domingo, julho 22, 2018

Nicolau Sevcenko volta ao Rio de Janeiro de 1904 durante a Revolta da Vacina



Historiador elucida os principais fatores do “último motim urbano clássico do Rio de Janeiro” e trata dos custos sociais da “ditadura sanitária” de Oswaldo Cruz.

Ao trazer a imagem de um Rio de Janeiro conflagrado, em que as autoridades perderam o controle sobre a segurança e têm de recorrer às Forças Armadas para intervir nas comunidades cariocas, seria bastante provável que o leitor pensasse no atual caos urbano que afeta a Cidade Maravilhosa. Não se trata disso, mas da viagem até 1904 conduzida pelo historiador Nicolau Sevcenko e sua prosa inebriante, para demonstrar em A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes, lançamento da Editora Unesp, que alguns problemas de hoje têm raízes profundas.

“A Revolta da Vacina, ocorrida num momento decisivo de transformação da sociedade brasileira, nos fornece uma visão particularmente esclarecedora de alguns elementos estruturais que preponderaram em nosso passado recente – repercutindo até mesmo nos dias atuais”, escreve. “A constituição de uma sociedade predominantemente urbanizada e de forte teor burguês no início da fase republicana, resultado do enquadramento do Brasil nos termos da nova ordem econômica mundial, foi acompanhada de (...) um sacrifício cruciante dos grupos populares.” 

Ao longo dos quatro capítulos do livro, o leitor é levado a entender essa passagem da história brasileira, em que o discurso oficial convergia para a saúde pública, mas o que se tramava nas entrelinhas era a ditadura urbanística do então prefeito Pereira Passos e da ditadura sanitária de Osvaldo Cruz, ambos empurrando os pobres para as franjas da cidade, fenômeno de alto custo social e humano. “Optei por iniciar esta reflexão diretamente com uma descrição pormenorizada do cotidiano da revolta, a agitação dos participantes e o fragor dos confrontos entre as partes envolvidas” para “expor em seguida as causas mais profundas da insurreição e o seu significado particular no contexto de mudanças que envolviam e metamorfoseavam a sociedade brasileira”. E, por último, “apreciar no episódio dramático dessa revolta algumas características fundamentais da estrutura social da Primeira República (1889-1930)”.

“Espero que não se estranhe o tom emotivo que eventualmente reponta em alguns momentos deste trabalho: ele é autêntico e intencional”, adverte o autor. “Nem eu saberia tratar de outro modo a dor de seres humanos palpitantes, cheios de vida, angústias e esperanças.”

Este volume conta com posfácio do autor à edição de 2010 e fotos do alagoano Augusto Malta - fotógrafo oficial responsável por registrar a evolução da gigantesca reforma urbana do Rio de Janeiro proposta pelo prefeito Pereira Passos - , de Marc Ferrez e de periódicos.

Sobre o autor – Nicolau Sevcenko (1952-2014) foi professor titular da Universidade de São Paulo e é autor de diversas obras nas áreas de História Moderna e Contemporânea.

Título: A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes
Autor: Nicolau Sevcenko
Número de páginas: 134
Formato: 12 x 21 cm
Preço: R$ 28,00
ISBN: 978-85-393-0720-3

Fonte: Assessoria de Imprensa da Fundação Editora da Unesp

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

4 comentários:

Maria do Carmo Rangel disse...

Um dos maiores historiadores dos últimos tempos!

Odir Teixeira disse...

Um excelente postagem!

Adinalzir disse...

Maria do Carmo Rangel
Muito obrigada pela visita!

Adinalzir disse...

Fico muito grato Odir Teixeira, pela visita e comentário!