terça-feira, março 05, 2019

Memórias de uma mercadora africana


 Aquarela de Benguela feita na segunda metade do século 19. Arquivo Histórico Ultramarino

Dona Florinda Joanes Gaspar transitava entre os dois lados do Atlântico traficando cativos e registrando e vendendo terrenos em Benguela, na África, e no Rio de Janeiro.

A melhor parte do meu trabalho é passar horas lendo registros históricos na tentativa de reconstruir a história de africanas que residiam em Benguela, Angola, no litoral da África Ocidental, nos séculos 18 e 19. Surpreendentemente, há muita informação sobre as mulheres livres e de elite; no entanto, também há dados disponíveis nos arquivos angolanos e portugueses sobre libertas e escravizadas – dados que, muitas vezes, passam despercebidos entre mapas populacionais, registros eclesiásticos e correspondência oficial.

As donas, as mercadoras africanas, mulheres poderosas em seu tempo, têm certa preponderância nessa documentação. Entretanto, reconstruir suas vidas requer visitar arquivos em três países (Angola, Portugal e Brasil) e muita paciência para ler centenas de páginas que relatam guerras e apresentam fauna e flora. Em meio a leituras e viagens, percebi que havia localizado uma mercadora excepcional: Dona Florinda Joanes Gaspar. O ‘encontro’ não foi por acaso, mas fruto de horas, dias e meses de investigação, na qual a experiência de africanos é priorizada na pesquisa.

Mariana P. Candido


Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

4 comentários:

Nilda Feitosa disse...

Excelente postagem!
Parabéns!

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

Muito bom essa pesquisa que certamente trará novas luzes sobre o nosso trsite passado de escravidão.

Adinalzir disse...

Prezada Nilda Feitosa
Agradeço pela sua visita e comentário.
Volte sempre ao blogue!

Adinalzir disse...

Prezado Rodrigo Phanardzis
Muitas luzes ainda precisam ser acesas no enorme apagão da escravidão.
Sempre é bom revê-lo aqui no blogue! Tenha uma excelente noite!