segunda-feira, março 26, 2018

A Linha de Austin

Por André Luís Mansur


Uma linha de trem que ligava a Zona Oeste à Baixada Fluminense foi a Austin, embora muita gente duvide que tenha existido, pelo pouco tempo de existência.

A história começa quando, em 18 de março de 1872, Thomaz Cochrane requereu à Princesa Isabel solicitando a concessão de privilégio para a construção de uma linha férrea, com bitola larga, de Maxambomba (Nova Iguaçu) até o Curato de Santa Cruz.

Os terrenos foram doados e o contrato foi assinado em fevereiro de 1926. As obras começaram em setembro daquele ano, com 34 quilômetros de extensão, e avançaram rápido. Atravessava Nova Iguaçu desde Carlos Sampaio até a ponte do Guandu-Mirim. Foram construídas as estações de Cabuçu (também conhecida como Passa-Vinte), Engenheiro Araripe e Engenheiro Heitor Lira (os dois eram funcionários da EFCB) e o ramal foi inaugurado em 5 de fevereiro de 1929, dentro do prazo estabelecido em contrato.


A estação de Cabuçu era uma referência ao Engenho do Cabuçu, “que, com o de Marapicu, formavam as duas mais importantes propriedades agrícolas do Morgadio de Marapicu, instituído em 1772, que possuía 200 escravos e produzia anualmente 120 caixas de açúcar e cerca de 45 pipas de aguardente” (A Formação das Estradas de Ferro no Rio de Janeiro, Helio Suêvo Rodriguez).

Curioso observar que ao lado da estação de Cabuçu foi construído um edifício da firma Guinle & Cia para acondicionar 2.400 caixas diárias de laranja para exportação. Na região, havia cerca de um milhão de laranjeiras, caracterizando essa região da Baixada Fluminense, entre outras, como fundamental no auge da produção de laranja em meados do século XX, com bairros da Zona Oeste, como Campo Grande. Havia um entroncamento com o ramal de Mangaratiba no quilômetro 30.

A linha funcionou apenas até 1932 (trecho Santa Cruz-Cabuçu) e, entre Austin e Carlos Sampaio, continuou a operar para trens de serviço até 1948, quando se encerrou.

Era o ano do início da construção da Rodovia Presidente Dutra, a famosa Via Dutra e as rodovias davam o tiro de misericórdia no combalido transporte ferroviário.

*André Mansur é Jornalista e Escritor.
Veja aqui  o Mapa do Ramal:
Fonte - http://www.trilhosdorio.com.br/forum/viewtopic.php?f=198&t=949

14 comentários:

Julia Santana disse...

Esse lugar tem muita história para contar.

Adinalzir disse...

Muito grato pela visita, Julia Santana!

Melekh disse...

Fiz todo o traçado da Ramal a pé partindo de Carlos Sampaio até Austin cujo trecho era de Bitola Métrica, seguindo até a Antiga Estação de Engenheiro Araripe. Posteriormente fiz o trajeto em sentido contrário, partindo da Estação Matadouro até Engenheiro Araripe.
Em todo o traçado existem ainda de pé quase todas as estações, a saber: Carlos Sampaio (demolida) as demais em pé... Estação Austin, Estação Cabuçu, Estação Marapicu, Estação Engenheiro Araripe, Estação Engenheiro Heitor Lira, Estação Santa Cruz, Estação Matadouro.
Também temos algumas Casas de Turma e Pontes que ainda existem. É um Ramal que durou muito pouco tempo, mas que está bastante preservado, tirando o leito que não mais possui a linha.
O Ramal era em Bitola Métrica de Carlos Sampaio até Austin e Bitola Larga de Austin até Matadouro. Foi uma expedição gratificante.

Adinalzir disse...

Prezado Melekh
Admiro bastante o trabalho de vocês na página Af Trilhos do Rio.
Fico muito honrado pela sua visita e comentário aqui no blog.
Grande abraço!

Andinho DJ disse...

Meu professor parabéns pelo lindo trabalho ����

Paulo Costa disse...

Amei conhecer um pouco da história do meu bairro. Lindo o trabalho de vocês! Parabéns!

Paulo Costa disse...

Amei conhecer um pouco da história do meu bairro. Lindo o trabalho de vocês! Parabéns!

Unknown disse...

Meu querido Prof.:Adinalzir!
Admiro muito seu cabedal!
Um excelente historiador!
Sempre enriquecendo nossos conhecimentos!
Deus te abençoe sempre!
Um abração!

Unknown disse...

Muito bacana isso.
Essa história deve ser passada para as novas gerações da zona oeste pois muitos não sabem disso; eu sabia dessa história que meu pai me contou quando trabalhei numa granja de uma família de alemães que ficava num monte próximo a antiga linha, hoje construíram alguns prédios do programa minha casa minha vida.
Hoje conversei com um senhor que me falou que o nome linha de Austin seria pelo fato de ter umas torres das furnas; se não soubesse da história repassaria para outras pessoas informações incorretas.hoje com essa ferramenta (google) encontrei essa matéria do André Luís Mansur que ratificou a história.
Obrigado.

Unknown disse...

Nasci e me criei no Bairro Lagoinha às margens da Antiga Ferrovia.
Quando criança ainda brincava nos dormentes antigos. TB tinha um antigo viaduto chamado Ponte Seca que foi demolido a uns anos atrás.

Unknown disse...


Moro em Austin e não sabia disso,graças ao trabalho de vcs, agora conheço um pouco mais sobre o meu bairro.
Parabéns!!

Unknown disse...

boa noite moro no jardim paraiso,antiga estaçao engenheiro araripe, que hoje em dia virou uma casa,gostaria de saber mas sobre o assunto, visto que sou estudante de historia e isso pode vir a ser meu trabalho academico.

Unknown disse...

Moro desde 1988 aqui perto da antiga estacao engenheiro araripe vcs tem fotos dela e ainda existe uma ponte tambe

Unknown disse...

Adorei essa informação.
Nasci e me criei na região de Cabuçu.
E sempre ouvi falar da Linha Velha.
Mas não sabia da história dela.