No Espírito Santo, ela foi vendida com mais 12 súditos ao fazendeiro português José Trancoso. No campo de trabalho, Zacimba foi cruelmente castigada por não se submeter às ordens do senhor. Num primeiro momento, Trancoso não tinha noção do status de Zacimba entre os angolanos, mas percebeu logo o diferente tratamento dado a ela.
Um dia, a princesa foi levada à Casa Grande, onde Trancoso a interrogou por dias para confirmar que ela era uma soberana. Nesse tempo, foi chicoteada e agredida até admitir sua posição. Satisfeito, Trancoso estuprou Zacimba. O fazendeiro percebeu o poder dessa informação e disse que se houvesse qualquer levante e algo ocorresse com ele ou sua família, a princesa morreria.
Zacimba foi proibida de sair da Casa Grande e submetida a sessões de tortura física e psicológica. O mesmo ocorreu em massa entre os homens de seu povo, chicoteados diariamente nos campos. O sentimento de revolta pela sua libertação aumentava.
Uma arma muito utilizada entre os escravos brasileiros como retruco contra capatazes violentos era o envenenamento. Era comum o uso de um veneno proveniente da cabeça de uma cobra conhecida como preguiçosa, possivelmente, uma jararaca, no Vale do Cricaré, que é mortal em pequenas doses constantes. O veneno era conhecido como “pó de amassar sinhô.”
O veneno devia ser dado em várias doses pequenas, pois não funcionava instantaneamente. Porém, com medo desse tipo de golpe, os senhores costumavam obrigar os escravos a experimentar as comidas que traziam, para provar que não estaria envenenada. Com essa consciência, Zacimba demorou anos para envenenar José Trancoso sem matar nenhum de seus irmãos.
Quando finalmente Trancoso morreu envenenado, Zacimba estava preparada e ordenou a invasão da Casa Grande pelos escravizados presos na senzala. Todos os torturadores foram mortos, mas a família do português foi poupada. Zacimba guiou seu povo pela fazenda, guerreando contra os capatazes, e fugiu, fundando um quilombo no Norte do Espírito Santo, hoje município de Itaúnas.
Finalmente livre, o povo de Zacimba se tornou grande condutor de revoltas pela liberdade e o quilombo tornou-se ponto de referência para escravizados em fuga. A princesa passou o resto da vida guiando batalhas no porto de São Matheus pela libertação dos negros vendidos e chegados da África, e pela destruição dos navios negreiros.
Persistente na luta pela liberdade, a princesa guerreira morreu invadindo um navio português, lutando pela libertação do povo cabindense.
Fonte: https://cearacriolo.com.br/
"Na contramão do discurso excludente e enervado de clichês da mídia tradicional, o portal Ceará Criolo garante à população negra um espaço qualificado de afirmação, de visibilidade, de debate honesto e inclusivo e de identificação. Um lugar de comunicação socialmente inclusiva, afetivamente sustentável e moralmente viável. Porque negros são seres humanos possíveis e ancestrais. E por isso, queremos nos reconhecer no passado, no presente e no futuro!"
2 comentários:
Muito bom esse artigo!
Vicente Monteiro! Fico feliz por ter gostado.
Postar um comentário