Rua Coronel Agostinho, foto de 2018. Ao fundo o Edifício Trad Center.
"Quando passamos no Calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mal conseguimos observar o cenário, tamanha a poluição visual e auditiva de uma estimativa de 400 mil pessoas transitando diariamente pelo espaço comercial.
No aglomerado de passantes, de ambulantes, de grupos religiosos reunidos, de mágicos fazendo apresentações, de pessoas esperando o dia passar, numa conversa inesperada, nem imaginamos que a Rua Coronel Agostinho, num passado não tão distante, além de comércios, também se permitia residências, famílias que viviam no centro do bairro.
Lembro-me de algumas construções antigas, os chamados casarões (muitos diziam que eram residências de magnatas), que ficavam no meio dos vastos terrenos com muros baixos, acrescidos de grades de ferro ornamentadas e portões bordados, muitas vezes semi-abertos, sem o temor de qualquer invasão violenta, numa época em que havia o respeito pela propriedade alheia.
Os jardins geralmente apresentavam roseiras, sempre carregadinhas de belas flores, alegrando o cenário.
Onde hoje se apresenta o empertigado Centro Comercial de Campo Grande havia uma dessas casas 'nobres', ao lado do Mercado São Brás (escrita original, segundo documentos e informações do professor/historiador Carlos Eduardo de Souza).
Algum tempo depois, se não me falha a memória, devido a idade, acho que esse casarão chegou a ser um consultório médico, mas posso estar enganado.
Lembro-me também da vila de casas no Beco do Seridó, quase todas pertencentes a uma única família.
No Beco da Drogaria Pacheco também funcionava uma vila de residências com construções muito antigas e que, infelizmente, foram demolidas as fachadas para dar lugar às lojas.
Sim, eram muitas as residências centrais que foram sumindo, sumindo, deixando de ser lembradas, quase num espírito secular de se apagar o passado, típico de nosso querido povo brasileiro, que não foi incentivado a guardar os alicerces de suas origens.
Hoje, buscamos encontrar nossos retratos jogados no lixo do descaso governamental e também no nosso próprio descuido sobre o que era tão nosso e que só passamos a valorizar depois que observamos o resultado do que chegou para ocupar o que um dia foi tão bom.
Campo Grande tem história, que quase não foi guardada por seus moradores, que não foi guardada por mim, que não foi guardada por muitos dos que agora lutam para revivê-la.
Queira D'us que possamos encontrar outros amigos interessados na valorização do bairro e que, tendo algum material histórico, possa, ao menos, compartilhar fotos e informações nos meios virtuais, lembrando que o respeito a um espaço se faz através de suas origens preservadas".
Por Will Tom
Originariamente postado na página do autor do texto
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
3 comentários:
Gratidão por compartilhar um texto meu.
Escrevo de forma despretensiosa, lembrando-me dos magníficos momentos vividos no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde resido feliz.
Gratidão infinita!
Prezado Will Tom
Eu também fico muito honrado por poder compartilhar seus textos aqui neste blog.
Abraço fraterno e viva Campo Grande!
Gostaria que postassem os nomes que já teve o Calçadão de Campo Grande RJ. Sei que o primeiro nome do Calçadão não foi em homenagem ao Coronel Agostinho.
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