Projeto de Resgate, Preservação e Difusão da Memória e História de Rio Bonito
Maria Antônia, negra forra, foi dona de uma propriedade e escravos nas terras da fazenda dos Mineiros, no segundo distrito de Rio Bonito, como consta em seu testamento redigido na fazenda dos Mineiros, localizada no segundo distrito de Rio Bonito, próximo de Araruama.
Vejamos seu testamento!
Em Nome de Deus, Amém. Eu, Francisca Antônia , preta de nação Rebola, liberta por favor de Francisco Antônio de Almeida, já falecido, estando de pé e de saúde, no gozo do meu perfeito juízo e entendimento e por me achar em idade avançada, temendo a morte que a todos é infalível, proponho-me a fazer este meu solene testamento e o faço pela forma seguinte; sou católica romana e como tal creio em tudo quanto a santa madre igreja manda crer e ensina e nessa fé espero morrer e salvar-me mediante a divina misericórdia .
Declaro que me acho situada nas terras da fazenda dos Mineiros, como herdeira na metade na situação que foi de Francisco José Lopes Município da Vila do Rio Bonito, onde resido, cuja herança tive em instituição testamentária do mesmo Lopes.
Declaro que sempre vivi no estado de Solteira e que não tenho filhos nem herdeiros forçados algum descendentes ou ascendentes, por isso disponho dos meus bens como a lei me permite. Deixo a eleição do meu testamenteiro nomeado por quem será feito o meu funeral, bem como o lugar sagrado em que deve dar meu sepultamento a meu corpo. Quero que se diga dez missas para salvação da minha alma.
Declaro que possuo os seguintes escravos; José Antônio Congo, casado com Rosa de nação Cabinda, Prudêncio, Joaquina e Silvério crioulo, filhos dos ditos, e mais da metade das benfeitorias dessa dita situação de minha residência em terras da Fazenda de Mineiros
Tudo livre de dívidas judiciais, hipotecas ou outros alguns ônus de meus escravos que estou de posse como legatária e herdeira instituída pelo dito finado Francisco José Lopes na verba de seu testamento no obstante ter dado partilhas no inventário do mesmo a qual está correndo no juízo municipal da Vila do Rio Bonito foro competente.
Declaro que tenho contraído algumas dívidas pequenas, as quais meus testamenteiros as paguem na conta dos meus bens, porem sendo estes contas apresentadas em juízo e termos da lei.
Pago as minhas dívidas feitas nas despesas deste meu testamento e outros destes, instituo por meu universal herdeiro dito dos meus bens a Antônio Batista Lopes Magrão, em muito o desvelo e trabalho que durante a minha vida comigo tem tido. Nomeio meu herdeiro aqui instituído, para que goze por meu falecimento de todos os meus bens, que havidos como por haver, como meu instituído herdeiro legítimo senhor.
Peço e rogo em primeiro lugar ao dito meu herdeiro Antônio Batista Lopes, em segundo a Antônio José Gouveia, e em terceiro a Bernardino José de Torres Quintanilha queiram fazer a benesse de serem meus testamenteiros e administradores de meus bens, depois de meu falecimento, para que desde já para lavrar tanto em juízo como fora dele.
Deixo para o cumprimento desta minhas disposições testamentárias, o tempo de dois anos.
E por esta forma ei por findo este meu testamento por ser esta a minha última vontade, e peço as justiças de Sua Majestade Imperial, hajam de fazer, executar e cumprir todas as minhas determinações como nelas se contém. Escrevi o tabelião José Pereira Borges, sítio em terras da Fazenda do Mineiros, município da Vila de Rio Bonito, aos 21 de Novembro de 1853.
Pesquisa e Transcrição: Dawson Nascimento da Silva.
Publicada em 2010.
Fontes: Cartório do 1º Ofício de Notas de Rio Bonito, RJ.
Livro nº 1 de Testamentos, páginas 77, v, 78,79.
Origem da imagem: Wikipédia, a enciclopédia livre
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
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