quarta-feira, dezembro 30, 2020

Castelo dos Guimarães: um castelo mal assombrado


 
No dia 05 de abril de 1973, o Professor Rivadávia Pinto trouxe o então Diretor de Patrimônio do Estado do Rio de Janeiro, Sr. Trajano Quinhões à Ilha de Guaratiba para que pudesse tomar conhecimento de uma antiga construção situada em uma colina de 75 metros de altura conhecida como Castelo dos Guimarães. 

Na época ali só restavam paredes de pedra de até 50 centímetros de largura, janelas semelhantes às de fortificações do século XVIII e ao lado existia uma construção que parecia ter sido ocupada por escravos. Na ocasião, moradores das proximidades contaram a Rivadávia lendas e contos que assombravam a região. Assim relata o historiador:

"Talvez uma das causas do desconhecimento das ruínas tenha sido o medo de assombração que toma conta dos moradores quando falam nos antigos donos do castelo. Uns afirmam ter visto um capitão ”muito grande” à porta da casa principal, como que “guardando-a e protegendo a entrada dos forasteiros”. O velho Plácido, de “mais de 70 anos” é quem conta: -”Num dia de carnaval eu vi um homem. Era enorme. Pensei que fosse até alguém brincando, fantasiado, e reclamei pois estava pisando no meus pés de milho. Quando eu acabei de falar a visão desapareceu numa folha”.

Depois ele afirma que chegou em casa e foi atacado por um homem que tinha braços de cachorro. - “Era mais ou menos um lobisomem”. Lembra ele, enquanto apressadamente esconjura o demônio. Outros moradores da região afirmam que um cavaleiro anda todas as noites no caminho da mangueira grande. Dizem que, quem vê a árvore pode perceber que ela esta caída no chão. Mas de manhã, a surpresa já não toma conta de ninguém: a mangueira volta a ocupar o seu lugar oferecendo sombra a quem passa por perto.

Na verdade, as ruínas eram o que restava da casa dos “Irmãos Guimarães”, daí o nome da rua em que se situa – Rua dos Guimarães, e ao que tudo indica a casa foi construída ainda na época dos escravos, portanto anterior a 1888.

Para chegar ao local onde ficavam as ruínas do Castelo dos Guimarães é necessário uma caminhada entre arbustos e mata fechada que cobre os acessos e a rua de pedras que levava ao citado artefato pretérito.

Hoje já não existem ruínas e todo o local foi tomado por uma vegetação vigorosa da Mata Atlântica. A construção que agora repousa nos alicerces do antigo castelo é uma velha casa de caseiro construída pelo atual proprietário das terras da fazenda –  o Sr. Valdir Azevedo.

Fonte : Jornal do Brasil, 1º caderno página 22 do dia 05/04/1973.

Compartilhado de Rede Guará - RJ. In Geografia Memoráveis.

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

5 comentários:

Adinalzir disse...

Tive o prazer e a oportunidade de conhecer o professor Rivadávia Pinto durante as reuniões do NOPH em Santa Cruz nos anos 80. Contava muitas histórias interessantes iguais a essa. Sinto saudades dessa época.

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

É possível que as lendas e crendices populares tenham contribuído um pouco mais para o abandono do imóvel. Atualmente, creio que ainda se possa preservar algo do que restou pelo interesse histórico. Nem que seja o trajeto no meio da Mata Atlântica

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Parece que há uma escola na Pedra de Guaratiba em homenagem a ele.

Adinalzir disse...

Prezado Rodrigo Phanardzis
Sim, realmente existe essa escola. Agradeço pelo comentário e um feliz 2021.

Adinalzir disse...

Exatamente, meu caro Rodrigo Phanardzis. Vamos torcer para que providências sejam tomadas em prol dessa preservação.
Um forte abraço e um feliz 2021.