Engenho da Rainha
Em suas origens, a região hoje denominada Engenho da Rainha fazia parte da Freguesia de Inhaúma, criada em 1743, e ganhou este nome quando esta Freguesia foi desmembrada, resultando nos atuais bairros de Pilares, Tomás Coelho e parte de Inhaúma.
A região acolhia uma residência adquirida pela Rainha Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, por volta de 1810, com o objetivo de nela descansar. Ocorreram embates entre a rainha Carlota Joaquina e dona Joaquina Rosa Mascarenhas, em fins do século XVIII. Naquela região, desde ao menos o século anterior, haviam sido instaladas várias fazendas. Quando de sua fundação, em 1743, a Freguesia de Inhaúma já se constituía como uma das três freguesias rurais mais próximas do centro da cidade do Rio de Janeiro. O estabelecimento do Rio de Janeiro como capital 20 anos depois se desdobrou num intenso processo de valorização das terras nas freguesias rurais. Na Freguesia de Inhaúma, havia uma enorme propriedade, denominada Engenho da Pedra, pertencente à família Mascarenhas nos séculos XVIII e XIX. O Engenho era originalmente parte de uma propriedade ainda maior, ainda no século XVI, tendo sido a primeira das fazendas “não-jesuíticas” instalada na Freguesia. O embate aconteceu com alegação da família Mascarenhas de aquisição irregular de terras por Carlota Joaquina. A família Mascarenhas venceu o embate principalmente após a volta da Família Real para Portugal mas as terras continuaram sendo conhecidas como Engenho da Rainha.
A região próxima à fazenda era habitada pelos índios tamoios. Como herança, tem-se muitas ruas com nomes ligadas a este fato - Rua Bororó, Xerente, Canitar, Flexal, dentre outras. A Fazenda da Rainha Carlota Joaquina, além do engenho de cana-de-açúcar, tinha também plantação de café e a mão-de-obra escrava era a responsável pela economia rural. O rio Faria, hoje bastante degradado, banha o bairro. A Serra da Misericórdia, situada na Freguesia de Inhaúma, era o local onde os negros escravos procuravam se esconder quando fugiam da Fazenda.
Engenho Velho (Tijuca)
Tijuca é uma palavra em tupi (charco, pântano) e remete à condição específica do solo e vegetação do local. A Grande Tijuca foi construída numa área de mangue. A origem de sua história é associada às águas, devido aos rios que cruzam o bairro, com ênfase ao Rio Maracanã, e sua foz é no Canal do Mangue. Além desse, há também dois outros rios na Tijuca: Rio Trapicheiros e Rio Joana. Serviram de abastecimento de água para algumas regiões da cidade nos séculos passados, por seu grande volume de água.
A história da Tijuca começou logo após o período de descobrimento do Brasil, mais precisamente em 1565, quando os jesuítas ocuparam a região. Foi após a vitória dos portugueses contra os franceses no episódio conhecido como França Antártica. De primeira, eles construíram uma capela em homenagem a São Francisco Xavier e que, posteriormente, nomeou uma das maiores fazendas da localidade. Até hoje a igreja existe no bairro, localizado exatamente na Rua São Francisco Xavier, próximo a saída 1 do metrô de mesmo nome.
As classes altas e nobres do Rio de Janeiro da época começaram a migrar para a Tijuca e seus arredores (atual Grande Tijuca), pois eram regiões marcadas por natureza, sossego e proximidade com a região central da cidade. Passou a ser bairro da aristocracia do Rio de Janeiro na época.
Como o solo da região era muito fértil para o cultivo de café também, em 1760, com o avanço da produção cafeeira no Rio de Janeiro, a área da atual Tijuca foi ocupada mais intensamente. Com isso, o bairro foi se transformando e expandindo suas fronteiras, tornando-se um dos maiores bairros da cidade, com um impacto positivo na economia carioca. Só em 1870 é que a região foi considerada zona urbana e teve maiores investimentos na infraestrutura, como transporte, água encanada, esgoto e iluminação de rua.
Engenho Novo
Engenho Novo é um bairro localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. É vizinho aos bairros Méier, Vila Isabel, Lins de Vasconcelos, Sampaio, Jacaré, Cachambi e Grajaú.. Faz parte da região chamada Grande Méier que engloba os bairros da Abolição, Água Santa, Cachambi, Encantado, Engenho de Dentro, Jacaré, Lins de Vasconcelos, Méier, Piedade, Pilares, Riachuelo, Rocha, Sampaio, São Francisco Xavier e Todos os Santos
Sua origem é o Engenho Novo dos Jesuítas, construído em torno de 1707, que abrangia terras que iam da Serra dos Pretos Forros (atual Grajaú-Jacarepaguá) até a praia Pequena, em Benfica, e se confrontavam com o Engenho de Dentro.
