Hoje, a história é horripilante e dispensa qualquer tipo de comentário engraçado. Por isso, evitaremos as brincadeiras tradicionais postadas no instagram e apenas cumpriremos o papel de divulgar esse terrível incidente para que tamanha crueldade não aconteça novamente.
O ano é 1903, o atual presidente é Rodrigues Alves e a cidade de Barbacena (MG) recebia 7 instituições psiquiátricas, entre elas o Hospital Colônia – o protagonista da nossa história. Criado para ser um Hospital de luxo para a elite, tornou-se um manicômio durante a Ditadura de Vargas deixando um número assustador de mortes devido ao péssimo tratamento realizado nas dependências do hospital.
O Dr. Joaquim Antonio Dutra foi o primeiro diretor do Hospital Colônia ele foi convidado pelo próprio governador de Minas para o cargo após ter visitado o hospício de Juqueri , em SP, e ter feito estágio no Hospital de Alienados do Rio de Janeiro. Situado na Fazenda da Caveira, de Joaquim Silvério dos Reis, o Hospital de Barbacena que inicialmente era para tuberculosos foi modicado para atender 300 doentes mentais. Barbacena foi escolhida para ser a sede desse hospital devido ao seu clima montanhoso que era considerado perfeito para a cura de tuberculose e tratamento de doenças psiquiátricas.
Contudo, apenas em 1980 o manicômio se torna amplamente conhecido pelo tratamento desumano que fornecia sendo comparada a um campo de concentração nazista pelo psiquiatra italiano Franco Basaglia.
O que mais assusta é que 70% dos pacientes não possuíam diagnóstico de doença mental, o hospital se tornou um reduto para pessoas marginalizadas pela sociedade como: mendigos, homossexuais, prostitutas, negros, militantes políticos, filhas de fazendeiros que perdiam a virgindade antes do casamento etc.
Antes de todo o horror o hospital psiquiátrico tinha como pacientes pagantes e mendigos. Eles usavam o método de laborterapia, que na época era usada como parte do tratamento da loucura para tirar o louco de sua situação de inútil e lhe dar uma função lhe distraindo e o curando. Os pacientes pobres e considerados miseráveis eram forçados a afazeres repetitivos, sem remuneração, e faziam trabalhos pesados na lavoura, na área do hospital, e na confecção de tijolos, bonecos e tapetes.
Durante os 30 primeiros anos de funcionamento, o hospital foi uma Instituição respeitável oferecendo atendimento humanitário a seus pacientes. Então, ele passou a ser o destino para todos os indispostos que as comunidades pretendiam curar ou isolar. O problema é que sua capacidade não era o suficiente para a demanda que estava crescendo.
Em seu auge o hospital chegou a abrigar cerca de 5.000 moradores, os quais chegavam de todos os cantos do Brasil. Por isso fizeram uma mudança radical: para acomodar tanta gente as camas foram retiradas e feno foi espalhado pelo chão, as pessoas passaram a conviver com ratos (que lhes mordiam), com suas próprias fezes e urina e muitos morriam de diarreia, desnutrição, desidratação e de tantas outras doenças. Estavam em absoluto abandono, perambulavam pelos pavilhões nus e descalços e eram forçados a comer comida crua.
Vários ex internos se referem a um chá que era frequentemente servido por volta da meia-noite e “estranhamente”, no dia seguinte, muitos amanheciam mortos e eram empilhados nos corredores e pátios do hospital. Porém, o mais pavoroso de todos era o “desencarnar” dos mortos, que consistia em coloca-los em tonéis com ácido para tirar-lhes a carne e vender os esqueletos às faculdades de medicina. Os próprios pacientes tinham que fazer isso com seu colegas mortos! Estima-se que cerca de 60 mil pessoas morreram nesse hospital.
Com a Lei Federal 10.216/2001 passou a ocorrer uma maior desospitalização e a construção de um modelo humanizado. Em 2004 foi realizada uma inspeção em hospitais psiquiátricos em 16 estados brasileiros, organizada pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, acabando por encontrar condições subumanas em 28 unidades.
