Tamanho do Morgado. Ocupava 70% da Freguesia do Marapicú. O Engenho do Piranga não fazia parte.
As terras originaram da Sesmaria de Garcia Ayres, 1592. As dimensões da sesmaria era 1 légua quadrada, principiando nas margens do ribeiro Marapicú. A fazenda passou nas mãos de diversos proprietários, até chegar nas mãos do Capitão Manuel Pereira Ramos, no princípio do século XVIII.
Capela Nossa Senhora da Conceição:
A primitiva capela de Marapicú foi erguida em 1736, pelo Capitão Manuel Ramos. Anos mais tarde, o mesmo capitão, fez doação de 60 braças de terra, para edificar uma igreja de pedra a partir de 1752. E cinco anos depois, foi criada a paróquia por alvará de 4 de Fevereiro de 1759.
E nela acontecia casamentos, batizados e o sepultamento dos donos desta fazenda. No seu entorno, existia o Arraial de Marapicú, onde moravam os lavradores pardos livres e portugueses.
Freguesia de Marapicú:
Marapicú: É uma freguesia da província do Rio de Janeíro. Fica à 9 léguas ao noroeste da capital do Império. O nome original desta freguesia era para ser "Maripocú ou Mariapocú", mas está sendo chamada de "Marapicú" pelos colonos, ao tentar pronunciar este nome dado por índios. Separou-se do termo da Freguesia de Jacutinga, para fazer o de Marapicú. Acha-se este limitado, ao norte, pela Freguesia de ltinga; a leste, pelas de Iguaçú, Jacutinga e Miriti, e ao sul, confronta com os de Campo Grande. Ao oeste, fazia fronteira pelo Rio Guandú, que era o limite das terras dos Padres da Companhia de Jesus e Maripocú.. Hoje a Fazenda de Santa Cruz, antiga de Jesuítas, pertence ao Governo Imperial.
O Rio Guandú, separa Marapicú do município de ltaguahy. Neste termo possui cinco engenhos e 1.800 habitantes: lavradores de canas de açúcar, mandioca, milho, arroz e café. Os gêneros são levados em bestas muares aos portos dos rios: Jacutinga, Miriti e Irajá, onde se embarcam para o Rio de Janeiro.
Os lavradores consideram os portos mencionados acima, distantes. E preferem depositar os gêneros nas margens do Rio Guandú, perto de sua embocadura, onde são carregados em sumacas e levados por mar á capital. E nestas paragens também se criam gado vacum."
Fonte: Dicionário do Império do Brazil - 1845
Duração da Freguesia: 1759 - 1911.
Antecedentes:
Em 1730, as fazendas eram separadas, sendo que as Fazendas Marapicú e Cabuçu: Pertenciam ao Capitão-mor Manuel Pereira Ramos de Lemos e Faria e a Dona Helena de Andrade Souto Maior Coutinho.
Novas aquisições:
Fazendas de Mato Grosso, Pantanal e Itaúna.
Quanto a "Fazenda e Engenho do Ypiranga", a família não conseguiu anexar, porque o dono desta propriedade não quis vender para o Capitão Manuel Ramos.
Filhos:
João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho;
Inácio de Andrade Sottomayor Redom;
Helena Josefa de Andrade Sottomayor Coutinho;
Micaela Joaquina Pereira de Faria e Lemos;
Francisco Lemos de Faria Pereira Coutinho,
52.º Bispo de Coimbra, 17.º Conde de Arganil e 6 outros.
Morgadio de Marapicu:
Foi instituído após a morte do Capitão-Mor Manoel Pereira Ramos de Lemos, quando a viúva D. Helena de Andrade Souto Maior Coutinho e seus filhos, firmaram escritura pública em 6 de Janeiro de 1772, transferindo as legítimas paternas e maternas para o filho primogênito, João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho. A sucessão hereditária de qualquer Morgado determina que os primogênitos do sexo masculino herdem a totalidade dos bens deixados em herança.
Herdeiros:
Sucessor 1:
João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho
Filho de Manuel Ramos.
Sucessor 2:
Inácio de Andrade Souto Maior Rendom.
Filho de Manuel Ramos.
Sucessor 3:
Marquês de Itanhaém
Manuel Inácio de Andrade Souto Maior Rendom Pinto Coelho. (1782-1867)
Filho de Inácio Sottomayor.
Sucessor 4:
Ultimo herdeiro do Morgadio do Marapicu.
