sábado, março 25, 2017

O curioso caso da Igreja de Cosmos (RJ)


Durante séculos, o Brasil foi vinculado à igreja católica em várias esferas (políticas, econômicas, sociais) ecoando até os dias atuais. Assim, a história de nosso país possui vários capítulos ligados à igreja de Roma. No Rio de Janeiro existem várias igrejas com histórias importantes, algumas com séculos de idade, que fizeram parte de capítulos importantes dentro da construção do Brasil e de nossa memória.

Praticamente todo carioca conhece ou já ouviu falar na Igreja da Penha, com seus 382 degraus, localizada no alto da cidade, propiciando uma visão de 360º do Rio. Porém, poucos já devem ter ouvido falar na homônima menos famosa, a Igreja de Nossa Senhora da Penha, no bairro de Cosmos, vizinho ao bairro de Campo Grande, numa região que poderia ser considerada como a "Grande Campo Grande", na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

A Penha menos famosa, possui uma semelhança com a mais conhecida, pois esta também se localiza no alto de um morro. Porém, o que mais chama a atenção na igreja de Cosmos é o fato de, durante muito tempo, o templo ter se apresentado em ruínas, abandonado, em total procedimento de deterioração. 

Devido à curiosidade em saber o porquê do estado daquela igreja no alto de um morro e praticamente isolada, surgiram algumas versões que tentaram explicar o motivo do abandono da igreja e de sua história.

Uma das versões, contada por Ucimam membro da igreja, afirma que no século passado, as pessoas frequentavam as missas lá em , e que com o passar do tempo, após o falecimento do padre, os próprios membros faziam celebrações entre eles. Entretanto, os fundadores foram ficando com idade avançada, com pouca saúde, e não conseguiam mais subir até o local para assistir as celebrações. Além disso, alguns faleceram, não houve renovação de fiéis e com o passar do tempo a igreja foi alvo de vandalismo, ficou abandonada e se deteriorando.

Porém, há uma outra versão mais macabra, em que conta que um padre responsável foi morto e enterrado no terreno da igreja, e que logo após foi incendiada. Com o passar do tempo ficou abandonada, pois fica no alto de um morro e assim, difícil para os mais idosos chegarem até lá.

Todavia, a versão oficial da igreja é que consta que no ano de 1917, quando nessa região cultivava-se alguns produtos agrícolas e uma diversificada criação de animais, uma imagem de Nossa Senhora da Penha foi encontrada por dois trabalhadores rurais, filhos de escravos de nomes de Francelina e Adão, ao pé de um coqueiro existente na fazenda do Senhor Délio Guaraná de Barros, bem no alto (cerca de 400 metros) do morro. A imagem foi levada para um casebre de Francelina e Adão, distante do local uns 300 metros. Com o passar dos dias, a imagem, de forma inexplicável, desapareceu do casebre. Os dois procuraram em vão. Logo depois voltaram ao morro onde haviam encontrado a imagem. Para surpresa, a imagem estava lá. Espantados, comunicaram o fato ao dono da terra, que não deu muita importância. Os irmãos tornaram a levar a imagem para casa. Dias depois, outro desaparecimento. Certos de que a encontrariam de novo no alto do morro, foram em direção ao cume e lá estava ela de novo. Então, o senhor Guaraná resolveu levar a imagem para a igreja do Campinho. Dias depois a imagem sumiu, reaparecendo ao pé do coqueiro existente no monte.

No local foi construída, provisoriamente, uma capela na qual introduziu a imagem de Nossa Senhora da Penha. Com o decorrer do tempo e diante de tantos milagres, foi doado o terreno e no local, erguida a igreja. Em fevereiro de 1972, a imagem foi saqueada e a igreja destruída por vândalos que frequentavam o local para a prática de jogos proibidos, consumo de bebidas alcoólicas e entorpecentes.

Entretanto, no ano de 2015, a igreja começou  uma fase de restauração do templo e de seu entorno. Membros da igreja contam que durante escavações feitas no terreno, foram encontradas algumas importantes peças, que estavam enterradas, relacionadas às missas que eram celebradas antes da destruição. Abaixo fotos da igreja em sua fase atual, depois de iniciada a restauração.

O processo de resgate da igreja do morro de Cosmos ainda está em andamento, com celebrações, encontros, entre outros eventos, com a perspectiva de cada vez mais resgatar aquela que já foi um dia conhecida apenas como ruínas, "as ruínas da igreja de Cosmos".

Abaixo, uma visão panorâmica da Zona Oeste do Rio de Janeiro à frente da Igreja da Penha de Cosmos.

Na fase de revitalização, a igreja recebe uma iluminação à noite, em seu entorno, que pode ser vista a uma grande distância, inclusive de outros bairros.

