Uma das quatro bibliotecas mais bonitas do mundo fica no centro do Rio e atende pelo nome de Real Gabinete Português de Leitura. Essa joia da arquitetura neomanuelina, meio escondida atrás do Teatro João Caetano, é um templo da língua portuguesa aberto a qualquer mortal. Com o maior acervo de obras lusitanas fora de Portugal, a instituição é bicentenária tem mais de 350 mil títulos, inclusive um exemplar da primeira edição de 'Os Lusíadas', poema épico de Luís de Camões escrito pouco depois do descobrimento do Brasil. O acervo não para de crescer, já que uma lei portuguesa torna obrigatória a remessa ao Real Gabinete de um exemplar de cada livro editado lá.
A biblioteca é fruto de uma associação de intelectuais e comerciantes portugueses. Com objetivo de preservar a cultura e a literatura lusa do lado de cá do Atlântico, eles fundaram-na em 1837. A vistosa sede só seria construída em 1887, com o incentivo – claro – do imperador Pedro II e de sua filha, a princesa Isabel, amantes que eram das letras e da tradição lusófona. Decorada com estátuas de heróis portugueses como Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e, claro, Camões, a instituição mantém também um museu e um Centro de Estudos. O título que consagra sua beleza foi conferido em um levantamento realizado pela revista americana 'Time', que colocou o Real Gabinete ao lado da George Peabody Library, que fica na universidade Johns Hopkins (EUA); da Biblioteca Real de Copenhague, na Dinamarca; e da Clementinum, que fica capital tcheca, Praga.
Subir as escadas de mármore, atravessar os portões de ferro lindamente decorados e adentrar o salão de leitura dá a sensação de uma volta no tempo. As vetustas estantes, de madeiras nobre, se erguem a 25 metros de altura, alcançando a magnífica claraboia. Dominando tudo, o enorme lustre parece vigiar aqueles que vêm à procura dos escritos de imortais ou, simplesmente, para apreciar o lugar. A uns e outros, letreiros em relevo solicitam o necessário silêncio. Nem era preciso – dentro do Real Gabinete Português de Leitura, a reverência é quase tão perceptível quanto os raios de sol que o atravessam de alto a baixo. É a luz do saber.
Originariamente postado no Passeador Carioca
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
2 comentários:
O grande Passeador Carioca desvendando a história do Rio!
Excelente postagem!
Prezado Eduardo Morales
Agradeço pelo comentário.
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