De dia, são os restaurantes. À noite, os bares e boates. O movimento intenso da Travessa do Comércio, que, às sextas-feiras, se torna quase intransitável, parece alheio à trágica história que envolve o local onde funcionou o Senado da Câmara. Apesar do nome oficial, as pessoas se referem à travessa como o Arco do Teles, estendendo ao pequeno trecho de paralelepípedos o nome do Arco que fica num dos extremos da travessa, em frente à Praça XV. Lá dentro, há sempre movimento de turistas, principalmente europeus, entusiasmados com o casario em estilo eclético e bem preservado. Num deles, morou Carmem Miranda, conforme atesta uma placa na entrada do sobrado.
A Câmara foi instalada no local em 1750, quando passou a existir o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro. Sete anos depois, a Câmara havia recebido o título de Senado da Câmara, concedido por Provisão Régia. Numa das casas, morava o Juiz de Órfãos Francisco Teles de Meneses, de tradicional família carioca e que emprestou o sobrenome ao Arco.
A praça XV ainda se chamava Largo do Carmo e do outro lado estava a Casa dos Governadores (depois Palácio dos Vice-Reis, Paço Real e Paço Imperial). O Arco, que manteve o traçado arquitetônico do período colonial, foi construído segundo projeto do brigadeiro João Fernandes Pinto Alpoim, o mesmo que projetou os Arcos da Lapa e o Paço Imperial.
O incêndio referido no início do texto, com a linguagem do jornalismo atual, começou às duas da madrugada de 20 de julho de 1790 num sobrado da Rua da Praia do Peixe (atual Rua do Mercado) e atingiu quase todas as casas. O arco não foi atingido, mas quase todo o acervo foi destruído. Só foram salvos 48 livros de assentamentos, a imagem de São Sebastião e o estandarte da cidade. Morreram um homem e uma criança, que dormiam no local.
Acredita-se que o incêndio tenha sido criminoso, porque o material destruído era formado basicamente por documentos a processos de ocupação da terra na cidade. As principais suspeitas recaíram sobre pessoas que teriam problemas em relação à posse de terras, pois assim acabaram eliminando a fonte de seus problemas.
Nunca conseguiram descobrir se o incêndio foi ou não criminoso e a única lembrança da tragédia reside numa placa bem ao lado do Arco.
Fonte da Imagem: Foto de Ronaldo Morais tirada em 1984.
Texto de André Luís Mansur
Originalmente postado em Emendas e Sonetos
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
Texto de André Luís Mansur
Originalmente postado em Emendas e Sonetos
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
2 comentários:
Caro Prof. Adinalzir,
Como se vê, não é de hoje que temos incêndios criminosos.
Ótimo domingo!
Verdade Rodrigo Phanardzis
Incendiários em todas as épocas, rsrs.
Um excelente domingo!
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