terça-feira, dezembro 03, 2024

Rua do Catete e Rua Dois de Dezembro

A Rua do Catete e um homem negro com seus dreads, guitarra e livros cortam a Rua Dois de Dezembro.

Dois de dezembro dá nome a uma música do João Nogueira e, não é à toa, que na data de Dois de Dezembro se comemora o Dia do Samba. Entretanto, o porquê da rua levar esse nome se dá em homenagem ao dia em que Pedro II nasceu.

Há confusão quando se pergunta qual é o bairro que abriga essa via; pode ser Flamengo, pode ser Catete, pode ser, simplesmente, Largo do Machado mesmo, mas é fronteira dos bairros ou depende do ponto de vista de cada um.

Da Praia do Flamengo à Bento Lisboa, arranha-céus coloridos tentam esconder o azul às vezes branco do céu. Se vier da Praia, tem o Castelinho do Flamengo, um casarão antigo rosado inspirado nas tendências estéticas italianas dos anos 30. Foi residência do comendador Joaquim da Silva Cardoso e de sua esposa Carolina e de mais algumas famílias ricas. Hoje é o Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho e faz parte da lista de lugares mal-assombrados do Rio de Janeiro. Se vier da rua Bento Lisboa, encontra-se um boteco de esquina: cerveja de todo tipo e quentinha por dez reais.

Boteco é coisa que tem demais nessa rua.

O clima caloroso chega a lembrar o nordeste. Litrão, porção de mandioca (ou aipim ou macaxeira) com carne de sol e uma mesa que reúne homens de meia idade que não conversam muito entre si, aparentemente cansados, e observam o redor. A caixinha de som que toca forró, fica em cima da mesa, no meio de vários cascos vazios de cerveja, e embalando a noite.

A lanchonete que serve açaí com groselha e um monte de esquisitice fica na esquina com a Rua do Catete.

Em frente, um Mc’Donalds é usado por muita gente como passagem entre o Largo do Machado e a Rua Dois de Dezembro.

Caminhando, é possível encontrar um homem e uma mulher brigando no meio da rua, cada um com um taco na mão, e uma outra mulher que atira pedregulhos em um dos dois ou nos dois.

Barracas de frutas, de livros e flores anunciam alguma feira do bairro do Catete, de quem Machado de Assis tanto falava.

Um texto maravilhoso escrito pela @adyelbeatriz

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