No dia 11 de agosto, fez 100 anos que o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro começou a publicar, em folhetins, a obra-prima de Lima Barreto "Triste fim de Policarpo Quaresma".
Policarpo era uma espécie de Dom Quixote tupiniquim, Foi um personagem que, em geral, só exaltava as coisas positivas do Brasil. Era tão patriota (que propôs o tupi-guarani como língua oficial e proibiu a irmã de fazer um frango com petit-pois, porque o prato era estrangeiro) e era tão ingênuo que vivia sendo ridicularizado e acabou internado num hospício.
Coloco aqui, dois devaneios nacionalistas do nosso herói, escrito por Luciana Hidalgo, no livro "Literatura da urgência - Lima Barreto no domínio da loucura":
"Quando alguém fala que quer ir à Europa, Policarpo diz: Ingrato! Tens uma terra tão bela, tão rica, e queres visitar a dos outros! Eu, se um dia puder, hei de percorrer a minha do princípio ao fim!"
"Ou: Não protegem as indústrias nacionais... Comigo não há disso: de tudo que há nacional, eu não uso estrangeiro. Visto-me com pano nacional, calço botas nacionais e assim por diante."
Se a gente pensar bem... Até que ele não era tão louco assim.
19 comentários:
Boa lembrança, professor. Imagine que há cem anos, criou-se um personagem tão atual...Viva nossa literatura.
Policarpo Quaresma é uma figural atemporal, mas, nesse momento em que se discutem a globalização e intervenções internacionais, é que mas nos lembramos dele.
Abraços, professor.
Olá Adinalzir,
Brilhante postagem. Ler as obras de Lima Barreto é uma forma de pensarmos o Brasil. Não creio que Lima Barreto, através de seu personagem "Policarpo Quaresma" fosse um ufanista exagerado. Policarpo expressa um sujeito influcenciado pelo potencial das riquezas brasileiras e pelas belezas naturais do país. Ele a meu ver, não se vangloria com exagero. Apesar da obra ter sido publicada em 1915, Policarpo, ainda, é atual. Seu patriotismo foi fanático, jamais agressivo. Ele, sim, era um apreciador apaixonado pelas das coisas do seu país. Com sua obra "Triste Fim de Policarpo Quaresma", Lima Barreto, destacou entre outros temas, o preconceito da sociedade da época contra os mestiços e pobres. Preconceito esse, ainda, visível nos dias de hoje. Sempre se pautou indignado "contra a insensibilidade dos ricos, a superficialidade dos burocratas, a corrupção dos políticos, e a esterilidade dos falsos artistas". Com faro de um bom historiador, Barreto foi capaz de registrar com brilhantismo muitos aspectos da vida social e política do Rio de Janeiro no tempo da Primeira República. Admirador contumaz do folclore, da cultura e pela vida das camadas pobres da periferia. Era conservador ao ponto de ser contra a libertação feminina, isto é, a emancipação política da mulher. Porém, isso não tira dele o status de grande literato, intelectual (apesar de contraditório), mesmo com alguns prognósticos avançados e outras posturas conservadoras. Veja que o "ufanismo" dele pode ser comparado com o seguinte refrão: "Eu, sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor..." Cantado e celebrado nos estádios de futebol.
Viva Policarpo, Viva Lima Barreto, Viva o Povo Brasileiro!!!
Um abraço fraternal,
Prof. José Lima Dias Júnior
Brilhante explanação Professor Adinalzir.
Policarpo Quaresmo é um personagem que representará o homem brasileiro e nacionalista.Nunca foi mais atual do que nestes dias de globalização!
Não creio que tenha sido elaborado por Lima Barreto, com o intuito de ser um fanático nacionalista violento, mas sim o exemplo do nacionalismo brasileiro.
Nacionalismo praticado já em 1915 pelos Estados Unidos e seus "Policarpos", mas aqui, ah aqui. Aqui incutiram na mente dos brasileiros que nosso nacionalismo é crime, coisa de doentes mentais.
Viva aos Policarpos Quaresma da atualidade!
E viva ao Brasil, Terra de Santa Cruz!
Amém!
Um grande abraço,
Leandro CHH
Olá, professor!
Pra mim, ele não era louco e sim diferente dos demais.
