quarta-feira, julho 22, 2020

O maior acidente natural da história do Brasil ocorreu no Rio de Janeiro



Uma cruz de 10 metros na subida da Serra das Araras (Piraí-RJ), no local conhecido por Ponte Coberta, marca o início de um enorme cemitério construído pela natureza. Lá estão cerca de 1.400 mortos (fora os mais de 300 corpos resgatados) vítimas de soterramento pelo temporal que atingiu a serra em janeiro de 1967. Foi a maior tragédia natural da história do país.

No episódio da Serra das Araras, suas encostas praticamente se dissolveram em um diâmetro de 30 quilômetros. Rios de lama desceram a serra levando abaixo ônibus, caminhões e carros. A maioria dos veículos jamais foi encontrada. Uma ponte foi carregada pela avalanche. A Via Dutra ficou interditada por mais de três meses, nos dois sentidos.


Para se ter uma ideia do que ocorreu na Serra das Araras basta comparar os índices pluviométricos. A tragédia de Teresópolis ocorreu após um volume de chuvas de 140 mm em 24 horas. Na Serra das Araras, em 1967, o volume de chuvas chegou a 275 mm em apenas três horas. Quase o dobro de água em um oitavo do tempo.


Mas o episódio da Serra das Araras parece ter sido apagado da memória do país e, especialmente, da imprensa. O noticiário dos veículos de comunicação enfatiza que a tragédia da Região Serrana do Rio superou o desastre de Caraguatatuba em março de 1967. O caso da Serra das Araras, ocorrido em janeiro daquele mesmo ano foi muito maior e quase não é citado.


O resgate era das tarefas mais difíceis. Com uma corda amarrada a seus corpos, sete homens desciam por crateras cheias de cadáveres, pegavam corpo por corpo e eram puxados para cima. A missão foi dada pela polícia a um grupo de prisioneiros que estava na delegacia de Piraí. Pela ajuda na operação, o grupo ficou conhecido como “os sete homens bons”.

A enxurrada soterrou o ônibus da Viação Única, que precisou ser serrado ao meio para a retirada dos corpos.

Texto originalmente postado na página Geografias Memoráveis

Créditos das imagens: José Vasco / O Globo

Quer saber mais sobre esse acidente? Acesse o link abaixo:

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego

9 comentários:

Fátima Lobato disse...

Não fazia nem ideia dessa tragédia. Nem quando morei em Seropédica ouvi falar desse caso. Este blog é ótimo, pois resgata fatos que estão arquivados de maneira que as pessoas os esqueçam. Parabéns!

Vilma Franca Ferreira disse...

Meu Deus que tragédia! Não lembro de ter ouvido falar sobre isto. Parabéns por resgatarem este fato apesar de tão triste.

Jonathan Pôrto disse...

Impressionante !! Lembro do temporal de 350mm de 1996 até hoje, foi a primeira enchente da minha rua !

Adinalzir disse...

Prezada Fátima Lobato
Fico muito honrado pela visita e elogios ao blog.
Agradeço de coração e volte sempre que desejar!

Adinalzir disse...

Prezada Vilma Franca Ferreira
Fico muito feliz que tenha gostado do texto.
Infelizmente são histórias esquecidas que precisam ser mais conhecidas.
Muito obrigada pela visita e comentário!

Adinalzir disse...

Prezado Jonathan Pôrto
Que bom que você está com a memória afinada.
São histórias esquecidas que aos poucos vão sendo lembradas.
Um forte abraço!

RODRIGO PHANARDZIS ANCORA DA LUZ disse...

E pensar que cerca de 44 anos depois houve a catástrofe da região serrana, afetando principalmente Friburgo e Teresópolis. Sem dúvida, temos muitas lições do passado para aprendermos a respeitar mais as encostas.

André Ribeiro disse...

Estou surpreso! Eu também não tinha conhecimento desse episódio trágico. Parabéns pelo excelente trabalho, Professor!!!

Junior disse...

Interessante ninguém falar sobre essa tragedia. Boa matéria professor!