tarde, dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II. Temos também a Casa do Sal, o Espaço Ser Cidadão (antiga residência do senador Júlio Cesário de Melo) e, mais distante do centro, a Ponte dos Jesuítas, de 1752, um dos principais monumentos da arquitetura colonial do Rio de Janeiro. Além disso, como foi dito no início, diversos imóveis do bairro estão protegidos pela Apac por sua importância histórica.
A instituição teve, entre seus fundadores, o já citado Antônio Nicolau Jorge, e os professores Sinvaldo Souza e Adinalzir Pereira Lamego, e tem como coordenador-geral Bruno Cruz. Antes, quem esteve à frente do Noph nos últimos anos foram Walter Priosti e sua esposa, Odalice, falecida em 2017. Já participei de vários eventos e fiz muitas pesquisas no Noph, que conta com diversos colaboradores trabalhando de forma voluntária na sua organização, na realização de pesquisas, cerimônias etc. O Palacete Princesa Isabel, com sua imponente arquitetura neoclássica, fica na Rua das Palmeiras Imperiais, s/nº, e seu renascimento, após o incêndio que quase o destruiu, não deixa de ser uma esperança para os que acreditam em algum tipo de recuperação, mesmo com a perda de seu precioso acervo, do Museu Nacional.
André Luís Mansur é escritor e jornalista.
Foto - Márcio Pinto.
2 comentários:
Parabéns, Santa Cruz e Santacruzenses... Orgulho de agora pertencer a este bairro!
Como diz a antiga marchinha carnavalesca, "daqui não saio, daqui ninguém me tira"!
Valeu Jane Darckê
E viva Santa Cruz!
Grande abraço!
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