Os jesuítas eram donos de lavouras e canaviais localizados no Engenho Novo desde o início do século XVIII. Em 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil, o Engenho Novo foi posto em leilão e passou a ser propriedade do Capitão de Milícias José Paulo da Mata Duque Estrada, que mudou seu nome para “Quinta dos Duques” e o ampliou com uma nova Sesmaria que se estendia até Manguinhos. Para escoar a produção da Quinta, era usado o rio Faria.
Posteriormente, parte dessas terras passaram às mãos de Manuel Gomes, Manuel da Silva e Manuel Teixeira. Com o objetivo de explorar a madeira e cultivo de hortaliças, as matas existentes foram devastadas, formando grandes espaços vazios que permitiriam a ocupação do solo. Escravos libertos construíram precárias moradias no Morro dos Pretos Forros, ampliando a ocupação da região.
Um dos mais ilustres moradores do bairro era o Ministro Conselheiro Couto Ferraz, o Barão de Bom Retiro. Seu nome tem origem na sua bela chácara do Bom Retiro, que fazia limite com a do fazendeiro Antonio Pereira de Sousa Barros, o Barão do Engenho Novo. Em sua homenagem, a estrada do Cabuçu foi rebatizada de rua Barão do Bom Retiro. Outros moradores famosos foram o Conselheiro Viena de Magalhães e sua esposa, a Condessa de Belmonte, mãe adotiva de Dom Pedro II, que deram nomes a ruas do bairro.
A Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Engenho Novo foi criada em 1783, impulsionando o desenvolvimento da região. Até ao Segundo Império multiplicaram-se as chácaras e sítios. O comércio foi se desenvolvendo no entorno dos antigos engenhos. A estação do Engenho Novo, aberta em 1858 pela então Estrada de Ferro Dom Pedro II, que em 1889 passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil, foi decisiva para a ocupação do bairro. A partir daí, as terras foram loteadas e as ruas (abertas em terrenos quase todos pantanosos) foram sendo saneadas.
Engenho de Dentro
Até a criação da Estrada de Ferro Dom Pedro II, a região se dedicava à atividade canavieira, como a referência à palavra “engenho” no nome já indica. Os registros mais antigos informam que, no século XVIII, a extensão fazia parte das terras do oficial João Árias de Aguirre. Quando elas foram desmembradas, ganhou destaque a Chácara do Dr. Francisco Fernandes Padilha, que chegava até a Serra dos Pretos Forros, onde funcionava uma fábrica de carvão. Para escoar sua produção, o doutor Padilha mandou abrir os primeiros acessos e, com isso, deu feição ao núcleo atual do bairro, formado pelas ruas Adolfo Bergamini, Doutor Padilha e Gustavo Riedel, entre outras.
Com o acesso facilitado pela via férrea, se instalaram nas redondezas grandes oficinas para construção e manutenção do principal meio de transporte da cidade no fim do século XIX. O terreno da Fazenda Engenho de Dentro deu lugar às Oficinas de Locomoção, inauguradas em dezembro de 1871, que atendiam uma estrutura gigantesca para a época: quatro mil quilômetros de trilhos, 700 locomotivas e cinco mil carros de passageiros e vagões. Dez anos mais tarde, já era considerada a mais importante rede de oficinas da América Latina.
O prédio atual da Estação Engenho de Dentro, de 1937, foi construído no mesmo local onde a anterior funcionava desde 1873. Considerada uma das mais bonitas do ramal da Central do Brasil, a edificação lembra uma gare europeia, marcada pela forma monumental de sua estrutura metálica com cobertura em arco. Os vestígios do passado ferroviário ainda estão muito presentes no bairro. Não por acaso, na Rua Arquias Cordeiro, onde começam oficialmente os limites do Méier, está situado o Museu do Trem, que fica nas dependências do velho galpão de pintura de vagões. Tanto a construção quanto o acervo foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2011.