Texto de Carlos Eduardo de Souza
Autor do Livro "A Evolução Econômica e Populacional de Campo Grande, Século XX".

Para mais detalhes visite também o blog do autor: 
http://memoriascampogrande.blogspot.com.br 

18 comentários:

Cleide Vilela disse...

Cosmos, um lugar super legal e cheio de histórias bacanas.

DELMAR ANDRADE disse...

É SHOW CONHECERMOS A ORIGEM DESSA IGREJA NESSE LOCAL...COSMOS , AMO ESSE LUGAR

Anônimo disse...

Muito bom conhecer a história dessa igreja, pois tenho 42 anos de idade e já a conhecia como ruínas, e nunca soube realmente o que havia acontecido, mais super ansioso em saber como os seculares membros faziam para subir para as delegações, Cosmos um lugar abencoado

Adinalzir disse...

Valeu Cleide Vilela, Delmar Andrade e Anônimo!
Grato pelas mensagens.
Voltem sempre ao Saiba História.
Abraço!

Unknown disse...

Tenho 44 e sempre a conheci como ruínas,meu pai morou lá e na infância e também nunca soube contar a verdadeira história da igreja, quando mesmos esperava me deparei com ela quase toda restaurada.
Só não fui lá em cima ainda ,as vou fazer isso em breve.

Adinalzir disse...

Prezado Rogerio Gusmão
Quando puder ir visitar. Tem sempre missa aos sábados, às 8 horas.
Grato pela mensagem e volte sempre.
Abraço!

Unknown disse...

Fico muito feliz por hoje poder ver todos os dias esta linda igrejinha toda iluminada a noite,
pois sou vizinho dela a uns 35 anos e tive o prazer de brincar em volta dela quando criança.
E hoje poder ver como ela ficou depois desta linda obra de restauração.
Aos idealizadores desta restauração,os meu agradecimentos!

Att:Marcio Castro

Unknown disse...

Quero parabenizar a pastoral e o apoio cultural do Rio e a todos envolvidos nesse projeto de restauração da Igreja N.S.Da Penha da Zona Oeste. A muitos anos não moro em Santa Margarida, mas qndo criança sempre imaginei por que a paróquia não tinha sido restaurada. Mesmo sendo de outra religião cristã sou ecumênico
E é muito bom ver essa parte da história do meu bairro ser resgatada. Fica aqui meu respeito pelos irmãos católicos e aos responsáveis por tamanha benção que proporcionaram ao nosso bairro. Deus os abençoe!

Unknown disse...

Moro aqui faz 6 anos e amo este lugar ,muito tranquilo e acolhedor tudo de bom

Dodosep disse...

Ouvi uma história, de que essa capelinha serviu de abrigos a muitos escravos que fugia de fazendas de várias partes do Rio, uma espécie de Quilombo! Alguém sabe dizer algo sobre isso? Hoje fiz uma visita na capela e achei super legal!

Dodosep disse...

Eu ouvi uma história de que essa igreja serviu como abrigo a escravos, que fugiam de fazendas onde eram escravizados! Tem alguma coisa nesse sentido também? Hoje fiz uma visita à capela e achei bem legal!

Dodosep disse...

Eu ouvi uma história de que essa igreja serviu como abrigo a escravos, que fugiam de fazendas onde eram escravizados! Tem alguma coisa nesse sentido também? Hoje fiz uma visita à capela e achei bem legal!

Unknown disse...

Olá Boa noite ter a missa dia 20

Unknown disse...

Tera a missa dia 20

Unknown disse...

Hoje tenho 18 anos e sempre quando passava pela a igreja ficava a observando imaginando porque ela estava naquele estado, uma vez perguntei minha mãe e ela disse que era porquê em uma cerimônia de casamento o noivo teria feito uma chacina com todos presentes, isso me assustava bastante quando criança. Obrigada por me tirar essa dúvida e poder saber que não era nada tão macabro.

Unknown disse...

Nasci na regiào e desde a minha infãncia aquelas ruínas despertavam minha curiosidade. Ouvi muitas histórias sobre o local até que era mal assombrado. Quando fui lá já era adulto e fiquei deslumbrado, sensação de ter voltado no tempo. A vista então, nem se fala. Parabéns pelo texto. Conhecer o nosso passado é fundamental para vivermos melhor o presente e aprendermos para o futuro.muito legal!!

Jane Darckê disse...

Sempre bom saber mais, não é mesmo? Em lugares e situações como essa, são comuns as lendas e superstições dos mais antigos, mas o importante é que hoje está revitalizada e guarda boa parte do legado e da história do bairro!

Anônimo disse...

Boa tarde!
Moro em Santa Cruz e tbm escultei várias histórias sobre a igrejinha de Cosmo ⛪, gostaria de saber os horários de missa no sáb e dom gostaria de assistir a missa.