sábado, maio 03, 2025

19 de Julho - Dia Nacional do Futebol - Rivalidade no Futebol de Santa Cruz no século XX: Oriente e Guanabara

Ontem, dia 19 de julho, data da fundação do Sport Club Rio Grande, do Rio Grande do Sul (ano de 1900), é referenciado oficialmente como o time formalizado mais antigo e ainda em atividade em nosso país, foi instituído como o Dia Nacional do Futebol, no ano de 1976. Dentre as diversas lembranças relacionadas ao esporte, qual a sua memória mais marcante com clubes futebolísticos no bairro de Santa Cruz?

Em junho de 2024, o jogador de futebol Thiago Silva apresentou-se oficialmente no time Fluminense Football Club, após quase duas décadas de atuações em clubes europeus. O atleta iniciou suas líricas esportivas no bairro de Urucânia, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde jogou durante sua infância e início de pré-adolescência no time local Nacional, em meados da década de 90.

O jogador possui o legado de ser o capitão da Seleção Brasileira que ficou por mais jogos na liderança da equipe, atuando por três Copas do Mundo: 2014, 2018 e 2022. Na Zona Oeste Carioca, muitos atletas que são crias da região marcaram a história do futebol nacional. Todavia, o legado cultural do esporte nas áreas do Oeste do Rio de Janeiro também se expressa nas movimentações dos times locais em seus bairros, tal como em Santa Cruz, com clubes que marcaram as culturas de seus espaços vividos.

Alvinegro, Esportivo, Distinta,  Progressistas Futebol Clube e Colonial Futebol Clube são algumas das equipes que são protagonistas nas memórias esportivas de Santa Cruz. 

Uma das rivalidades mais marcantes do futebol santacruzense, no século XX, era entre os times Oriente Futebol Clube e o Esporte Clube Guanabara. O Oriente foi fundado em 13 de junho de 1927, por funcionários do comércio local e do então Matadouro de Santa Cruz, com o objetivo primário de viabilizar um ambiente de lazer, em especial, nos finais de semana no bairro. O clube se estabeleceu em um terreno na Rua Nestor. O Guanabara foi fundado em 7 de setembro de 1941, contando com o seu estádio, Antônio Fernandes Machado, na Rua Marquês de Barbacena.

Ambos os clubes disputaram durante muitos anos o Departamento Autônomo de Futebol, com o Guanabara conquistando o título em 1965. Por muitas vezes, ambas as equipes se enfrentavam no campeonato, no qual essa vasta rivalidade marcou as memórias esportivas de muitos moradores de Santa Cruz.

Imagem I - Registro fotográfico do Esporte Clube Guanabara, entre meados das décadas de 40 e 50. Acervo do NOPH.

Imagem II - Registro fotográfico do Oriente Futebol Clube, entre meados das décadas de 40 e 50. Acervo do NOPH.

Imagem III - Escudo do time local Oriente Futebol Clube. Representação visual retirada do blog A História do Futebol, matéria de 15 de junho de 2012.

Imagem IV - Escudo do time local Esporte Clube Guanabara. Representação visual retirada do blog A História do Futebol, matéria de 10 de dezembro de 2023.

Texto de Victor Marques. Graduando em História pela UFRRJ e Vice Coordenador de Estudos e Pesquisas Históricas do NOPH.

Referência bibliográfica:

“Futebol em Santa Cruz: Velhos Tempos do Distinta, Oriente e Guanabara”, O Quarteirão, Rio de Janeiro, maio/junho de 2014.

quarta-feira, abril 23, 2025

São Jorge e o bairro de Campo Grande

Dia 23 de abril, dia de São Jorge, um dos santos mais identificados com o Rio de Janeiro, também  padroeiro da Inglaterra e do clube Corinthians, festejado em países como Portugal e Espanha, e reverenciado tanto na igreja católica Romana, Ortodoxa e Anglicana, além do sincretismo religioso, no qual na Umbanda e no Candomblé se faz referência a Ogum.