Fundado em 1984, o museu reúne algumas relíquias da história das ferrovias brasileiras. Como a Baroneza (assim mesmo, com Z), primeira locomotiva a circular no país, trazida da Inglaterra pelo Barão de Mauá. Ou o vagão Estado, criado para atender as viagens dos presidentes da República e que foi muito utilizado por Getúlio Vargas: da peça constam um gabinete para despachos e uma suíte, com direito a banheira e aquecedor de água. Instrumentos de medição, placas comemorativas e um carro de bombeiros puxado por tração animal, de uso exclusivo da ferrovia, são itens adicionais que valem a visita.
O Estádio Olímpico João Havelange (atualmente Estádio Nilton Santos), carinhosamente chamado pela população carioca de Engenhão, foi construído para a realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, em parte do terreno das extintas oficinas ferroviárias. Além do futebol, o estádio recebeu as disputas de atletismo, inclusive dos Jogos Parapan-Americanos.
Terminado o evento, o Botafogo obteve a concessão para administrar o estádio. Em fevereiro de 2015, a Prefeitura homologou o pedido do clube para usar oficialmente o nome de fantasia Estádio Nilton Santos, em homenagem àquele que é considerado o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos, também conhecido como Enciclopédia do Futebol, tamanha sua afinidade com a bola.
Pesquisa feita por Daniele Ricco.
REFERÊNCIAS
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_da_Rainha
https://rioquemoranomar.blogspot.com/2016/04/engenho-da-rainha-que-rainha-deu-nome.html
Motta, Márcia Maria Menendes. O Engenho da Rainha: feixes de direitos e conflitos nas terras de Carlota (1819-1824) Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 35, nº 70, 2015 http://dx.doi.org/10.1590/1806-93472015v35n70012
https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_Novo
http://www.eliomar.com.br/rio-antigo-a-historia-dos-negros-no-engenho-novo/
https://odia.ig.com.br/colunas/coisas-do-rio/2019/12/5843000-engenho-novo--o-bairro-da-segunda-mae-de-dom-pedro-ii.html
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Sanches, Marcos Guimarães Sanches. Lima, Rachel Gomes de. O “Triste” e “Aprazível” Engenho Novo: um estudo de constituição da propriedade na cidade do Rio de Janeiro. ESTUDIOS HISTÓRICOS – CDHRPyB - Año XII – Diciembre, 2020 - Nº 24 – ISSN: 1688-5317. Uruguay
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Amantino, Marcia. As origens da terra jesuítica na capitania do Rio de Janeiro e a implantação do engenho Velho no século XVII Am. Lat. Hist. Econ., sep.-dic., 2016, pp. 7-36 doi: 10.18232/alhe.v23i3.666v23i2.707
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https://historiahoje.com/os-engenhos-do-rio-de-janeiro-acucar-e-cachaca
Pesavento, Fabio. O Colonial Tardio e a Economia do Rio de Janeiro na Segunda Metade dos Setecentos: 1750-90. Est. Econ., São Paulo, vol. 42, n.3, p. 581-614, jul.-set. 2012.
Naritomi, Joana. Herança Colonial, Instituições & Desenvolvimento. Um estudo sobre a desigualdade entre os municípios Brasileiros Dissertação de Mestrado Departamento de Economia. Programa de Pós-Graduação em Economia. Rio de Janeiro – PUC- RJ, Rio de Janeiro, Março de 2007.
9 comentários:
Super bacana esse registro histórico!
Grato pelo excelente conteúdo!
Conteúdo de qualidade. Roberto Aires, revista Redescobertas Fluminenses
Amigo! Amei,toda a história do Rio, porém espero, o que lhe pedi, várias vezes : a história da Fazenda SANTA CRUZ,e sua relação, com o General
MANOEL MARTINS DO COUTO REIS !!!!
Valeu Marcos Dias
Fico feliz que você gostou.
Prezado Roberto Aires, revista Redescobertas Fluminenses
Fiquei muito feliz por ter gostado do conteúdo. Aproveito para dizer também que postei hoje o texto que você me pediu sobre o Manoel Martins do Couto Reis. O artigo está quentinho e inédito. Corre até lá e faça uma boa leitura! Um grande abraço e volte sempre.
https://saibahistoria.blogspot.com/2023/12/memorias-de-santa-cruz-de-autoria-de.html?m=1
Muito interessante. Uma verdadeira aula de história e cultura. Parabéns. Ótimo conteúdo.
Caramba, um relato sobre áreas do Rio que acho que nem em faculdade de geografia e contramos
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