Antigamente, cada povo ou país se virava como podia antes que os aparelhos modernos se espalhassem pelo mundo. Veja aqui como os brasileiros viviam sem:
O Ferro elétrico
Se lavar roupas já dava trabalho, imagine deixá-las tão esticadas quanto mandava a moda do século 19. Antes da eletricidade, a maioria dos ferros tinha uma cavidade onde se colocavam brasas quentes. Outros, nem isso, e era preciso esquentá-los direto no fogo, repetindo a operação sempre que esfriava. Para deixar a roupa mais lisa, usava-se farinha de mandioca e água para fazer uma espécie de grude fino que ficou conhecido como goma (daí a expressão “engomar a roupa”). Depois de seca, a peça era mergulhada em uma bacia que continha água e um pouco da goma e colocada ao sol novamente. Algumas mulheres também espalhavam cera de vela para dar mais brilho aos vestidos.
A Geladeira
Quando o escritor brasileiro Mário Souto Maior chegou com um refrigerador a querosene em Bom Jardim, interior de Pernambuco, a cidade parou para ver. “Foi uma loucura. Todo mundo ia lá em casa só para olhar o aparelho”, afirma Carmem Souto Maior, viúva de Mário. Ela não se lembra bem da data, mas foi só a partir da década de 30 que as famílias brasileiras começaram a comprar geladeira importada dos Estados Unidos. A principal mudança na casa foi o tamanho da despensa. “Antes, ela era enorme. Havia várias mantas de carne-de-sol e cestas cheias de ovos. Muita coisa estragava e o estoque tinha de ser maior”, diz Carmem. A outra vantagem do refrigerador foi variar o cardápio. “Finalmente, dava para guardar a carne crua. Antes, o melhor jeito de conservar era assando. E eu não agüentava mais comer carne assada!”
O Telefone
Antes de os aparelhos de telefone se popularizarem, o que só ocorreu a partir da metade do século 20, transmitir recados era penoso e demorado. Quem podia, contratava um contínuo, uma espécie de office-boy do século passado. “Quando ficava trabalhando em casa, sem aparecer na repartição, o ministro queria o contínuo perto de si, pronto para receber, introduzir ou mandar embora os visitantes, ou levar à secretaria, rapidamente, qualquer ordem de sua excelência. Naquele tempo não havia telefone”, escreveu Arthur de Azevedo no conto As Barbas de Romualdo. O primeiro aparelho telefônico brasileiro foi instalado na residência de dom Pedro II, em 1877, apenas um ano depois de a invenção ser patenteada pelo escocês Alexander Graham Bell.
O Ventilador
O calor dos trópicos deve ter sido a maior motivação para a patente que Américo Cincinatto Lopes registrou no Rio de Janeiro, em 1883: um ventilador doméstico. De acordo com o livro A Vida Cotidiana no Brasil Nacional, editado pelo Centro de Memória da Eletricidade, da Eletrobrás, o registro de Lopes chegou seis anos antes do projeto de ventilador portátil que George Westinghouse desenvolveu nos Estados Unidos. Antes disso, o jeito mais comum de refrescar-se nas casas e ruas brasileiras era usando leques ou outros materiais para abanar. Ambientes muito grandes e fechados tornavam-se um problema para arquitetos. Quando construíram o Teatro da Paz, na capital do Pará, em 1868, os responsáveis tiveram de desenvolver um sistema de ventilação especial. Sem isso, seria impossível ver ou apresentar qualquer espetáculo no teatro cheio de gente em uma cidade tão quente quanto Belém. Assim, criou-se um ventilador manual que era movido sobre o forro. As saídas de ar foram localizadas embaixo das cadeiras. Também por causa do calor, os assentos não podiam ser de couro ou tecido e, por isso, foram feitos de palha.
Fontes: A Vida Cotidiana no Brasil Nacional, Org. Marilza Elizardo Brito, Centro de Memória da Eletricidade, 2001.
História da Vida Privada no Brasil, Volume 1, Vários autores, Companhia das Letras, 1998.
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25 comentários:
Esse blog é muito maneiro. Adorei!
Não vou nem elogiar a sua postagem. Pois só chegamos aqui para enriquecer mais nossos conhecimento. uma maravilha de assunto e com explicações de quem tem um conhecimento de causa.
Abraço Prof. e obrigado por estar sempre em nossos blogs.
Olá, Priscila Velasco!
Fico muito grato pela visita e comentário. Valeu!! :)
Prezado Lucidreira
Também fico muito feliz em ver que o amigo é um camarada sincero e pontual nas suas visitas. Muito obrigado!