O povo brasileiro precisa ser mais patriota, coisa que parece só acontecer com força em certas épocas, como Copa do Mundo e Olimpíadas.
Abraço!
Prezada Lilian
E viva Policarpo! Fico muito feliz com sua visita. Abraços!
Caro Valdeir Almeida
Para alegria de todos nós, Policarpo Quaresma foi um homem que viajou no tempo e chegou até os nossos dias. Fico muito grato pela visita!
Prezado José Lima Dias Júnior
Policarpo teve, em sua vida, três projetos para o Brasil (nenhum deles deu certo): O primeiro foi linguístico, em que ele tenta mudar a língua falada no país para o tupi; o segundo foi agrícola, em que compra um sítio e tenta plantar nele - já que, para ele, as terras do Brasil são as mais férteis -, o que também não dá certo (as pragas e saúvas prejudicam seu negócio e não há retorno financeiro suficiente para o reinvestimento nas plantações); o terceiro, que acarretou maior decepção, foi o político, em que ele participa da guerra, vira carcereiro e lá vê oficiais matando prisioneiros. Policarpo, ingênuo, manda uma carta ao presidente Floriano Peixoto, é preso e acusado de traição à pátria e isso acarreta a sua morte injusta. Deveriamos ficar muito felizes em ter tido um Lima Barreto e um Policarpo Quaresma. O lamentável é que o povo brasileiro não aprende.
Um abraço fraterno!
Prezado Leandro CHH
O mais interessante é que buscando saídas políticas, econômicas e culturais para o Brasil, Policarpo passa grande parte de seu tempo enfiado nos livros, pelo que é criticado por parte da vizinhança que não consegue aceitar que alguém sem titulação acadêmica possa possuir livros - uma crítica ao academicismo muito presente na obra de Lima Barreto - e que o critica ainda mais quando ele decide aprender a tocar um instrumento mal visto pela burguesia carioca da época, o violão, por considerá-lo um representante do espírito popular do país. E é no aprendizado desse instrumento que conhece aquele que seria seu grande amigo no decorrer do romance, o seresteiro Ricardo Coração dos Outros, contratado para lhe ensinar. Porém, Policarpo se desencanta pelo violão - e pelo folclore - e parte em busca de outras tradições genuinamente nacionais. Assim era Policarpo Quaresma e assim deveriam ser todos os brasileiros.
Um grande abraço e muito obrigado pela visita!
Prezado Victor Faria
Loucos ou não, Lima Barreto e Policarpo Quaresma deixaram para nós belos exemplos de nacionalismo que deveriam ser seguidos por todos os brasileiros. Valeu amigo pela visita!
Será uma honra recebê-lo no meu lançamento, professor. Admiro muito o seu trabalho também em defesa da memória da nossa região.
Excelente o texto sobre Lima Barreto, e ainda citou minha amiga Luciana Hidalgo.
Abraços.
Policarpo deve ser modelo para nosso políticos que vivem vendendo nosso país, nossas riquezas, enriquecendo e loucos somos nós, que os elegemos!
Prezado André Luis Mansur
Fico muito grato pela sua visita e comentários. Me aguarde que eu estarei lá na Bienal.
Um grande abraço! :-)
Caro Prof. Argentino Neto
Infelizmente o povo brasileiro vive numa completa apatia mental quando se trata de eleger nossos políticos. E isso é um problema muito sério. Precisariamos ter muitos Policarpos.
Abraços e muito obrigado pela visita!
Muito bom este post!
Vou ter de ler Triste Fim de Policarpo Quaresma a pedido do meu professor de Literatura Brasileira, que por sinal é graduado em História e pós-graduado em Literatura Brasileira.
O cara é fera! :)
Beijo, professor!
Prezada Giovana
Que bom tê-la por aqui. Fico grato pela visita. Volte sempre! Beijos.
Professor, tenho um estudo dirigido de História sobre o J.K
queria saber se você pode "me dar uma luz" em uma questão, ja procurei no livro, no google e não acho! Se puder me ajudar, dê um toque! rsrsrs
Bjs
Prezada Marilia
Assim que puder me envie a questão.
Será um prazer ajudá-la. Fico grato pela visita! Bjos.
obrigada este material vai me ajudar mt a apresentar meu trabalho na escola.
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