quarta-feira, dezembro 23, 2020

Reduzeni, um homem cheio de poderes


 
Ele possuía poderes extraordinários. Podia se transformar no que quisesse, em ave, em toco, em  vento...

Era chamado por Reduzine, Reduzido ou Reduzeni. Pertencia a uma família de benzedeiros e rezadores. Sua mãe tinha o nome de Nat e seu pai, de Tongo. Redigum seu irmão mais novo, dizia para todos com muito orgulho.

Reduzeni era homem alto e magro, barba e cabelo sempre por fazer, bem -apessoado, elegante ao se movimentar e andar. Possuía um linguajar pitoresco. Costumava chamar as pessoas por seus nomes completos, era encantador, mas podia se transformar em uma serpente... Era ao mesmo tempo o " encantador" da serpente e a própria serpente. Ele podia, com um simples olhar, causar mais desconforto do que um batalhão de formigas em uma mesa de doces, em aniversário de criança. Amava tudo que germinava na terra, até mesmo as ervas daninhas. Afirmava falar 3 idiomas, Francês, Nina e Brasileiro.

Costumava falar: "o que é tocado pela mão do homem não pode ser eterno", "Não pese opiniões de ninguém, descubra você mesmo". "procure o lugar onde a felicidade gosta de morar e se mude pra lá". "Sem humildade não existe sabedoria"...

Curava doenças do corpo e do espírito. Rezava, benzia e doava suas folhas, raízes, cascas, flores e sementes armazenadas num enorme bornal que portava atravessado ao peito. Entre tantos cheiros agradáveis, a canela se destacava. Reduzeni tinha cheiro da canela.

Abaixo vou narrar casos que ouvia de antigos moradores sobre os poderes desse homem. Afirmo que não os presenciei. Mas lhes garanto que ele era um ser diferente. Poderia preencher dezenas de páginas narrando coisas que presenciei. Tendo ainda hoje testemunhas para confirmar sobre  outros casos que não me arriscaria, relatar. Pois eu mesmo não tenho certeza se realmente aconteceram. Então, vamos deixar isso pra lá.

Um policial queria desfazer um romance com uma jovem e bela amante e para isso propôs o  desaparecimento dela ao Reduzeni. E este se negou.

O policial, enfurecido pela negação, resolveu se vingar, perseguindo, abordando e humilhando o Reduzeni. Foi quando o benzedor resolveu reagir a sua maneira.

O Armazém das Sete Portas estava lotado de pessoas. Ficava na Estrada do Campinho com Estrada de Paciência. Nessa época esse armazém era o único da região, os mais próximos ficavam em Cosmos, Inhoaíba ou no Campinho. 

Reduzeni falava para dezenas de ouvintes. Quando um grupo de policiais adentraram no recinto e ficaram surpresos ao ver, somente os policiais, um grupo de pessoas ao redor de uma gaiola com um curió cantante. Todos ficaram boquiabertos ao testemunharem o rezador imóvel e murmurando preces. Enquanto os policiais indagavam as pessoas o paradeiro do mesmo.

Vários outros relatos de moradores afirmavam o poder do homem com cheiro de canela. Ele se transformou para os policiais, na Linha de Austim, esquina com Estrada do Campinho, em um toco de madeira queimada. Até que um dia se permitiu ser visto e detido por portar um canivete no Armazém do Sr. Sandoia, na Estrada da Tutóía com Estrada de Inhoaíba. Onde recebeu voz de prisão, foi algemado  e colocado no camburão, onde já havia dois outros detidos. 

Na Delegacia, o alvoroço foi grande quando anunciaram a captura do rezador e qual foi a enorme surpresa, quando abriram as portas do carro da polícia. Lá dentro estavam, somente os dois primeiros detidos. 

Reduzeni não estava lá, e os presos juraram que o rezador nunca esteve ali. No piso da viatura, as algemas e o cheiro das ervas medicinais impregnava o automóvel, a Delegacia, a rua... O policial assustado, acabou pedindo transferência e nunca mais voltou á Campo Grande.

Reduzeni possuía poderes extraordinários. Podia se transformar no que quisesse, em ave, em toco, em vento... Pelo menos era assim que todos diziam.

Texto de Leu Lima.

Compartilhado da página Conjunto Campinho da Antiga.

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

4 comentários:

Carlos Nepomuceno disse...

Essa foi uma das melhores postagens que já vi neste blog! Parabéns!

Adinalzir disse...

Prezado Carlos Nepomuceno. Que bom que você gostou. Realmente a história é fascinante. Gratidão pela visita!

Unknown disse...

Nunca ouvi dizer desta história.
Gostei parabéns p/quem a publicou!!!

Adinalzir disse...

Meu caro Unknow. Fico muito feliz que tenha gostado. Agradeço pelo apoio e volte sempre a este blog. Forte abraço!