sexta-feira, agosto 30, 2019

O Palacete do Gavião



O Palacete do Gavião localiza-se a 2 km do município de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro. Um imponente prédio onde se hospedou o imperador brasileiro Dom Pedro II em visita à região. Pertencia ao fazendeiro Clemente Pinto (Barão de Nova Friburgo), dono de várias outras fazendas de café na região.

O Palacete do Gavião foi construído no ano de 1860, com a ideia da construção do ramal férrea de Cantagalo à Friburgo. O projeto arquitetônico do Palacete do Gavião foi realizado por Carl Friedrich Gustav Waehneldt, o mesmo arquiteto que projetou o Palácio do Catete, onde viveu e morreu o Presidente Getúlio Vargas, e que hoje é o Museu da República, no Bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. A sede é um exemplo de arquitetura neoclássica do Brasil, possui doze colunas frontais que dão ao prédio suntuosidade romana. Os vários salões internos eram ricamente adornados com peças de mármore e prata, e do teto caíam candelabros. É um dos prédios mais imponentes da região. Por ali passaram Dom Pedro II e sua filha, a Princesa Isabel, além de ministros, condes e barões. O edifício encontra-se plantado numa colina, entre arvoredos, pomares e uma indústria de laticínios, representando uma atalaia perdida no deserto, guardando sonhos e esperanças dos antigos e poderosos senhores.

No interior do palacete ainda existem vestígios da belíssima pintura a óleo. Na sala de jantar, cuja decoração notavam-se peixes, aves e frutas, feitas com perfeição por um notável pintor vindo de Paris para realizar o serviço. Há na fazenda uma capela denominada Pedro II. Sobre o altar existe uma formosa imagem natural de N. S. da Conceição e no centro existe um quadro emoldurado com a autorização escrita a punho por D. Pedro II e pelo Bispo de São Sebastião, do Rio de Janeiro, permitindo que fossem rezadas missas no local. O documento data de 19 de junho de 1882.


Essa foto do Barão ilustra bem a importância do espaço. Reparem que ao lado direito dele encontra-se uma maquete do Palácio do Catete e ao fundo está a imagem do Palacete do Gavião.

Dias Atuais                                                                                                                             

Atualmente o palacete encontra-se sob propriedade privada e não recebe a atenção devida, digna de sua história. Não está aberto a visitações e são raras as pessoas que entram no local, por isso é muito difícil de descrever suas condições internas atuais. O Palacete do Gavião é bastante visível por quem passa pela estrada de Cantagalo indo em direção a Aldeia, e por sinal é uma linda visão, mas como a entrada no local é muito restrita, não dá para saber se no seu interior ainda há vestígios da sua história.                  

Pelo menos metade da Fazenda do Gavião (às margens da RJ-160), a cerca de dois quilômetros do centro de Cantagalo, o equivalente a 202 alqueires, ou 10.601 metros quadrados, foi a leilão público determinado pela Justiça do Trabalho. Com avaliação estimada em R$ 7 milhões, o leilão foi consequência de ação movida pelo Ministério Público do Trabalho contra o produtor Pedro Pitta Neto, um dos proprietários da Fazenda e que figurava como réu no processo, que incluía acusações de manutenção de condições subumanas de trabalho na fazenda, assemelhando-se a trabalho escravo. O processo estava há cerca de dez anos. Porém, não foi concluído, pois o proprietário conseguiu pagar a dívida.

Foi feita uma pequena entrevista em Cantagalo com algumas pessoas, para saber como se anda o conhecimento dos próprios residentes da cidade em relação ao monumento histórico descrito. Somente 2% das pessoas entrevistadas chegaram a ir no local, 40% conhecem de ouvir falar, e 58% não conhecem, ou seja, a maior parte não sabe do Palacete e da sua história, que são tão importantes para a região.                                      

Uma jovem comentou que quando era mais nova, chegou a ir lá. Disse que por fora é lindo (e realmente é, quem passa pela estrada consegue ver, não é um local escondido), mas disse que por dentro estava em condições um pouco precárias. Ela só teve acesso ao local pois o dono era amigo do pai dela. Mas não soube me dizer porque o acesso ao local é tão restrito.
Turismo no local
                                                                                                                  
O Palacete do Gavião é um dos cartões postais de Cantagalo e que, por muitas vezes, foi alvo de discussões de autoridades, historiadores e pesquisadores, que viam a necessidade de tombamento do local como patrimônio histórico-cultural, o que acabou não sendo feito até hoje. Em um ponto de vista bem pessoal, considero o tombamento uma boa proposta, mas preferia que resgatassem sua história e a conservassem na vida das pessoas, abrindo-o a visitações. O Palacete é dito como um ponto turístico na cidade, e até na região, porém não é aberto a visitações. Como um local pode ser considerado ponto turístico, se ninguém pode ir lá, ver, sentir sua história, e até poder fazer parte dela ? Porque o que o turista procura é a cultura do lugar, sendo assim, fazer parte dela, não só ouvir falar, mas vê.                                                                                                             
Deveria melhorar as condições internas do local, e abrir a visitações, nem que seja uma vez na semana. Enquanto estiver restrito, estará enterrando uma história, e sem nem ter um porquê. Penso que algo histórico foi feito para ser mostrado, não escondido. Para quê impedir o acesso a um local como tal ? Cada lugar tem uma história, e essa história deve ser contada e divulgada. Sem contar que a abertura do local ajudaria muito no turismo da cidade e portanto na economia, pois o turismo é um ponto essencial para gerar a economia numa cidade. Sendo assim, com a abertura de tal, deveria ter uma maior divulgação, pois hoje vivemos na sociedade do espetáculo, onde a imagem é o maior gerador de interesses, é através da imagem passada que se constrói consumidores, e o turista é um consumidor. O turista é induzido pela imagem, portanto a divulgação é importante e o conhecimento também.

Texto de Sandy Alves

Publicação semestral dos alunos do curso de Gestão em Turismo em Nova Friburgo.

Com colaboração do Grupo Patrimônio Cultural.

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

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