Charles Darwin no Rio de Janeiro. Por João Antônio Vieira
Charles Darwin quando esteve no Recife, se impressionou com a brutalidade das pessoas e escreveu: "É uma terra de escravidão, portanto de decrepitude moral!"
Em sua travessia pelo norte fluminense, Darwin deparou-se também com os horrores da escravidão. Dois episódios lhe marcaram profundamente. Um deles aconteceu na Fazenda Itaocaia, em Maricá, a 60 km do Rio, no dia 8 de abril, quando um grupo de caçadores saiu no encalço de alguns escravos. A certa altura, os foragidos se viram encurralados em um precipício.
Uma escrava, de certa idade, preferiu atirar-se no abismo a ser capturada pelo capitão do mato. "Praticado por uma matrona romana, esse ato seria interpretado como amor à liberdade", relatou Darwin. "Mas, vindo de uma negra pobre, disseram que tudo não passou de um gesto bruto".
Após sair do Brasil escreveu: "Nunca mais ponho os pés em um país escravocrata! No Recife um jovem mulato era constante e brutalmente espancado pelo seu senhor. Até hoje, quando escuto um grito na madrugada penso que é um escravo brasileiro e tremo todo. Em Salvador e no RJ as donas de casa tinham tarrachas para esmagar as articulações dos dedos dos escravos domésticos. E aos domingos iam à igreja, onde diziam amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo".
Fonte: Livro Viagens de um naturalista ao redor do mundo, Darwin, dedica várias páginas de sua estadia no Brasil em 1832.
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
7 comentários:
Foi importante esse relato de Charles Darwin sobre os horrores da escravidão, uma percepção de quem vivia num país que já havia posto fim a essa exploração absurda do trabalhador, embora houvesse outras que a Revolução Industrial criou por lá. Todavia, mesmo antes da data oficial do fim da escravidão na Inglaterra já havia um movimento bastante representativo pela Europa e pelos Estados Unidos, que em nome do humanitarismo e da fraternidade cristã e dos princípios da vida moderna, ganharam força e voz e saíram em defesa do fim da escravidão.
Em tempo! Pode-se dizer que o movimento abolicionista se fortaleceu entre os iluministas franceses e entre os intelectuais ingleses e norte-americanos, os quais tinham como principal lema de luta a ideia de liberdade, propagada após a Revolução Francesa (1789) e a Independência dos Estados Unidos (1776). Mas nunca podemos esquecer de que a Inglaterra foi uma das nações com maior atuação no comércio de escravos entre os séculos XVII e XVIII. Aliás, os anos de 1700 teriam marcado o auge do tráfico de escravos no Atlântico. Só que para a conclusão de seu projeto de industrialização a modificação das relações de trabalho e de mercado consumidor eram essenciais para a Inglaterra, sendo que abolição da escravidão por lá se deu em 1833, tendo sido sancionada no parlamento e estabelecida em todo o Império, ressaltando que já em 1807 o Parlamento aprovou o Abolition Act, que proibia o tráfico de escravos.
Só não podemos esquecer que os ingleses eram partícipes deste horror ,que infelizmente ainda não foi concertado !
Prezado Rodrigo Phanardzis
Charles Darwin com certeza foi muito sensível sobre os horrores da escravidão tanto no Brasil quanto na Europa. Mas que infelizmente ainda hoje deixaram marcas que não podemos esquecer.
Fico honrado pela sua visita e comentários sempre muito valiosos!
Prezado Andsacramento
Muita coisa ainda precisa ser consertada na questão do negro e da escravidão. Tanto aqui no Brasil quanto na Europa. Fico grato sua pela visita e volte sempre a este blog!
Realmente a escravidão é uma coisa nefasta, terrível! Mas será que Darwin também teria visitado uma das minas de mineração do Reino Unido nas quais seres humanos de todas idades (inclusive crianças!) eram submetidos a um regime de trabalho análogo à escravidão e viviam em condições sub humanas?
Lamentável, tá aí o resultado do ovo da serpente, o do filme os meninos do Brasil. Saíram do armário.
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