Conde de Aljezur - Francisco de Lemos Faria Pereira Coutinho. (1820-1909)
Filho de Francisco Coutinho, Bispo de Coimbra.
História do Marques de Itanhaém:
Manuel nasceu na Fazenda de Marapicú, pertencente ao seu pai, o brigadeiro do exército português Inácio de Andrade Souto Maior.
Cresceu e teve uma educação rígida, para ser um homem influente na sociedade. Durante sua carreira militar, foi apontado general e conquistou várias medalhas e comendas entre elas a grã-cruz da Legião de Honra da França. Tendo estudado Direito, tornou-se juiz. Ele falava ao menos cinco línguas.
Manuel Inácio foi feito barão de Itanhaém tanto por Portugal quanto pelo Brasil. Recebeu primeiramente o título de D. João VI, por decreto de 3 de maio de 1819. Depois o foi por D. Pedro I do Brasil, por decreto de 1 de dezembro de 1822, em gratidão à sua lealdade ao Império. Ainda em 1822, serviu como alferes-mor na sagração e coroação de D. Pedro I, que, aos 12 de outubro de 1826, o titulou Marquês de Itanhaém.
Com a prisão de José Bonifácio em 1834, o marquês substituiu-o como tutor do jovem D. Pedro de Alcântara, então com oito anos. Tutor do imperador, ele residia em um quarto do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. E não demorou muito tempo, para construir seu palacete, próximo ao Palácio Imperial, na Rua São Cristóvão.
Por ocasião da coroação de Pedro II, recebeu a Grã-Cruz da Imperial Ordem de Cristo.
Casamentos e Azar:
Aos vinte e cinco anos, o marquês de Itanhaém desposou, por procuração de sua família, sua prima, Teodora Egina Arnaut. Sua esposa morreu em 1828, depois de uma união insossa de quase vinte e um anos.
Aos quarenta e nove anos, o marquês casou-se com Francisca Matilde, de trinta anos. Com a morte de Francisca no ano seguinte, Manuel Inácio casou-se, menos de seis meses depois, com a cunhada, Joana Severina. Assim como a irmã, ela morreu aos trinta anos, seis meses depois.
Em 5 de julho de 1834, na capela da casa de uma amiga na Rua da Quitanda, o marquês de Itanhaém, com cinqüenta e dois anos (idade elevada na época, em que homens morriam aos quarenta), casou-se secretamente com Maria Angelina Beltrão, uma pobre faxineira lisboeta de vinte e nove anos. Maria Angelina o acordava todas as manhãs cedo no palácio, sempre limpando seu quarto. Em junho daquele ano, depois de uma conversa, o marquês pediu sua mão em casamento, e ela, surpresa, aceitou.
No mesmo ano ainda, o Marquês candidatou-se ao senado por Minas Gerais. Para ser eleito, exigiu sigilo de seu quarto casamento. Maria Angelina continuou a trabalhar como faxineira do palácio, sem que ninguém soubesse de suas relações com ele.
A farsa continuou mesmo com a vitória do Marquês, mas chegou ao fim no início de 1835, quando revelou seu casamento secreto a D. Pedro II e a gravidez de Maria Angelina. O Imperador aceitou a união entre os dois e, inclusive, permitiu que o primogênito do casal, Manuel Inácio, fosse batizado na capela imperial do palácio, em 25 de maio daquele ano. A cerimônia contou com a presença das principais famílias nobres do Império.
Muitos anos se passaram, o Marquês continuava no comando de sua fazenda no Marapicu até a velhice, expandindo a sua fortuna e seus domínios.
Manuel Inácio faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1867, aos 85 anos. Maria Angelina viria a falecer exatamente um mês depois, em 17 de setembro, aos 62 anos.
E o seu primo, Francisco Coutinho herda a fazenda, e toca o morgado para frente.
Conde de Aljesur:
Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, nasceu em 12 de setembro de 1820, na cidade do Rio de Janeiro. Àquela altura, o país ainda não era uma nação independente (o que só aconteceria em 7 de setembro de 1822), e, portanto, Francisco Coutinho era cidadão português, nascido na então colônia Brasil, durante o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. No dia 3 de junho de 1845, em Portugal, com 25 anos de idade, ele se casou com Maria Rita de Noronha (ela nascera na cidade de Tavira, em Portugal, em 21 de janeiro de 1826). O casal não teve filhos.