Um grande abraço e um bom feriadão!
Olá, Prof. Adinalzir!
É difícil até de imaginar como era a vida sem esses itens. E pensar que hoje não temos apenas o telefone e o ventilador, mas também o celular, a internet e o ar condicionado.
A história é simplesmente fascinante!
Tenha um ótimo fim de semana prolongado!
A modernidade costuma ser entendida como um ideário ou visão de mundo que está relacionada ao projeto de mundo moderno, empreendido em diversos momentos ao longo da Idade Moderna e consolidado com a Revolução Industrial. Está normalmente relacionada com o desenvolvimento do Capitalismo.
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Em sua opinião professor, o Brasil adotou ou foi adotado pelo capitalismo? Gostaria de ler uma postagem sua com seu posicionamento sobre o "crescimento" econômico no Brasil. Em sua opinião o Brasil está apenas crescendo ou está desenvolvendo também?
Parabéns pelo blog. Ele é muito enriquecedor. Creio que isso é um dos pontos positivo da modernidade, a democratização da informação virtual. Vou segui-lo para poder acompanhar suas postagens.
Sucesso absoluto de seu blog, parabéns professor, abraços.
Meu caro Victor Faria
Realmente é muito difícil parar com tanta evolução tecnológica. É uma revolução industrial que nunca acaba.
Agradeço a assiduidade de sua visita.
Um grande abraço! :)
Prezado Prof. Maxsuel Andrade Soares
Gostei muito da idéia do post, e em breve irei postá-lo.
Muito obrigado por sua visita e por ser meu seguidor.
Um grande abraço e um ótimo feriado!
Valeu, Prof. Fabiano Reis!
Agradeço de coração a assíduidade de sua visita.
Abraços!
Muito legal o post. Para você ter uma idéia a notícia da Proclamação da República só chegou em Belém no dia seguinte (16 de Novembro e 1889). Esse tema sobre "modernidade" levanta curiosidades interessantes. Um grande abraço!
Caro Prof. Leonardo Oliveira
Com toda certeza, a questão da modernidade ainda irá gerar muita polêmica, tanto a nível de passado, quanto a nível de presente. Fazendo com que o assunto seja cada vez mais, um grande prato para todos os historiadores.
Um grande abraço e valeu pelo comentário! :)
As dificuldades estimulavam a criatividade.
Abraços, professor.
Prezado Valdeir Almeida
Perfeitamente, e essa relação entre dificuldade e criatividade vem desde o surgimento do homem na face da Terra.
Um grande abraço e muito obrigado pela visita!
E pensar que essas tecnologias e inventos só foram possíveis de dois séculos pra cá, e povos muito mais antigos já desenvolviam tecnologias muito avançadas também.
Parabéns pelo texto.
Bela postagem!
Este informativo é fantástico. O aluno e o internauta só não aprende se não quiser.
Saudações cordiais,
Prof. Lima Júnior.
Prezado marc marine
Perfeitamente... Fico muito grato com sua visita e comentário.
Grande abraço!
Caro Prof. José Lima Dias Júnior
São visitas como a sua que me incentivam cada vez mais nesse trabalho de troca de conhecimento.
Muito obrigado pelo apoio!
Poxa não consigo imaginar nosso mundo sem o telefone e nem sem o ventilador
graças a Deus inventaram tudo isso kkkk
uma abraço e ve se não esquece de dar uma passadinha la no meu uma abraço
Caro Marcos Oliveira
Sua visita é sempre um incentivo a mais. Também estarei lá no seu blog. Muito obrigado!
Olá Professor!
Gosto muito de passar por aqui porque além de ver a história muito bem escrita também temos muitos comentários...Parabéns!
Mas, passei também, para pedir se podes responder minha pesquisa sobre blogs? Responda no http://jmpesquisa.blogspot.com
Vou disponibilizar por lá! Obrigada,
Josete
Prezada Josete
Agradeço a sua visita. Já respondi a sua pesquisa e deixei um comentário lá no seu blog.
Um grande abraço!
Prezado Ministério da Saúde
Com certeza, estarei colaborando na divulgação. Grato pela visita!
Amigo Adinalzir, excelente postagem. Gosto bastante de seu blog porque estou sempre aprendendo aqui. Dessa vez, por exemplo, descobri porque as cadeiras do magnífico e belíssimo Teatro da Paz são de palhinha. Valeu, seu mano! (ou como falam aqui os caboclos: Valeu, sumano!)
Abraços fraternos
Franz
Prezado Franz
É sempre uma honra a sua passagem por aqui. Fico muito grato. Valeu mesmo!
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