Telhas de barro para cobertura de edificações existem desde os tempos mais remotos. Foram encontradas na China do período neolítico, datando de mais ou menos 10.000 a.C. e, no Oriente Médio, pouco tempo depois. O seu uso se espalhou pela Ásia e Europa em larga escala. Tanto os gregos como os romanos as usavam, o que foi facilitado após o invento da argamassa por esses últimos, quando puderam ser cimentadas sobre muros e beirais também.
Com a descoberta da América, a tecnologia da fabricação de telhas foi trazida para o novo continente. No século XVII, seu uso tornou-se quase obrigatório nas grandes cidades, por oferecer baixo risco de incêndios, fato fundamentado nas devastadoras conflagrações de Londres, em 1666, e de Boston, em 1679.
Telhas de barro eram, também, preferidas pela sua durabilidade, fácil manutenção e falta de condutibilidade térmica. Nos Estados Unidos, houve um declínio na sua fabricação, em meados do século XIX, pelo surgimento de outros materiais de custo mais barato e, às vezes, mais leves. Foi o caso do cobre, lata, ferro, ferro galvanizado e zinco. Popularizou-se, também, o uso de telhas feitas com placas de ardósia. Entretanto, com o aperfeiçoamento de sua fabricação e automação industrial, o produto passou a custar menos, coincidindo com o furor da construção, na América do Norte, de vilas em estilo italiano, onde se utilizavam telhas de barro, voltando a se tornar populares no começo do século XX.
No Brasil Colonial, os escravos eram encarregados da fabricação das telhas. Geralmente, por ser um trabalho menos pesado, ficava a cargo das escravas e dos escravos idosos e/ou doentes. A técnica adotada era a de moldar a argila na face anterior de suas coxas, produzindo o formato necessário das, assim ditas, telhas coloniais. Obviamente, elas não ficavam uniformes, pois havia coxas magras, roliças, finas, largas, longas, curtas e deformadas. Por isso, as telhas já secas e queimadas eram de diversos tamanhos com diâmetro e espessura variados. Consequentemente, depois de prontos, os telhados eram irregulares e desalinhados, levando a um aspecto de terem sido mal feitos. Estes eram descritos como telhados “feitos nas coxas”.
Daí, vem até os dias de hoje a expressão idiomática, denotando algo feito sem capricho ou, ainda, uma atitude de descaso.
A partir do século XVI em diante toda essa tecnologia de fabricação de
telhas passou a ser bastante utilizada também pelos colonos portugueses e pelos
padres jesuítas nas regiões de Santa Cruz e arredores da zona oeste
carioca.
Atualmente, com os moldes padronizados e a industrialização, as telhas coloniais ficaram todas iguais, resultando em coberturas bonitas e uniformes, não podendo se afirmar que foram “feitas nas coxas”, mas, há de se convir, os telhados, verdadeiramente coloniais, ofereciam um charme todo especial àquelas casas dos tempos coloniais.
Algumas considerações:
Na realidade essa afirmação faz parte de uma lenda que foi se consolidando. Vamos supor que depois que se fizesse uma massa de argila, se utilizasse um grande número de escravos para fazer as telhas nas coxas. Como isso leva um bom tempo ate a argila endurecer. Eles ficariam nas olarias sentados ou deitados esperando a argila secar? Claro que não! Na verdade haviam formas de madeira que eram usadas na maioria das olarias. Mas grande parte delas se perderam já que devem ter sido usadas como lenha, depois que as telhas coloniais saíram de uso. Essa historia é bem semelhante com a do óleo de baleia que afirmam que era usado na construção junto com a cal e areia. Hoje sabemos que o uso do óleo não procedia. Mas isso é uma outra historia e um outro texto.
Em 1841 surgiram as telhas de encaixe, que eram fabricadas de forma mecânica, o que fez revolucionar o seu uso, uma vez que proporcionavam encaixes perfeitos e telhados mais uniformes. Essa invenção foi obra dos irmãos Gilardon d’Altkirche, franceses, da Alsácia. Antes essas telhas eram feitas nas coxas dos escravos por serem mais práticas e a sua mão de obra mais barata e disponível.
Este texto foi extraído do blog:
https://retalhosdequixada.blogspot.com/2013/05/como-eram-feitas-as-telhas-coloniais.html
Pesquisa e adaptação de Adinalzir Pereira
Pesquisa e adaptação de Adinalzir Pereira
12 comentários:
Olá! Realmente é bem interessante o texto e creio ser de conhecimento de poucos sobre como eram feitas as antigas telhas assim como a origem da expressão "nas coxas". Parabéns pelo blogue.
Valeu Rodrigo!
Fico muito grato pela sua visita e comentário.
Volte sempre.
“Para confirmar nossa convicção das inconsistências da assertiva popular – telhas feitas nas coxas dos (as) escravos (as) – tomamos as medidas das coxas de um homem de 1,80m de altura e verificamos que, usando-a como molde, só seria possível a fabricação de uma minúscula telha de 36cm de comprimento. Sem maiores preocupações com aspectos de anatomia humana, se estabelecermos uma simples regra de três, poderemos verificar que, para fabricar uma telha de 77 cm, precisaríamos contar com um escravo de 3,95m de altura. Além disto, em termos de otimização de força de trabalho, mesmo numa sociedade escravocrata, teríamos uma perda substancial na força de trabalho: um escravo imobilizado, com lâminas de barro sobre suas duas coxas, e pelo menos dois outros para remover cada uma delas e transportá-las ao estaleiro.” (La Pastina Filho, 2006).
http://oxerecife.com.br/2020/06/26/telha-feita-nas-coxas-verdade-ou-mito/ Há controvérsias...
Replicando o comentário sensato da colega, hj em dia vale mais a IDEOLOGIA DO QUE A VERDADE “medidas das coxas de um homem de 1,80m de altura e verificamos que, usando-a como molde, só seria possível a fabricação de uma minúscula telha de 36cm de comprimento. Sem maiores preocupações com aspectos de anatomia humana, se estabelecermos uma simples regra de três, poderemos verificar que, para fabricar uma telha de 77 cm, precisaríamos contar com um escravo de 3,95m de altura.”
Famoso professor DOUTRINADOR, replicando falsas ideologias!
"A técnica adotada era a de moldar a argila na face anterior de suas coxas, produzindo o formato necessário das, assim ditas, telhas coloniais."
Fonte para esse absurdo ?
quanta lorota. Moldar telha na coxa? Porra, sou descendente de gigantes entao, que dahora
Você leu o resto?
Leia o resto do texto.
03
Na verdade, a expressão "feito nas coxas" se refere a uma gravidez indesejada (provocada pelo roçar do órgão masculino nas coxas da parceira).
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