Em 15 de setembro de 1858, por meio de decreto, o rei de Portugal, Dom Pedro V, concedeu o título de Viscondessa de Aljezur à senhora Maria Rita, e na mesma data, estendeu o título a Francisco Coutinho, que adotou a designação de Visconde de Aljezur. No Brasil, o imperador Dom Pedro II confirmou o título de visconde a Coutinho, por meio de portaria de 23 de dezembro de 1858. Mais tarde, em 10 de abril de 1878, Francisco Coutinho teve o título de visconde elevado à categoria de conde, em ambos os países. Como se percebe, ele detinha os mesmos títulos de nobreza, tanto em Portugal como no Brasil.
Francisco Coutinho era funcionário da Coroa e servia ao Império do Brasil, desempenhando inúmeras funções, encargos e missões. Ele comandou, por exemplo, o 7º Corpo de Cavalaria da então Província do Rio de Janeiro, sediada na Vila de Iguaçu, região que hoje conhecemos como município de Nova Iguaçu. Coutinho foi companheiro inseparável de Dom Pedro II, sendo-lhe leal até a morte do monarca, em 1891. Nos últimos anos de vida, Francisco, ampliou os domínios do Morgado do Marapicu, comprando outras fazendas e chegou nas fraldas da Serra do Tinguá.
O Conde de Aljezur, um homem de dois continentes (América e Europa) e de duas nações irmãs (Brasil e Portugal), faleceu em 2 de abril de 1909, em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, aos 99 anos de vida e o morgado acaba após 1 século e meio de duração.
Uma curiosidade: em 12 de agosto de 1903, foi inaugurada a Estação Aljezur, em Nova Iguaçu (RJ), integrante da Linha Auxiliar da Estrada de Ferro Central do Brasil, em homenagem ao conde que possuía terras naquela localidade. Lamentavelmente, a Estação Aljezur encontra-se, desde 1996, abandonada, ocasião em que a referida linha férrea foi desativada.
Em 1911, a viúva e rica Condessa de Aljezur, vende os domínios territoriais legados por seu falecido marido para o Conde Modesto Leal, pelo valor de cento de setenta e cinco contos de réis (175:000$000 réis).
Conde Modesto Leal:
João Leopoldo Modesto Leal, titulado Conde Modesto Leal (1860-1939). Filho de João Antônio da Silva Leal e Amália Joaquina Modesto. Nasceu e cresceu em Araruama. João teve uma infância pobre, mas desde cedo já mostrava talento para o comércio.
Na adolescência, trabalhou como vendedor de sucatas, tendo, posteriormente, feito fortuna com a compra e venda de sucata de navios, negociando imóveis e dedicando-se à agiotagem. No início da vida adulta, se muda para o Districto Federal-RJ ao fazer fortuna.
Tornou-se banqueiro e acionista da Companhia Jardim Botânico e de outras empresas de bondes. Fez doações milionárias à Santa Sé, tendo sido agraciado por esta com o título nobiliárquico de Conde Modesto Leal.
No início do século XX, era o homem mais rico do Brasil. No final de sua vida foi senador da República. Comprou a fazenda do falecido Conde de Aljezur, visando em aumentar seus lucros.
Em 1916, o Conde de Modesto Leal provocou brigas com os antigos lavradores e arrendatários do Conde de Aljezur, por questões latifundiárias. Estimulou o plantio de cítricos e lucrou com isso. O Conde de Modesto Leal, faleceu em 1939, deixando uma grande fortuna aos herdeiros.
Fazenda Normandia:
Os irmãos Guinle, compraram a fazenda dos herdeiros do Conde Modesto Leal em 1940, e renomearam como Fazenda Normandia. Em seguida, promoveram diversos loteamentos nessa região de Iguaçú, dando origem às diversas ruas de Queimados, Engenheiro Pedreira, Caramujos, Marapicu e Cabuçú.
Fonte: Arrendamentos e conflitos nas terras do antigo Morgado de Marapicú.
Palavra-chave: Origens de Queimados, Engenheiro Pedreira, Marapicu, Ipiranga e Cabuçu, Fortuna e a Nobreza Fluminense.
Compartilhado da página Especial Rio Antigo
Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
Quanto a "Fazenda e Engenho do Ypiranga", a família não conseguiu anexar, porque o dono desta propriedade não quis vender para o Capitão Manuel Ramos.
