O caso da fazenda desaparecida que deu origem ao bairro Santa Cruz da Serra em Duque de Caxias

Por Hugo Delphim Borges.

Não há nada melhor do que trazer à tona fatos desconhecidos sobre a Baixada Fluminense, ressaltando que esta terra, de memória tão negligenciada, possui muito mais história do que se imagina. Este artigo tem como objetivo resgatar a história de um local que, com o passar do tempo, se tornou desconhecido da historiografia. Se, há muitas décadas, a Baixada tem sido vítima do apagamento proposital de sua história, seguimos na contramão, em busca dos fragmentos perdidos. Este trabalho é pela memória da Baixada e daqueles que um dia habitaram esta terra.

A Fazenda Santa Cruz é uma das inúmeras do Recôncavo da Guanabara que desapareceram e sua origem remonta ao início do séc. XIX, quando o sargento-mór José Rodrigues de Mattos, fazendeiro na Freguesia de São João de Meriti, expande seus negócios e adquire uma propriedade na Freguesia de N. Sra. do Pilar, nas proximidades do rio Saracuruna. Após sua morte, seu filho, chamado José Pedro de Mattos, assumiu os negócios em Saracuruna e, nas décadas seguintes, comprou e anexou outras propriedades vizinhas, tornando-se um dos homens mais prósperos desta freguesia, onde foi juiz de paz e subdelegado, ocupando também o cargo de vereador no município de Estrella. A maior parte das terras de sua propriedade de Saracuruna se localizava no território da Freguesia de N. Sra. do Pilar, enquanto uma pequena porção fazia parte da Freguesia de N. Sra. da Piedade do Inhomirim. Por este motivo, o Almanak Imperial do Commercio e das Corporações Militares, de 1829, cita “José Pedro de Mattos, saracoruna, freguezia de Inhomerim”. 

Além da aludida Fazenda Saracuruna, as outras propriedades adquiridas posteriormente eram uma casa no arraial da freguesia e as fazendas Paraíso, Campos de Dentro e Santa Cruz, sua principal, que será objeto deste artigo. Sobre as outras fazendas irei tratar em um dos próximos artigos a serem publicados posteriormente na Revista.

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