sexta-feira, agosto 25, 2023

A importância dos museus para a sociedade


O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, na noite de 02 de setembro, sensibilizou o Brasil e o mundo e, mais do que nunca, é importante que se discuta a importância desses espaços.

Preservar a história e a memória do ser humano sempre foi um grande desafio. Nesse contexto, os museus exercem um significado extremamente relevante. Muitos pensam que eles são apenas um caminho em direção ao passado, quando na verdade são muito mais que isso. É um lugar de conexão entre passado, presente e futuro, pois olhar o passado é conhecer o que foi feito para aprimorar mecanismos que podem influenciar o presente, para que novos conhecimentos e técnicas sejam disponibilizadas para a sustentabilidade das futuras gerações.

Museus são locais de guarda, pesquisa e exposição do patrimônio histórico-cultural do país e ambientes de intensa pesquisa e produção de conhecimento.

A importância dos Museus para a preservação da Cultura:

Preservar a história e a memória do ser humano sempre foi um grande desafio. Nesse contexto, os museus exercem um significado extremamente relevante. Muitos pensam que eles são apenas um caminho em direção ao passado, quando na verdade são muito mais que isso. É um lugar de conexão entre passado, presente e futuro, pois olhar o passado é conhecer o que foi feito para aprimorar mecanismos que podem influenciar o presente, para que novos conhecimentos e técnicas sejam disponibilizadas para a sustentabilidade das futuras gerações.

O termo museu teve sua origem na Grécia antiga, nas palavras gregas ‘Mousa’ e ‘Mouseion’, templo das nove musas, ligadas a diferentes ramos das artes e das ciências, filhas de Zeus e Mnemosine, divindade da memória, sendo locais sagrados, reservados à contemplação e aos estudos científicos. Esses locais foram considerados como o primeiro museu, no qual era constituído de bibliotecas, jardim, observatórios, sala de leitura, entre outros ambientes.

Os museus são importantes instrumentos de preservação da memória cultural de um povo, e responsáveis por seu patrimônio material ou imaterial. No início, sua finalidade era apenas de salvaguardar e não de disseminar as informações culturais.

Por muito tempo, eram locais restritos e elitizados, mantidos por pessoas com algum poder aquisitivo. Somente as pessoas que recebiam convites para exposições tinham acessos àquelas obras. Anos mais tarde se tornam no que conhecemos atualmente, ou seja, aberto ao público em geral, sem distinções, local livre, de caráter educativo, cuja missão é recuperar, preservar e disseminar a memória coletiva por meio de seus objetos.

Sabemos que cultura é um termo amplo e complexo, podendo ser definido a partir de diversos pontos de vista. Sob a análise antropológica, cultura é o conjunto de costumes, tradições, hábitos e manifestações de uma população, que constrói sua identidade e seu modo de vida e os transmite geração após geração.

O museu tem o papel de informar e educar por meio de exposições permanentes, atividades recreativas, multimídias, teatro, vídeo e laboratórios. É o espaço ideal para despertar a curiosidade, estimular a reflexão e o debate, promover a socialização e os princípios da cidadania, e colaborar para a sustentabilidade das transformações culturais.

O Estado de Minas Gerais tem dezenas de museus. O Museu da Cachaça, por exemplo, localizado no Norte do Estado, é um grande centro cultural e de convivência. Entre suas propostas de atuação estão a difusão do conhecimento sobre a produção da cachaça como bem patrimonial da comunidade local e do Estado, e a preservação de todo o acervo da cadeia produtiva desse artigo genuinamente brasileiro.

Dois outros museus que quero destacar é o Museu Regional do Norte de Minas, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), e o Museu Vivo da História Local, da Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo(Facic). Ambos têm a função de identificar, documentar, proteger e difundir o patrimônio cultural e natural daquelas regiões.

Apoiar a cultura e a valorização dos museus sempre foi algo que me agradou muito, sobretudo depois que assumi a Presidência da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados. Continuarei promovendo o desenvolvimento cultural, inclusive do patrimônio histórico, geográfico, arqueológico, artístico e científico do Brasil, bem como a produção intelectual do povo brasileiro, o nosso principal patrimônio.

Portanto, os museus são a radiografia da história da nossa gente. Visitá-los deve ser uma prática recorrente.