Filhos:
João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho;
Inácio de Andrade Sottomayor Redom;
Helena Josefa de Andrade Sottomayor Coutinho;
Micaela Joaquina Pereira de Faria e Lemos;
Francisco Lemos de Faria Pereira Coutinho,
52.º Bispo de Coimbra, 17.º Conde de Arganil e 6 outros.
Morgadio de Marapicu:
Foi instituído após a morte do Capitão-Mor Manoel Pereira Ramos de Lemos, quando a viúva D. Helena de Andrade Souto Maior Coutinho e seus filhos, firmaram escritura pública em 6 de Janeiro de 1772, transferindo as legítimas paternas e maternas para o filho primogênito, João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho. A sucessão hereditária de qualquer Morgado determina que os primogênitos do sexo masculino herdem a totalidade dos bens deixados em herança.
Herdeiros:
Sucessor 1:
João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho
Filho de Manuel Ramos.
Sucessor 2:
Inácio de Andrade Souto Maior Rendom.
Filho de Manuel Ramos.
Sucessor 3:
Marquês de Itanhaém
Manuel Inácio de Andrade Souto Maior Rendom Pinto Coelho. (1782-1867)
Filho de Inácio Sottomayor.
Sucessor 4:
Ultimo herdeiro do Morgadio do Marapicu.
Conde de Aljezur - Francisco de Lemos Faria Pereira Coutinho. (1820-1909)
Filho de Francisco Coutinho, Bispo de Coimbra.
História do Marques de Itanhaém:
Manuel Inácio, Barão de Itanhaém. Cerca de 1820.
Manuel nasceu na Fazenda de Marapicú, pertencente ao seu pai, o brigadeiro do exército português Inácio de Andrade Souto Maior.
Cresceu e teve uma educação rígida, para ser um homem influente na sociedade. Durante sua carreira militar, foi apontado general e conquistou várias medalhas e comendas entre elas a grã-cruz da Legião de Honra da França. Tendo estudado Direito, tornou-se juiz. Ele falava ao menos cinco línguas.
Manuel Inácio foi feito barão de Itanhaém tanto por Portugal quanto pelo Brasil. Recebeu primeiramente o título de D. João VI, por decreto de 3 de maio de 1819. Depois o foi por D. Pedro I do Brasil, por decreto de 1 de dezembro de 1822, em gratidão à sua lealdade ao Império. Ainda em 1822, serviu como alferes-mor na sagração e coroação de D. Pedro I, que, aos 12 de outubro de 1826, o titulou Marquês de Itanhaém.
Com a prisão de José Bonifácio em 1834, o marquês substituiu-o como tutor do jovem D. Pedro de Alcântara, então com oito anos. Tutor do imperador, ele residia em um quarto do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. E não demorou muito tempo, para construir seu palacete, próximo ao Palácio Imperial, na Rua São Cristóvão.
Por ocasião da coroação de Pedro II, recebeu a Grã-Cruz da Imperial Ordem de Cristo.
Casamentos e Azar:
Aos vinte e cinco anos, o marquês de Itanhaém desposou, por procuração de sua família, sua prima, Teodora Egina Arnaut. Sua esposa morreu em 1828, depois de uma união insossa de quase vinte e um anos.
Aos quarenta e nove anos, o marquês casou-se com Francisca Matilde, de trinta anos. Com a morte de Francisca no ano seguinte, Manuel Inácio casou-se, menos de seis meses depois, com a cunhada, Joana Severina. Assim como a irmã, ela morreu aos trinta anos, seis meses depois.
Em 5 de julho de 1834, na capela da casa de uma amiga na Rua da Quitanda, o marquês de Itanhaém, com cinqüenta e dois anos (idade elevada na época, em que homens morriam aos quarenta), casou-se secretamente com Maria Angelina Beltrão, uma pobre faxineira lisboeta de vinte e nove anos. Maria Angelina o acordava todas as manhãs cedo no palácio, sempre limpando seu quarto. Em junho daquele ano, depois de uma conversa, o marquês pediu sua mão em casamento, e ela, surpresa, aceitou.
Marquês de Itanhaém, aos 84 anos, com esposa e netos. No ano de 1866.
No mesmo ano ainda, o Marquês candidatou-se ao senado por Minas Gerais. Para ser eleito, exigiu sigilo de seu quarto casamento. Maria Angelina continuou a trabalhar como faxineira do palácio, sem que ninguém soubesse de suas relações com ele.
