Rio, 1903. Olavo Bilac, grande poeta e figura, é amigo do jornalista José do Patrocínio. Inspirado em Santos-Dumont, Patrocínio constrói um dirigível. Seu invento atraí a cobiça de dois aeronautas franceses. A soldo deles, uma infernal espião portuguesa tenta seduzir Bilac e roubar o projeto. Mas Bilac não é dos que se deixam seduzir...
No começo desta história, que se passa no Rio de Janeiro, no início do século XX, Olavo Bilac está em seu posto de observação na calçada da célebre Confeitaria Colombo. De repente, uma manchete gritada por um jornaleiro interrompe os seus pensamentos: um negro encontrado morto em Paquetá pode ser o jornalista da Abolição José do Patrocínio, grande amigo de Bilac. Por causa disso, ele se mete numa trama envolvendo um fabuloso dirigívelNa tentativa de se apoderar dos planos do balão, a espiã e seu cumplíce, um padre ambicioso e sensual, fazem Bilac literalmente ver estrelas com uma bengalada na cabeça que o leva ao Olimpo.
O cenário e a época de Bilac vê estrelas são reais: boa parte da história se passa nas ruas do Rio durante a agitada Belle Époque carioca. O protagonista e seus amigos jornalistas, poetas e bebuns também são de carne e osso. E o próprio balão de Patrocínio existiu - sim, na vida real, oTigre da Abolição chegou a construir um dirigível. Mas o documentário é só o pano de fundo para a ficção.
Em meio aos arranca-rabos desse caso hilariante de espionagem industrial, Ruy Castro faz Bilac ser atacado na cama pela bela e tórrida portuguesa, deixa-o para morrer desacordado num hangar em chamas, obriga os bandidos a fugir numa charrete em disparada pela rua do Ouvidor, e tudo isso durante a vinda de Santos-Dumont ao Brasil. É quase uma chanchada, uma comédia-pastelão à brasileira.
Bilac vê estrelas é a estréia de Ruy Castro na ficção. O rigor histórico que ele exibiu em biografias Como chega de saudade, O anjo pornográfico, Estrela solitária e Ela é carioca cede lugar agora à liberdade e à imaginação. Só não mudaram o seu estilo fluente e bem-humorado e a capacidade de emocionar o leitor.
Em sua estréia na literatura, Ruy Castro revela-se um ficcionista que, como seus leitores já sabiam, é um especialista em bom humor.
É um título altamente recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ 2000, Categoria Jovem. São Paulo, Companhia das Letras, Ano 2000.
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