A Rua do Catete e um homem negro com seus dreads, guitarra e livros cortam a Rua Dois de Dezembro.
Dois de dezembro dá nome a uma música do João Nogueira e, não é à toa, que na data de Dois de Dezembro se comemora o Dia do Samba. Entretanto, o porquê da rua levar esse nome se dá em homenagem ao dia em que Pedro II nasceu.
Há confusão quando se pergunta qual é o bairro que abriga essa via; pode ser Flamengo, pode ser Catete, pode ser, simplesmente, Largo do Machado mesmo, mas é fronteira dos bairros ou depende do ponto de vista de cada um.
Da Praia do Flamengo à Bento Lisboa, arranha-céus coloridos tentam esconder o azul às vezes branco do céu. Se vier da Praia, tem o Castelinho do Flamengo, um casarão antigo rosado inspirado nas tendências estéticas italianas dos anos 30. Foi residência do comendador Joaquim da Silva Cardoso e de sua esposa Carolina e de mais algumas famílias ricas. Hoje é o Centro Cultural Oduvaldo Viana Filho e faz parte da lista de lugares mal-assombrados do Rio de Janeiro. Se vier da rua Bento Lisboa, encontra-se um boteco de esquina: cerveja de todo tipo e quentinha por dez reais.
Boteco é coisa que tem demais nessa rua.
O clima caloroso chega a lembrar o nordeste. Litrão, porção de mandioca (ou aipim ou macaxeira) com carne de sol e uma mesa que reúne homens de meia idade que não conversam muito entre si, aparentemente cansados, e observam o redor. A caixinha de som que toca forró, fica em cima da mesa, no meio de vários cascos vazios de cerveja, e embalando a noite.
A lanchonete que serve açaí com groselha e um monte de esquisitice fica na esquina com a Rua do Catete.
Em frente, um Mc’Donalds é usado por muita gente como passagem entre o Largo do Machado e a Rua Dois de Dezembro.
Caminhando, é possível encontrar um homem e uma mulher brigando no meio da rua, cada um com um taco na mão, e uma outra mulher que atira pedregulhos em um dos dois ou nos dois.
Barracas de frutas, de livros e flores anunciam alguma feira do bairro do Catete, de quem Machado de Assis tanto falava.
Um texto maravilhoso escrito pela @adyelbeatriz
Sem dúvida, essa é uma área da cidade do Rio de Janeiro muito agradável para a convivência humana. Um pouco Zona Sul e um pouco Centro, lugar de cultura, de boemia, da calorosas conversas sobre assuntos diversos que parecem nunca ter fim. Jamais imaginaria que a data que dá nome ao logradouro se refere ao natalício de D. Pedro II. É como se a monarquia tivesse arranjado um meio de se manter quase anônima nas primeiras décadas da República. Ótimo texto!
ResponderExcluirPrezado Rodrigo.
ExcluirRealmente o Catete é tudo isso que você descreveu. Que bom que você gostou. Um abraço!