É um dia marcado por festejos, igrejas lotadas, queima de fogos e feijoadas - no caso do delicioso prato, uma referência à comida que os escravizados faziam e reverenciavam a Ogum, através de São Jorge -  além de lembrar alegria e confraternização. A cor vermelha é marcante, lembrando o sangue, associando-o ao simbolismo na cultura cristã, remetendo ao sacrifício de Jesus Cristo, além da própria história do martírio de São Jorge, que segundo a tradição, foi um capitão da região da Capadócia (atual Turquia), o qual foi degolado pelo Império de Roma, por se negar a perseguir cristãos.

A fé ao santo também se apresenta em forma de cordões, dos mais variados tamanhos e formas. Na música "O carioca", do grupo Molejo, é citado o fato, ressaltando a forte relação do santo com a população do Rio de Janeiro: "O carioca é aquele que deita na sombra na hora do almoço; está quase sempre com ar de bom moço; que bate uma bola até com um caroço; com um São Jorge no pescoço..."

E no bairro de Campo Grande não poderia ser diferente do restante da cidade. Na região, o Santo Guerreiro é representado de algumas formas. Uma é a existência de um sub bairro denominado São Jorge, contínuo ao sub bairro Aurora, fazendo parte da região da Avenida Cesário de Melo, entre os bairros de Campo Grande e Inhoaíba. O mesmo destaca-se no comércio e como área residencial. Uma outra referência é a tradicional festa de São Jorge no Rio da Prata, acompanhada por devotos, simpatizantes, curiosos e religiosos, com a imagem do santo sendo conduzida por cavaleiros, numa grande multidão que reúne pessoas de várias partes da Zona Oeste, percorrendo locais próximos como a Estrada do Viegas, Estrada do Lameirão Pequeno e Estrada do Cabuçu. E por fim, a existência da Comunidade Católica São Jorge, da Paróquia São João Evangelista, no Rio da Prata; e a capela de São Jorge, na rua Caminho do Padre, no loteamento Monte Sinai, pertencente à Paróquia Nossa Senhora das Graças.

E assim segue a tradição de São Jorge, com sua cor forte, representando superação, guarda e força para as batalhas do dia a dia e que, segundo a lenda, por ser guerreiro, mata o demônio (dragão) e, da Lua, protege a humanidade dos perigos e maldades.

"Lua de São Jorge, lua deslumbrante... lua de São Jorge cheia, branca, inteira..."

Texto do meu amigo Carlos Eduardo de Souza.

Repostado do: https://memoriascampogrande.blogspot.com/

domingo, abril 20, 2025

Falência de rede de supermercados nº1 do RJ abala moradores no ano de 1999

Falência do supermercado - Lojas fechadas (Foto: Reprodução) 

Falência de grande rede de supermercados no Rio de Janeiro deixa 224 lojas fechadas e mais de 22 mil trabalhadores sem emprego. 

A falência da rede de supermercados do Rio de Janeiro provocou um choque imediato na vida de milhares de trabalhadores e consumidores. Com 224 lojas lacradas e mais de 22 mil funcionários demitidos, o colapso da empresa espalhou insegurança econômica por bairros inteiros, onde os mercados funcionavam como pontos de referência e sustento de famílias. 

O TV Foco, a partir do seu time de especialistas e das informações disponibilizadas no Wikipédia, detalha agora a falência da rede de supermercados Casas da Banha:

Fim da rede de supermercados Casas da Banha:

​A rede de supermercados Casas da Banha, fundada em 1955 pelo empresário Climério Veloso no Rio de Janeiro, consolidou-se como uma potência no varejo brasileiro durante as décadas de 1970 e 1980. Porém, com uma estratégia de expansão agressiva, a empresa adquiriu redes concorrentes como Ideal e Merci, ampliando sua presença para 224 lojas em sete estados e no Distrito Federal. 

Além disso, no auge, empregava cerca de 22 mil funcionários e registrava um faturamento anual superior a US$ 700 milhões.