Texto de Raquel Muniz

Deputada federal (2014-2017), médica, pedagoga, reitora da Funorte, escritora, apresentadora, mãe, avó, esposa e uma mulher inquieta, em busca incessante por novos desafios. Uma eterna aprendiz!

O poder dos Museus na transformação da Sociedade:

A Inteligência Artificial, a realidade aumentada e a interação digital do público com a arte estão transformando a relação dos museus com as pessoas. As tecnologias dão vida às obras de arte e à História, encurtam distâncias e proporcionam novas e encantadoras experiências, agregando diferentes possibilidades ao poder transformador dos museus. Nesse cenário, futuro, presente e passado se encontram, criando e revelando novas facetas desses espaços – ricos em cultura, arte e saberes.

Recentemente, foi proposta, pelo capítulo brasileiro do Conselho Internacional de Museus, o ICOM, uma nova definição de museu: "um museu é uma instituição inclusiva, sem fins lucrativos, aberta ao público, que investiga, coleciona, preserva, expõe e comunica o patrimônio material e imaterial, promovendo reflexões críticas sobre a memória e as identidades. Os museus estão a serviço da sociedade, proporcionando experiências educativas e de partilha de conhecimentos. Impulsionados pelas comunidades ou moldados em conjunto com seus públicos, os museus podem assumir uma ampla gama de formatos, promovendo igualdade de acesso, sustentabilidade e diversidade".

Essa definição aponta para o caminho que já vem sendo trilhado pelas instituições nacionais. É cada vez mais presente projetos que valorizam a nossa memória, reforçam aspectos da identidade brasileira e fomentam importantes reflexões, sempre de forma acessível e com experiências ampliadas em plataformas digitais. O cenário de pandemia acelerou o uso de novas tecnologias, eliminou o uso de papel no dia a dia e, no retorno às atividades presenciais, nos desafiou a implantar novos modelos que possam harmonizar experiências nos formatos presencial e virtual. Em constante transformação, os museus continuam demonstrando sua capacidade de superar desafios, adaptando-se às demandas do público e da sociedade. Para a Casa Fiat de Cultura, a inovação está em seu DNA. Primeira instituição cultural do Brasil mantida por uma empresa de automóveis, sempre cumpriu um importante papel de formação de público, por meio de programação diversificada, com exposições relevantes, cursos, formação de professores, ateliês, palestras, ações educativas e iniciativas patrimoniais.

Em nosso retorno à programação presencial, em novembro de 2021, a exposição-ateliê “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro” foi a materialização do poder de um museu enquanto agente de mudanças, que promove e incentiva a redescoberta da própria história, com um importante legado para as gerações futuras. Às vésperas da comemoração do centenário da Semana de Arte Moderna, o barroco mineiro se fez presente para reacender o imaginário e aproximar a comunidade de sua herança cultural. A iniciativa apresentou o restauro vivo de três obras de Antonio Francisco Lisboa, o mestre Aleijadinho: as imagens de Sant’Ana Mestra, de São Joaquim e de São Manuel, esculturas do século 18 que transcendem o seu tempo. O público pode acompanhar de perto todas as etapas de restauração das obras, guardadas sob as montanhas de Minas Gerais, nas cidades de Caeté, Raposos, Chapada de Ouro Preto e Mariana. Um presente da Casa Fiat de Cultura para o público, em celebração aos seus 15 anos de atividades.

Em formato inovador, a Casa Fiat de Cultura desvelou os bastidores do restauro – normalmente restrito aos técnicos e profissionais envolvidos – e permitiu ao público o contato com esse importante trabalho, desenhando, assim, uma nova história para as obras e suas comunidades de origem. O ateliê era, ao mesmo tempo, uma oficina viva de restauro e uma exposição em constante transformação, cheia de histórias e significados. Essa iniciativa ilustra bem os conceitos aqui em foco.

Aspectos tecnológicos, científicos, patrimoniais e iconográficos fizeram parte de cada etapa da mostra, vista por 170 mil pessoas. Pesquisas e levantamentos históricos foram fundamentais para conduzir o projeto. Na Casa Fiat de Cultura, as obras passaram por aparelhos de raio X e luz ultravioleta, que possibilitaram analisar as características de cada imagem e coletar o máximo possível de informações sobre aspectos estilísticos e estado de conservação. Muitas descobertas se revelaram aos olhos do público em tempo real. Foi impressionante compreender o processo de criação do mestre Aleijadinho. Os olhos de São Manuel, por exemplo, foram produzidos com calotas de vidro para dar um efeito mais cristalino. Já Sant’Ana Mestra emocionou o público com a descoberta de uma franja, que ficou por décadas escondida embaixo de camadas de tinta. Detalhes que testemunham a originalidade das obras e que contribuíram para enriquecer e valorizar esse importante patrimônio brasileiro.

