segunda-feira, junho 07, 2021

Instalações militares e arquitetura modernista em Deodoro


 
Palco de várias competições dos Jogos Olímpicos de 2016 e do futuro autódromo do Rio, Deodoro integra a extensa área de treinamento que o Exército mantém na Zona Oeste, conhecida como Campos de Gericinó. Toda a região abriga inúmeros quartéis, vilas e escolas militares, e isso se deve ao fato das terras do Engenho Sapopemba e da Fazenda Gericinó terem sido repassadas ao Ministério da Guerra pelo Banco do Brasil, que as arrematou em um leilão ocorrido na primeira década do século XX. Na época, tanto o engenho como a fazenda pertenciam ao Conde Sebastião do Pinho, que, endividado, teve que se desfazer das propriedades.

A estação ferroviária de Deodoro, hoje uma das maiores do subúrbio do Rio, nasceu com o nome de Sapopemba. Criada em 1859, quando o engenho e a fazenda ainda pertenciam ao Barão de Mauá, foi uma das primeiras da cidade. Em 1878, com a inauguração do ramal de Santa Cruz, iniciou sua história como estação de transbordo para outros ramais. Ao lado da ferrovia, ergueu-se, em 1906, a Companhia Tecidos de Linho de Sapopemba, que fabricava brins, atoalhados e colchas, entre outros tecidos e manufaturas. A fábrica tinha cerca de 1.200 trabalhadores, uma vila operária, uma cooperativa para fornecimento de alimentos aos seus empregados e era conhecida por seus produtos de alta qualidade.

Em 1907, ano seguinte à inauguração da Companhia de Tecidos, o então presidente da Estrada de Ferro Central do Brasil, Aarão Reis, propôs a mudança de nome da estação: de Sapopemba para Deodoro, como forma de homenagear o marechal do exército que proclamou a República. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, de 26/09/1907, o motivo da proposta deveu-se à “inauguração dos trabalhos na Vila Militar”, que, três anos depois, ganhou sua própria estação.

Conjunto monumental

Deodoro tem, hoje, pouco mais de 10 mil habitantes. Estima-se que cerca de 50% de seus moradores residam no Conjunto Habitacional Getúlio Vargas, uma obra monumental com 1.314 apartamentos, inaugurada em 1954 e construída pela Fundação da Casa Popular para trabalhadores de baixa renda. Foi nesse conjunto que foram filmadas as cenas externas da residência de Dora, personagem interpretada por Fernanda Montenegro no filme Central do Brasil.

Vista aérea de quase todos os blocos do Conjunto Getúlio Vargas.

O conjunto, projetado pelo arquiteto Flávio Marinho Rego e localizado entre uma das margens da Avenida Brasil e a estrada de ferro que deu nome ao filme, sobressai aos olhos daqueles que saem da estação de trem pela extensão de um de seus blocos (430 metros), por suas curvas, seu estilo moderno e sua semelhança arquitetônica com dois outros conjuntos habitacionais do Rio: o Minhocão da Gávea e o Conjunto Pedregulho, em Benfica.

Um outro ângulo do Bloco 19 do mesmo conjunto.

Segundo a urbanista Luciana Nemer Diniz, o conjunto de Deodoro é uma obra paradigmática, tanto do ponto de vista arquitetônico como da política de habitação popular da época.  Expressa a corrente modernista da Nova Arquitetura de Le Corbusier, com enormes espaços de uso comum e moradias privadas reduzidas às funções essenciais.

Foto dos blocos do conjunto visto da Avenida Brasil nos anos 50. 

Piscinão de Deodoro

O espaço de lazer  dos moradores do bairro melhorou a partir de 2006, quando foi inaugurado o Parque das Vizinhanças Dias Gomes, que ficou conhecido como Piscinão de Deodoro, composto por duas piscinas: a de adultos, com capacidade para 5 mil pessoas, e outra infantil, para 3 mil. O parque fica localizado ao lado da estação de Deodoro, é próximo do conjunto e é, mensalmente, frequentado por cerca de 15 mil pessoas, que ali vão para usufruir da área verde, das churrasqueiras e das atividades esportivas gratuitas oferecidas (natação, hidroginástica, vôlei, futsal, etc.).

Por Márcia Pimentel - MultiRio

Imagens retiradas do Google

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

2 comentários:

AJ Caldas disse...

Excelente, deu até prá matar saudades dos blocos 18 e 19.

Adinalzir disse...

É verdade, AJ Caldas
Morei 18 anos no bloco 18 bem em frente ao bloco 19. Foi a melhor fase da minha infância e adolescência. Sinto muitas saudades desse lugar. Ali era o meu cantinho preferido.
Grande abraço e fico grato pelo comentário!