Supermercados Casas da Banha (Foto: Reprodução)

Crescimento da Casas da Banha:

A Casas da Banha não se destacou apenas pelo volume de vendas mas também por sua presença marcante na cultura popular brasileira. A empresa patrocinou o programa Discoteca do Chacrinha, onde o apresentador lançava produtos como bacalhau para a plateia promovendo os itens da rede. Além disso, a marca foi mencionada em músicas de artistas renomados, como Raul Seixas, que citou a rede na canção "Tu És o MDC da Minha Vida."

Falência do Supermercados Casas da Banha (Foto: Reprodução)

O Declínio:

Entretanto a estabilidade da Casas da Banha começou a ruir em 1986, com a implementação dos planos econômicos Cruzado I e II pelo governo federal, que incluíam o congelamento de preços. Porém, na época, a rede vendia produtos com preços promocionais, que tiveram que ser mantidos por um ano devido ao congelamento, resultando em prejuízos significativos. Por fim, a situação se agravou com o confisco do Plano Collor, que afetou ainda mais a saúde financeira da empresa.

Problemas: 

Em 1991, a Casas da Banha reduziu seu quadro de funcionários para cerca de 9 mil e iniciou o fechamento de várias lojas. Porém, no ano seguinte, 149 unidades foram vendidas ou transferidas para antigos proprietários como forma de pagamento de dívidas, enquanto 75 permaneciam fechadas aguardando negociações. Contudo, em 1993, a empresa enfrentou cerca de 9 mil processos trabalhistas, dos quais 2.800 foram resolvidos com o pagamento de indenizações, totalizando R$ 23 milhões até o final de 1998.

A empresa teve a sua falência decretada em 1999 (Reprodução: Internet)

Declínio da Casas da Banha:

1986: Início da crise com os planos Cruzado I e II.​

1991: Redução do quadro de funcionários para 9 mil.​

1992: Venda ou transferência de 149 lojas; 75 permanecem fechadas.​

1993: Enfrentamento de 9 mil processos trabalhistas.​

1999: Falência decretada pela 2ª Vara de Falências e Concordatas.​

A Casas da Banha sofreu falência?

A falência da Casas da Banha foi oficialmente decretada em 28 de abril de 1999 pelo juiz Luiz Felipe Salomão, da 2ª Vara de Falências e Concordatas, após a própria empresa confessar sua incapacidade de saldar as dívidas. Além disso, o passivo trabalhista estimado era de US$ 5 milhões, e o juiz determinou o lacre das instalações e estabeleceu um prazo de 20 dias para a justificativa de créditos por parte dos credores.

Conclusão: 

O encerramento das atividades da Casas da Banha representou não apenas o fim de uma das maiores redes de supermercados do Brasil. Porém, evidenciou como certas políticas econômicas mal planejadas e a falta de adaptação às mudanças do mercado podem levar ao colapso muitas grandes empresas. Contudo, o caso serve como um alerta para a importância da gestão eficiente e da capacidade de resposta a crises no setor varejista. 

Texto de Wellington Silva - 16/04/2025. 

Repostado de: https://www.otvfoco.com.br/

Observação do Administrador do Saiba História:

Trabalhei de 1983 a 1986 como auxiliar de escritório nas Casas da Banha. No mesmo prédio onde trabalhava a família Veloso e todos os seus diretores. Ficava situado na rua da Proclamação, no bairro de Bonsucesso. Era um verdadeiro conglomerado de setores e serviços localizados numa mesma rua. Sem contar as lojas espalhadas por vários bairros da cidade do Rio de Janeiro e em várias cidades do país. Posso dizer que o Grupo CB foi uma das melhores empresas onde trabalhei. Tinhamos todos os direitos trabalhistas, bons salários, refeitório no local e também nas lojas, aumento por produtividade, centro médico no local, etc. Depois vieram as crises econômicas e consequentemente as dívidas trabalhistas. Foi onde passei a vivenciar toda essa situação que foi descrita no texto acima. Tudo isso aconteceu muito antes de trabalhar professor.