quinta-feira, abril 23, 2020

A lenda do Mão de Luva


Marco Ricca como Mão de Luva na novela Novo Mundo. (Fotos/Rede Globo)

Os salteadores integravam a parcela da população que as autoridades coloniais designavam como “vadios”, uma impressionante variedade de homens e mulheres que, por diferentes motivos, não foi absorvida nem pela mineração nem pela pecuária ou pela agricultura e perambulava nas franjas da estrutura de produção e da sociedade das Minas. Eles eram os “pés-rapados” — o homem expropriado, sinônimo de desclassificação social — e constituíam um grupo fluido, muito difícil de controlar ou enquadrar. Evidentemente, nem todos os vadios eram salteadores de estradas. Mas, para o viajante, sempre foi uma enorme questão de sorte não topar no seu caminho com um séquito de vadios organizados numa quadrilha de salteadores e acabar a viagem depenado ou assassinado. 

Vários desses grupos fizeram história. A quadrilha de Manuel Henriques, conhecido como Mão de Luva por usar uma luva estofada de couro no lugar da mão decepada numa briga, atuava além do rio Paraibuna, já na capitania do Rio de Janeiro, na região de Cachoeira do Macacu, e sua fama chegou até Lisboa. Organizadíssimo, o bando tinha cerca de duzentos homens, entre brancos, negros forros e pardos, divididos em companhias comandadas por prepostos de confiança do chefe. Explorava clandestinamente o ouro descoberto no local e assaltava os comboios que saíam do porto da Estrela, ao pé da Mantiqueira, rumo a Vila Rica. Mão de Luva descobriu lavras de ouro nos Sertões do Macacu e faiscava clandestinamente com o seu bando.

Fonte: Brasil, uma biografia, de Heloisa Maria Murgel Starling e Lilia Schwarcz. (1° edição)

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Originalmente postado no blograinhasmalditas

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

Um comentário:

Antonio de Oliveira disse...

Um excelente texto e uma história fascinante!