Vários recursos foram utilizados para envolver o público durante todo o período da mostra. A websérie “Aleijadinho, arte revelada” produziu episódios com o registro visual de todas as etapas, da retirada das obras das comunidades à chegada à Casa Fiat de Cultura, passando pela concepção do espaço expositivo e depoimentos com os diversos olhares e percepções do público e da comunidade. Nas vitrines da instituição, projeções e vídeos exibiam detalhes da restauração para quem passava pelas calçadas. No site, um tour virtual 3D era mais uma alternativa para passear pelas salas expositivas, quando e onde o visitante quisesse. Sempre em diálogo com a comunidade, o restauro teve um importante papel de valorização do patrimônio material, ao recuperar algumas das características das obras e promover sua conservação, e imaterial, já que elas têm uma relação de afetividade e seguem em devoção nas cidades de origem. Ao final do projeto, as comunidades foram orientadas sobre como conservar as obras. Além disso, a Casa Fiat de Cultura disponibilizou um catálogo virtual para download e um minidocumentário, percorrendo todos os passos dessa trajetória, que encantou visitantes e emocionou as comunidades.

As visitas mediadas e acessíveis do Programa Educativo, bem como a programação de palestras, bate-papos, ateliês, minicursos, cadernos educativos e Formação de Professores foram eixos fundamentais dessa plataforma que criou várias camadas de conteúdos para tornar a experiência mais rica e despertar no público uma nova percepção sobre a importância da preservação do patrimônio. Para que tudo isso aconteça, a gestão e um time competente são pontos fundamentais. Nos bastidores de um museu é preciso ter uma orquestra afinada, capaz de materializar ideias e gerar novas proposições. Em 2022, na 20ª Semana Nacional dos Museus, a Casa Fiat de Cultura apresenta uma programação que discute questões ligadas à formação da identidade nacional, a partir de fotografias que destacam ausências e vestígios da paisagem verde. Outras iniciativas focam nas possibilidades das ferramentas museológicas e nas várias formas de ampliar a experiência de visitação aos museus.

A Semana Nacional de Museus renova a discussão em torno das potencialidades do museu para a transformação da sociedade. Nesse contexto, as novas tecnologias e o formato híbrido se tornam importantes parceiros na expansão do acesso à arte e à cultura. Os museus, cada vez mais, se tornarão aceleradores de novas experiências e olhares. São espaços de descoberta, onde as mentes e os sentidos se abrem para diferentes perspectivas de reflexão e aprendizagem. Seguimos entendendo que, ao mesmo tempo em que ajudamos a promover novas formas de pensar para todos os públicos, também somos transformados por eles, em um processo de troca e de ganhos muito positivos para todos.

Texto de Ana Vilela. 

Gestora de Cultural Experience da Casa Fiat de Cultura. Jornalista e Relações Públicas, com especialização em Administração em Marketing e Gestão para a Sustentabilidade. Há 16 anos na Casa Fiat. Atuando com foco em inovação, contemplando diferentes culturas, customização, valorização da diversidade e integração de públicos.

Publicado na Revista Museu cultura levada a sério.

Fonte: https://www.revistamuseu.com.br/site/br/

Pesquisa feita pelo autor deste blog! 

Textos a serem utilizados na Oficina 1 de Capacitação: Museus e Comunidade. A ser realizada no dia 13/09/2023, na sede do NOPH - Ecomuseu (Centro Cultural Dr. Antonio Nicolau Jorge). Rua das Palmeiras Imperiais, s/nº, Santa Cruz, Rio de Janeiro - RJ.

2 comentários:

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Hoje completam 5 anos daquele trágico incêndio que consumiu parte da história brasileira. Mas é preciso sempre continuar valorizando a importância dos museus.

Adinalzir disse...

Prezado Rodrigo Phanardzis
Perfeito! E vamos torcendo para que um dia todos percebam que os museus são importantes para a história do nosso país. Um grande abraço e uma ótima terça-feira!