A farsa continuou mesmo com a vitória do Marquês, mas chegou ao fim no início de 1835, quando revelou seu casamento secreto a D. Pedro II e a gravidez de Maria Angelina. O Imperador aceitou a união entre os dois e, inclusive, permitiu que o primogênito do casal, Manuel Inácio, fosse batizado na capela imperial do palácio, em 25 de maio daquele ano. A cerimônia contou com a presença das principais famílias nobres do Império.
Muitos anos se passaram, o Marquês continuava no comando de sua fazenda no Marapicu até a velhice, expandindo a sua fortuna e seus domínios.
Manuel Inácio faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1867, aos 85 anos. Maria Angelina viria a falecer exatamente um mês depois, em 17 de setembro, aos 62 anos.
E o seu primo, Francisco Coutinho herda a fazenda, e toca o morgado para frente.
Conde de Aljesur:
Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, nasceu em 12 de setembro de 1820, na cidade do Rio de Janeiro. Àquela altura, o país ainda não era uma nação independente (o que só aconteceria em 7 de setembro de 1822), e, portanto, Francisco Coutinho era cidadão português, nascido na então colônia Brasil, durante o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. No dia 3 de junho de 1845, em Portugal, com 25 anos de idade, ele se casou com Maria Rita de Noronha (ela nascera na cidade de Tavira, em Portugal, em 21 de janeiro de 1826). O casal não teve filhos.
Em 15 de setembro de 1858, por meio de decreto, o rei de Portugal, Dom Pedro V, concedeu o título de Viscondessa de Aljezur à senhora Maria Rita, e na mesma data, estendeu o título a Francisco Coutinho, que adotou a designação de Visconde de Aljezur. No Brasil, o imperador Dom Pedro II confirmou o título de visconde a Coutinho, por meio de portaria de 23 de dezembro de 1858. Mais tarde, em 10 de abril de 1878, Francisco Coutinho teve o título de visconde elevado à categoria de conde, em ambos os países. Como se percebe, ele detinha os mesmos títulos de nobreza, tanto em Portugal como no Brasil.
Francisco Coutinho era funcionário da Coroa e servia ao Império do Brasil, desempenhando inúmeras funções, encargos e missões. Ele comandou, por exemplo, o 7º Corpo de Cavalaria da então Província do Rio de Janeiro, sediada na Vila de Iguaçu, região que hoje conhecemos como município de Nova Iguaçu. Coutinho foi companheiro inseparável de Dom Pedro II, sendo-lhe leal até a morte do monarca, em 1891. Nos últimos anos de vida, Francisco, ampliou os domínios do Morgado do Marapicu, comprando outras fazendas e chegou nas fraldas da Serra do Tinguá.
O Conde de Aljezur, um homem de dois continentes (América e Europa) e de duas nações irmãs (Brasil e Portugal), faleceu em 2 de abril de 1909, em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, aos 99 anos de vida e o morgado acaba após 1 século e meio de duração.
Uma curiosidade: em 12 de agosto de 1903, foi inaugurada a Estação Aljezur, em Nova Iguaçu (RJ), integrante da Linha Auxiliar da Estrada de Ferro Central do Brasil, em homenagem ao conde que possuía terras naquela localidade. Lamentavelmente, a Estação Aljezur encontra-se, desde 1996, abandonada, ocasião em que a referida linha férrea foi desativada.
Em 1911, a viúva e rica Condessa de Aljezur, vende os domínios territoriais legados por seu falecido marido para o Conde Modesto Leal, pelo valor de cento de setenta e cinco contos de réis (175:000$000 réis).
Conde Modesto Leal:
João Leopoldo Modesto Leal, titulado Conde Modesto Leal (1860-1939). Filho de João Antônio da Silva Leal e Amália Joaquina Modesto. Nasceu e cresceu em Araruama. João teve uma infância pobre, mas desde cedo já mostrava talento para o comércio.
Na adolescência, trabalhou como vendedor de sucatas, tendo, posteriormente, feito fortuna com a compra e venda de sucata de navios, negociando imóveis e dedicando-se à agiotagem. No início da vida adulta, se muda para o Districto Federal-RJ ao fazer fortuna.
Tornou-se banqueiro e acionista da Companhia Jardim Botânico e de outras empresas de bondes. Fez doações milionárias à Santa Sé, tendo sido agraciado por esta com o título nobiliárquico de Conde Modesto Leal.
No início do século XX, era o homem mais rico do Brasil. No final de sua vida foi senador da República. Comprou a fazenda do falecido Conde de Aljezur, visando em aumentar seus lucros.
