Um dos vaqueiros galopava na dianteira da boiada e aos gritos pedia para os moradores fecharem seus portões e porteiras.
A manada passava desorganizada e barulhenta entre mugidos, empurrões, cabeçadas e coices na enorme e fedorenta nuvem de poeira avermelhada. A gritaria dos vaqueiros pareciam cânticos que somente eles sabiam significado. Homens simples, humildes, fortes e honrados. Garbosos e orgulhosos sobre suas montarias.
Após a passagem da manada, os vestígios deixados permaneciam esparramados por toda Linha de Austin e o cheiro nada agradável fazia morada por dias seguidos.
Seguiam pela Estrada do Campinho, Estrada de Paciência, Estrada do Furado até alcançar o Saquassu, Morro do Chá e Santa Cruz.
Texto de autoria de Leu Lima.
2 comentários:
Caro Prof. Adinalzir,
Esse registro mostra não fazer muito tempo que essas regiões deixaram de ser rurais para se tornarem espaços densamente urbanizados. Ou seja, estamos falando de um fato comum há cerca de sessenta anos, havendo ainda entre nós testemunhas oculares octagenárias (ou mais velhas) que, gozando de uma memória relativamente boa, podem nos contar. Infelizmente, são uma minoria em tais localidades da Zona Oeste ou da Baixada Fluminense entre pouquíssimos descendentes dos moradores originais, os quais nem sempre se interessavam pelos relatos dos pais e avós. Todavia, já existiu um Rio de Janeiro rural que não pode ficar esquecido.
Forte abraço e feliz Páscoa!
Prezado Rodrigo Phanardzis
Exatamente, a ruralidade não pode nunca ser esquecida nas nossas comunidades.
Muito obrigado pela visita e comentário!
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