"QUARENTENA
Eu temo o coronavírus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemIa
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum "vagabundo"
Porque todo cidadão
Merece mais atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estupro
Eu gosto é de poesia
Mas creio na consciência
E digo "não violência"
Toda noite e todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí, escondido,
Às vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo...
Está na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também à misoginia
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já foram postas
Mas prevalecem as reles
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade."
Seu último cordel, postado em 18/03/2020.
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
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