Em 2013 restavam 200 sobreviventes, parte ainda internada ou vivendo em residências terapêuticas, sendo que 10 anos é a expectativa de sobrevida dos 170 pacientes que continuam no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB).
Um dos sobreviventes é Luiz Pereira de Melo, que foi internado no hospital aos 16 anos (em 1952) por ser mais tímido do que a maioria dos garotos de sua idade. Durante o tempo que passou internado, um funcionário o fez construir casas para serem depois vendidas, mas disse que o pior foi a humilhação pela qual passou. Foram 60 anos até que ele pudesse reencontrar sua irmã, com quem não foi possível manter qualquer tipo de contato (igual o resto de sua família, a última vez que viu a mãe foi no dia em que foi levado para o hospital).
O Hospital Colônia de Barbacena funciona há 24 anos como museu, chamado Museu da Loucura, dedicado a relatar e conscientizar os horrores pelos quais muitas pessoas sofreram. Barbacena certamente ficou marcada na história por tais atos desumanos e por muito tempo foi um fato rejeitado: nos primeiros anos de abertura do museu, políticos ordenaram a retirada de duas placas da BR-40 que chamavam o público para uma visitação ao espaço.
Com a Lei Federal 10.216/2001 passou a ocorrer uma maior desospitalização e a construção de um modelo humanizado. Em 2004 foi realizada uma inspeção em hospitais psiquiátricos em 16 estados brasileiros, organizada pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, acabando por encontrar condições subumanas em 28 unidades.
Em 2013 restavam 200 sobreviventes, parte ainda internada ou vivendo em residências terapêuticas, sendo que 10 anos é a expectativa de sobrevida dos 170 pacientes que continuam no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB).
Um dos sobreviventes é Luiz Pereira de Melo, que foi internado no hospital aos 16 anos (em 1952) por ser mais tímido do que a maioria dos garotos de sua idade. Durante o tempo que passou internado, um funcionário o fez construir casas para serem depois vendidas, mas disse que o pior foi a humilhação pela qual passou. Foram 60 anos até que ele pudesse reencontrar sua irmã, com quem não foi possível manter qualquer tipo de contato (igual o resto de sua família, a última vez que viu a mãe foi no dia em que foi levado para o hospital).
O Hospital Colônia de Barbacena funciona há 24 anos como museu, chamado Museu da Loucura, dedicado a relatar e conscientizar os horrores pelos quais muitas pessoas sofreram. Barbacena certamente ficou marcada na história por tais atos desumanos e por muito tempo foi um fato rejeitado: nos primeiros anos de abertura do museu, políticos ordenaram a retirada de duas placas da BR-40 que chamavam o público para uma visitação ao espaço.
Fonte utilizada:
Originalmente postado em
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
4 comentários:
Sessenta mil mortos! Pasmem! Uma das páginas mais terríveis da nossa história recente. Descaso, preconceito e falta de humanidade, estampam essas memórias tidas como "médicas", pois psiquiatria também é medicina. Mas ali não havia psi nenhuma. Só havia dor e desamparo, como aliás, em todas as instituições psiquiátricas da época. Essa só foi a maior, e a mais negativamente famosa.
Para quem se interessa por esses assuntos mais a fundo, recomendo a leitura de "Holocausto Brasileiro" de Daniela Arbex. Leitura forte, marcante, reflexiva.
Embora o sistema manicomial esteja se reformulando em todo o mundo, ainda há uma longa caminhada a ser trilhada.
Nossa que história assustadora.Afinal qualquer comportamento poderia fazer a pessoa ser vista como louco. Imagino os horrores que se passaram ali.
Prezada Jane Darckê
Fico muito grato pela sua visita e comentário.
Agradeço muito pela colaboração de sempre.
Um fraterno abraço!
Prezada Vilma Franca
Te agradeço pela colaboração de sempre.
Fico muito honrado pela sua visita e comentário.
Uma excelente noite para você!
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