sexta-feira, agosto 16, 2019

Fazenda Monteiro esperava tombamento e acabou demolida



Em 16 de outubro de 1975, o nosso jornal Patropi publicava uma matéria sobre a tão discutida Fazenda Monteiro, localizada na Estrada do Cantagalo. 

Por ocasião desta matéria, a referida Fazenda já estava relacionada nos estudos para tombamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Geográfico. O que aliás, já vinha ocorrendo desde 1970.  

A intenção do Instituto nesta ocasião era de que a Fazenda fosse tombada imediatamente, já que merecia ser preservada, embora o prédio se encontrasse em precárias condições.  

Entretanto é necessário que se diga, que em outubro de 1975, o professor Florentino, do IHGB, já afirmava que o processo de tombamento já estava se atrasando pelo problema da fusão do RJ-GB.

As tentativas de salvá-la:

Em dezembro de 1977, uma nova matéria sobre a Fazenda Monteiro foi feita, na ocasião foi dito que em agosto deste mesmo ano, o diretor do Patrimônio Histórico, professor Trajano Quinhões, já tinha em mãos o projeto completo para o tombamento da Fazenda. Pelo projeto, a Fazenda, faria parte de uma pequena república estudantil, nos moldes da Aldeia Arcozelo. Desta forma, ela serviria aos estudantes que não residissem em Campo Grande e participassem de atividades culturais na região.

A Fazenda abrangia em sua época de apogeu, uma área que ia da antiga Usina de Bondes até o Rio Cabuçu de Baixo, chegando até o alto da serra. Nela eram cultivados milho, cana-de-açúcar, mandioca e arroz. E nesta época, ou seja, no começo do século passado, ela pertencia ao bisavô materno do Sr. Mário Barbosa. Com a morte do bisavô ela passou para Manoel Pereira Torres, avô de Mário.



A Demolição:

A casa da Fazenda do Monteiro, símbolo histórico de Campo Grande, acabou sendo demolida definitivamente em agosto de 1980, conforme publicamos em 16 de agosto deste ano.

Assinalada como ponto de referência para quem quisesse se inteirar da história da região, já era uma propriedade particular dos herdeiros do Dr. Estanislau Luiz Bousquet, e não mais pertencia a Família Monteiro Torres.

No seu ambiente havia qualquer coisa de romântico, cheio de saudades. O velho casarão, testemunha de uma época, era solitário e sombrio, mas mesmo na solidão era belo. Seu pátio, seu muro, o gradil da guarda, o corpo da sacada da janela, tudo era tão nobre quanto triste.


Localizada na Estrada do Cantagalo esquina com Estrada do Monteiro. Era um excelente exemplar da arquitetura rural do século XIX. Alguns descendentes da Família Monteiro Torres até hoje ainda moram no bairro.

A área em que se localizava a antiga Fazenda foi comprada pelo grupo Multiplan-Beton Arquitetura; uma área de aproximadamente 260 mil metros quadrados".

Minha observação:

Do século XVI até o início do século XIX, toda essa região foi sendo ocupada por antigas fazendas que depois foram sendo desmembradas entre pequenos proprietários e loteamentos.

Hoje no local da antiga Fazenda do Monteiro encontra-se instalado o ParkShopping Campo Grande inaugurado em novembro de 2012. Cujo projeto de expansão encontra-se em fase de crescimento.



Fontes utilizadas:

1 - Jornal Patropi, 14/07/1983, pág. 18.

2 - Imagens do Arquivo Geral  da Cidade do RJ e do Acervo O Globo.

- Fróes, José Nazareth de Souza, Odaléa Ranauro Ensenat Gelabert. Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos. Rio de Janeiro, 2004.

- Fróes, José Nazareth de Souza. Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande. Rio de Janeiro, 2006.

Pesquisa e postagem neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

7 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Importante registro que mostra o quanto o Brasil despreza a sua própria História.Se os rimos da Zona Oeste e de toda a cidade tivessem sido outros, teríamos hoje inúmeros roteiros turísticos a serem percorridos.

Adinalzir disse...

Prezado Rodrigo Phanardzis
Infelizmente vivemos num país onde o atraso cultural predomina.
Agradeço pela visita.

Carlos Eduardo de Souza disse...

Infelizmente, o progresso do capitalismo selvagem engole os patrimônios de nossos bairros. Não sou contra o desenvolvimento, mas um povo que não preserva e sequer conhece sua história, é um povo sem futuro. Um grande abraço, amigo.

Adinalzir disse...

Prezado Carlos Eduardo de Souza
Infelizmente, vivemos tempos sombrios no mundo cultural em nosso país. Haja visto os últimos acontecimentos noticiados nos últimos dias.
Um forte abraço e um excelente final de semana!

Fabíola Torres disse...

Quanto orgulho de descobrir mais um pouco do passado da minha mãe e irmãos💙
Não conheci meu avô Anibal Monteiro Torres, só conheci a vovó Cezarina.
Sempre tive orgulho do meu sobrenome Torres💙

Patrícia Sousa disse...

Boa noite! Gostaria de agradecer pelas ricas informações, acompanho suas publicações e elas têm ajudado muito na elaboração de um trabalho. Gostaria de uma informação, se não for incomodar, é claro. Estou precisando muito consultar o livro: Rumo ao campo grande por trilhas e caminhos, que é bastante referenciado em seus textos mas não consigo encontrar algum arquivo. O senhor poderia me ajudar me informando onde posso conseguir consultar de forma gratuita? Desde já, muito obrigada e parabéns pelo belo trabalho.

Anônimo disse...

Este casarão éra do lado esquerdo quando entramos no Cantagalo onde tem coqueiros ei shopping e lado direito .