Em 1916, o Conde de Modesto Leal provocou brigas com os antigos lavradores e arrendatários do Conde de Aljezur, por questões latifundiárias. Estimulou o plantio de cítricos e lucrou com isso. O Conde de Modesto Leal, faleceu em 1939, deixando uma grande fortuna aos herdeiros.
Fazenda Normandia:
Os irmãos Guinle, compraram a fazenda dos herdeiros do Conde Modesto Leal em 1940, e renomearam como Fazenda Normandia. Em seguida, promoveram diversos loteamentos nessa região de Iguaçú, dando origem às diversas ruas de Queimados, Engenheiro Pedreira, Caramujos, Marapicu e Cabuçú.
Fonte: Arrendamentos e conflitos nas terras do antigo Morgado de Marapicú.
Palavra-chave: Origens de Queimados, Engenheiro Pedreira, Marapicu, Ipiranga e Cabuçu, Fortuna e a Nobreza Fluminense.
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Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego
13 comentários:
Show!! Que aula! A nossa querida baixada é tão rica em história, precisa ser mais valorizada!!
Prezado Cleydson Garcia
Infelizmente a baixada fluminense está cada vez mais sendo apagada da memória do seu povo. Mas a divulgação do seu trabalho contribui para valorizar essa história. Isso é o que importa. Agradeço pela visita e comentário.
Realmente há muita História da Baixada a ser resgatada. Antes de ser áreas destinadas a moradias numa expansão urbana irregular e mal valorizadas, tais espaços já foram importantes zonas de produção e com antiga ocupação humana. Infelizmente falta hoje um projeto turístico que selecione o que sobrou da História da Baixada para que possa integrar um futuro roteiro.
Prezado Rodrigo Phanardzis
Temos que lutar pelo resgate da história da Baixada Fluminense e por mais turismo cultural. Sabemos que nossa luta é difícil, mas não podemos esmorecer.
Uma excelente noite e volte sempre neste blogue!
Cleydson,
estou desenvolvendo pesquisa sobre as regiões de Rio d'Ouro e Santo Antônio / Japeri e parte delas fizeram parte do Morgado de Marapicu. O "mapa" que você construiu proporciona uma visão muito clara sobre o limites territoriais do Morgado. É possível autorizar a inclusão dele (imagem) em minha dissertação?
Oii Cristina! Pode usar o meu mapa sim, desde que me dê créditos rs
Autorizo sim, sem problemas.
Prezados Cleydson Garcia e Cristina
Excelente toda essa troca de conhecimentos.
Que assim seja para todos nós!
Há muitas pessoas interessadas na temática da História da baixada para o segmento do Turismo sim. Em grande parte Turismóloga e historiadores principalmente moradores da própria baixada.
Caro Unknown
Fico muito feliz em saber. E fico muito grato pela visita.
Para quem quiser saber: O mistério da Múmia de Marapicu.
Dizem que no altar da igreja de Marapicu existia a múmia de um menino que mais parecia um anjinho. Trajando uma camisola de cambraia, com uma fita roxa amarrada na cintura, uma touca rendada amarrada no pescoço e uma cruz grande de madeira dourada nas mãos.
Segundo o Sr. Francisco, a múmia do menino era o filho de uma Sinhá com um escravo. Durante a gestação, o escravo morreu de causas desconhecidas e quando a Sinhá deu a luz ao menino, o sufocou e mandou embalsamar e guardar o corpo da criança em um sarcófago de vidro na igreja.
Olá Cleydson Garcia. Excelente conteúdo histórico. Foi muito importante para mim e acredito, para todos aqueles que se interessam no resgate da memória da baixada fluminense e do território onde foi localizada a fazenda de Santa Cruz desde o período jesuítico à república velha.
Meu bisavó era Alfredo José Soares, filho de Manoel José Soares. Doou terras para a expansão do Cemitério de Marapicu e a construção da E. M. Alfredo José Soares em Marapicu - Nova Iguaçu. Nasceu provavelmente em 1883, faleceu em 09/07/1961 aos 88 anos. Era proprietário de fazendas em Marapicu, e informações da família é que tinha um irmão. Por acaso o Senhor tem informações para me ajudar na história familiar?
Fiquei encantada com a história de Queimados. É muito rica. Parabéns. Pena que as escolas de Queimados não repassam isso aos estudantes.
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