sábado, novembro 16, 2019

Para quem não me conhece, me chamo Rua Guaporé



Oi, bom dia!

Para quem não me conhece, me chamo Rua Guaporé.

Eu sou uma importante via de ligação de dois bairros maravilhosos da zona Leopoldinense. Confesso que já vivi dias melhores.

Eu nasci como um pequeno caminho entre várias fazendas, eu não me lembro de muita coisa do meu inicio de vida não.

Eu lembro bem que tinha uma capela linda perto de mim. Alguns dizem que um convento também, mas isso minha velha mente se esqueceu.

O que eu lembro bem era das carroças puxadas a cavalos e burros, passando para cima e para baixo. O sol me esquentava e a chuva me molhava.

Quando Braz de Pina recebeu seus primeiros moradores, eles me aumentaram de tamanho, eu fiquei feliz, linda com a novidade percebi que era o momento de brilhar, mas a primeira decepção chegou...

Nas minhas terras, as ruínas da pequena capela foram totalmente arrasadas para construir casas. Por que?

Eu amava olhar aquela capelinha, perto do morrinho... Ha! Mais eu tive um alento. Uma tal Companhia Kosmos adquiriu parte do meu querido bairro para reformar tudo, eu iria ganhar uma roupa novinha... Iria.

A Vila Guanabara inaugurou e esqueceram de mim. A minha pele ficou esburacada, feia, cheia de lama, que até uma comitiva com um prefeito se acidentou em mim.

Eu vi onde era a minha capela, construírem prédios para os mais pobres morarem, pessoas que foram arrancadas de suas casas e colocadas ali.

Eu fui maquiada algumas vezes, mas jamais tive o tratamento que merecia, sou uma senhora que merecia um pouco mais de respeito pela importância que tenho. Eu sou a Rua Guaporé!

Texto de Paulo Jorge - Professor de História

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

Um comentário:

Marcos José disse...

Sempre é muito bom saber de histórias como essa!