terça-feira, fevereiro 25, 2020

Benjamin de Oliveira



Benjamin Chaves, (Pará de Minas, 11 de junho de 1870 - Rio de Janeiro, 30 de maio de 1954) mais conhecido como Benjamin de Oliveira, foi um artista, compositor, cantor, ator e palhaço de circo brasileiro. Ele é mais conhecido por ser o primeiro palhaço negro do Brasil. Além de ser o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. O sobrenome "Oliveira" veio após se inspirar no nome de seu instrutor, Severino de Oliveira.

Benjamin Chaves nasceu em Pará de Minas, interior de Minas Gerais em 11 de junho de 1870, filho de Malaquias Chaves e Leandra de Jesus. Negro forro, sua alforria e de seus irmãos veio após nascerem, já que Leandra era considerada escrava de estimação. Seu pai, trabalhava buscando escravos fugitivos, que deixavam o trabalho da fazenda para terem liberdade.

Carreira

Aos 12 anos, Benjamin fugiu de casa ainda criança com a "troupe" do circo Sotero, que passava na cidade, onde atuou como trapezista e acrobata. Três anos após, ele decidiu escapar, já que era espancado pelo dono do circo. Já fora do Sotero, ele encontrou com ciganos que queriam lhe vender, fazendo com que ele escapasse novamente. Nesta fuga, ele acabou encontrando com um fazendeiro, que alegou que ele seria um escravo fugitivo. Benjamin para ser liberado teve que fazer algumas das acrobacias que ele havia aprendido no circo. Depois de passar por vários outros circos, ele substituiu o palhaço titular do circo onde trabalhava que havia adoecido e que não havia ninguém para substituí-lo. Na sua primeira apresentação o público não gostou de sua apresentação, rejeitando-o. Depois, trabalhou em outros circos passando por várias cidades em especial no circo Caçamba no Rio de Janeiro, onde o então presidente da república Marechal Floriano Peixoto estava presente. Surpreso com a apresentação de Benjamin e com a ideia de Manuel Gomes – o dono do circo; o presidente transferiu o circo que era situado na favela, para a frente do Palácio do Itamaraty, na Praça da República. A partir dali, os materiais usados pela trupe passaram a ser transportados pelo Exército Brasileiro.

Escreveu diversas peças de sucesso, entre as quais, O Diabo e o Chico, Vingança Operária, Matutos na Cidade e A Noiva do Sargento. Atuou também como cantor, nos entreatos, executando ao violão lundus, chulas e modinhas, principalmente as de seu amigo Catulo da Paixão Cearense.

Em agosto de 1908, protagonizou o papel de Peri, na peça O Guarani, que foi filmado no Circo Spinelli e lançado sob o nome, Os Guaranis, inspirado na obra de José de Alencar. O filme foi a primeira filmagem de um romance na época. Sendo lançado pela Photo-Cinematographica Brasileira. Em 1921, Benjamin criou a revista Sai Despacho.

Em 1941, ele havia pedido auxílio de passagens e transporte para 46 pessoas para uma excursão em Belo Horizonte, Minas Gerais. O pedido foi feito em dois meses, sendo negado em todos os três pedidos. Em 1947 devido a pressão feita pelos jornalistas a Câmara dos Deputados, ele passou a receber uma pensão do governo.

Numa entrevista a Brício de Abreu, em 1947, Benjamin descreveu o circo em que trabalhou, por volta de 1885:

"Em Mococa, encontrei um grupo trabalhando. O chefe do elenco se chamava Jayme Pedro Adayme. Era um norte-americano (...) trabalhávamos em ranchos de taipa, cobertos com panos velhos. Cada vez que mudávamos de cidade, vendíamos a parte da madeira e levávamos apenas a parte do pano em lombos de burro (...) Andávamos por terra de cidade em cidade, de vila em vila. Raramente conseguíamos um carro de boi. Quase sempre em lombo de burro."

Benjamin de Oliveira acabou falecendo em 3 de maio de 1954, no Rio de Janeiro, RJ.

Fatos mais recentes

A historiadora Ermínia Silva publicou em 2008 o livro “Circo Teatro: Benjamin de Oliveira e a Teatralidade Circense no Brasil”.

Em 2009 a escola de samba São Clemente apresentou no carnaval carioca o enredo "O Beijo moleque da São Clemente", uma homenagem a Benjamin de Oliveira. O enredo de autoria do carnavalesco Mauro Quintaes foi inspirado no livro de Ermínia Silva.

O artista também foi homenageado com o espetáculo "Universo Redondo - Os Circos de Benjamim", em 2015 no Rio de Janeiro, por iniciativa do ator Gabriel Sant´Anna na Cia do Solo.

Sua estátua situada no Parque Bariri, município de Pará de Minas (MG), foi vandalizada ao ser pichada com duas suásticas prateadas em setembro de 2017.

No carnaval de 2020 a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro teve como enredo "O Rei Negro do Picadeiro" que cantou a vida e obra de Benjamin.

Bibliografia

SILVA, Ermínia. Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil. São Paulo, Editora Altana, 2007.434 p.

Hirano, Luis Felipe Kojima. Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil. Ponto Urbe [Online], 2 | 200. DOI : 10.4000/pontourbe. 1923.

Porto, Sérgio – Benjamim de Oliveira – o palhaço em Revista Manchete. Rio de Janeiro, seção “Um Episódio por Semana”, 19 de junho de 1954.

Azevedo, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

Marcondes, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

Tinhorão, José Ramos. Cultura popular - Temas e questões. São Paulo: Editora 34, 2001.

Abreu, Brício de - Esses populares tão desconhecidos, Rio de Janeiro, c. Raposo Carneiro editor, 1963.


Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

2 comentários:

Michele do Nascimento disse...

Uma história fantástica!
Muito obrigada por compartilhar.

Adinalzir disse...

Valeu Michele do Nascimento
Fico muito grato pela visita e comentário.
Abraços!