segunda-feira, outubro 29, 2018

Antiga sede do Matadouro Imperial de Santa Cruz: O Palacete Princesa Isabel


Fachada atual

O palacete, de aspecto neoclássico, foi inaugurado em dezembro de 1881, com a presença do Imperador Pedro II, para funcionar como sede administrativa do matadouro público, na área da antiga Fazenda Imperial de Santa Cruz.

Em 1886, algumas salas abrigaram a  Escola Santa Isabel para os filhos dos trabalhadores do matadouro. No início da República, o matadouro tornou-se tecnologicamente defasado e aos poucos, a escola foi ocupando todo o palacete.

Em 1921, com o nome de Escola Estados Unidos, ali eram ministrados cursos práticos e teóricos de agricultura, apicultura e trabalhos manuais, consolidando assim o uso educacional e cultural. Durante cerca de quarenta anos a instituição dedicou-se ao ensino técnico, recebendo, em 1946, o nome de Escola Princesa Isabel.

Escavações arqueológicas

Na década de 70, o prédio encontrava-se em condições bastante precárias e a escola foi transferida para outra edificação, especialmente construída nos fundos do terreno.

A antiga sede administrativa do Matadouro Público de Santa Cruz, considerada patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro por suas características arquitetônicas e importância histórica, foi tombada em maio de 1984, pelo Decreto Municipal nº4.538.

Desde 1993 a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro promove obras de restauração, adequação de uso, pesquisa arqueológica e educação patrimonial.

O Projeto e as Obras de Restauração e Adequação de Uso foram executados sob a orientação da Secretaria Municipal de Patrimônio Cultural, atual Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design (SUBPC) da Secretaria Municipal de Cultura, com fiscalização da Riourbe.

A proposta visa a preservação do monumento para as gerações futuras e a sua reinserção no cotidiano da comunidade através da implantação do Centro Cultural Princesa Isabel, que abrigará  a sede do Ecomuseu, um auditório multi-uso, a Biblioteca Popular de Santa Cruz – Joaquim Nabuco, salas de exposição, cursos, oficinas, música  e dança.

As obras executadas foram:

Área Externa:

Tratamento paisagístico;
Execução de iluminação monumental externa, inclusive do logradouro;
Recuperação dos muros e gradil;
Construção de cisterna e instalação de caixa d´água com Reserva técnica de incêndio (RTI);
Recomposição das canaletas de drenagem;
Execução de novo calçamento com rampas visando acessibilidade plena.

Área Interna:

Execução de lajes pré-moldadas no 2º pavimento;
Execução das instalações prediais: elétricas, hidro-sanitárias, Sistema de Proteção contra Incêndio (SPCI), infra-estrutura de ar-condicionado;
Execução de pintura e recuperação dos revestimentos;
Recuperação dos pisos e tetos;
Execução de mezanino para a implantação de camarins e vestiários de funcionários;
Instalação de elevador;
Complementação das escadas em perfil metálico.

Fachadas e Prismas:

Recuperação das fachadas;
Recomposição beirais e elementos decorativos em argamassa;
Recuperação das esquadrias de madeira, inclusive ferragens;
Recuperação das grades de janelas.

Cobertura:

Revisão da cobertura, inclusive madeiramento;
Execução  de acesso à cobertura para manutenção.

Ação Educativa: A ação educativa no Palacete Princesa Isabel consistiu no seminário “ Nas Terras de Santa Cruz: História, Arqueologia e Restauração” organizado pela SEDREPAHC, atual SUBPC, e 10ª Coordenadoria Regional de Educação, contando com a presença de mais de 120 pessoas. Dentre as palestras proferidas destacamos a de Odalice Miranda Priosti, museóloga que reproduzimos a seguir.

"ECOMUSEU: "DAS TERRAS DE PIRACEMA AO ECOMUSEU COMUNITÁRIO DE SANTA CRUZ: a dimensão político-cultural de um processo museológico comunitário"

Síntese da história de Santa Cruz, bairro da Cidade do Rio de Janeiro, localizado na Zona Oeste, oriundo da Fazenda Jesuítica, Real e Imperial em suas fases diferenciadas. A trajetória da Fazenda foi política e economicamente marcada pela presença do Rei D. João VI, à qual conferiu status de sede do poder em suas temporadas de veraneio, religando-a ao Paço de São Cristóvão, por meio da revitalização da Estrada Real de Santa Cruz.

Após o período joanino, a intermitência do poder imperial em Santa Cruz assinala a presença da Corte em significativos momentos, desde as festas pela Independência, os saraus promovidos por D. Pedro I, a inauguração do Matadouro por D.Pedro II e as visitas de cientistas e artistas estrangeiros, acompanhando o monarca e legando belas iconografias e outros registros da Fazenda.

O esvaziamento e ocaso político da Fazenda, consequente à proclamação da República, compensado mais tarde pelo desenvolvimento trazido pelo Matadouro, precede um novo surto revitalizador com a criação do Distrito Industrial, na década de 60, que viria para suprir a economia do recém-criado Estado da Guanabara, após a mudança da capital do Brasil para Brasília. Assolada por violentas transformações no seu perfil psicosociológico, a comunidade local passa a se mobilizar em defesa de seus bens patrimoniais (naturais e culturais) e da história e cultura locais, a partir da fundação do NOPH – Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica em 1983, movimento que hoje é assumido e reconhecido como  Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro.  Por meio da experiência de ecomuseu urbano, Santa Cruz conhece um novo momento de integração e reconhecimento no processo político-cultural da cidade e se torna uma referência na museologia contemporânea, fazendo evoluir conceitos e desenvolver museologia e museografia adequadas a sua realidade. (autoria de Odalice Priosti)

Referência Bibliográfica

LAMEGO, Adinalzir Pereira.
Santa Cruz, a Fazenda e o Bairro: Fontes para o Estudo de sua História. Ano 2014.

Acervo Biblioteca do NOPH

Clique neste link e saiba mais detalhes sobre a obra de restauração do Palacete

https://santacruz450-resumosefontes.blogspot.com/ Acesso em 29/10/18

http://www0.rio.rj.gov.br/patrimonio/proj_palacete_princ_isabel.shtm Acesso em 29/10/18

https://pt.wikipedia.org/wiki/Palacete_Princesa_Isabel Acesso em 29/10/18

Pesquisa e postagem neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

3 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Muito importante que haja um museu em Santa Cruz bem como trabalhos de resgate patrimonial e a promoção de eventos culturais, buscando ainda atrair o turismo. O Rio não é só Centro e Zona Sul. Temos também muita História nos diversos bairros da capital do estado.

Adinalzir disse...

Prezado Rodrigo Phanardzis

Temos esse museu em Santa Cruz, mas ainda precisamos divulgar mais esse belo trabalho de preservação e resgate. Ainda sofremos muito com a falta de apoio por parte da prefeitura do Rio na área da cultura. Infelizmente falta sensibilidade aos nossos gestores nessa área tão importante para o turismo da nossa cidade.

Um forte abraço e muito obrigado pela visita!

bruno gazsper disse...

Concordo totalmente! O Rio nao se resume a copacabana e centro...santacruz é um dos locais mais antigos de nossa historia